Só em março de 2021, cidade registrou 268 mortes por Covid-19

 

Com pouco mais de 40 mil doses aplicadas em Ponta Grossa, a cidade enfrenta um cenário de calamidade devido à pandemia do novo coronavírus. O Boletim Oficial Municipal, divulgado em 01/04, identifica 178 novos casos em 24h, totalizando 31580 ocorrências do vírus, onde aproximadamente 12 mil pessoas encontram-se em isolamento domiciliar. Ao mesmo tempo, PG contabiliza 650 mortes, sendo 268 acometidos somente no mês de março.                                                   

                                                           
            Lockdown pode reduzir casos de infecção por Covid-19. Foto: Milena Oliveira

                                                   

 Para a professora Albertina Soares, integrante do Conselho Municipal de Saúde de Ponta Grossa (CMS/PG), a cidade deve adotar medidas firmes, decretando lockdown por no mínimo uma semana. ‘’O desafio agora é frear a tragédia imediatamente, com um lockdown de verdade, curto e com medidas rígidas’’, defende. A professora, que atua na área de saúde na UEPG, mostra que Ponta Grossa manteve distanciamento social baixo, o que colaborou para o atual número de casos e mortes. ‘’Desde dezembro de 2020, temos dados disponíveis na Sesa/PR (Secretaria de Saúde do Paraná), que mostram um isolamento social abaixo de 50%, exatamente 47% em dezembro’’, explica.

No estado do Paraná, a taxa de vacinação é baixa e não atinge 11% da população prioritária. ‘’É preocupante, porque mostra que a pandemia desenfreada só tende a agravar’’, ressalta Albertina. Quanto à economia, a professora questiona o porquê da Prefeitura não ter aplicado medidas sérias mais cedo. ‘’Não dá para pensar em economia com pessoas com sequelas, com dor e luto’’, avalia a professora. Ela adverte que se trata de uma questão humanitária. ‘’Precisamos salvar vidas, urgentemente’’.

A médica intensivista Maria Cristina Guarienti, responsável técnica por duas UTIs Covid do Hospital Regional de Ponta Grossa, fala das dificuldades e mudanças ocasionadas pela pandemia. ‘‘O clima da UTI que já não é tão amistoso, ficou ainda mais pesado’’, declara. Ela conta que os cuidados foram redobrados para que o risco de contaminação seja mínimo. ‘’Além de ser uma rotina cansativa, despende tempo’’. Além disso, garante a média, no hospital, apenas protocolos com respaldo científico, o que exclui hidroxicloroquina e ivermectina (medicamentos do kit-covid) para o tratamento do vírus. ‘’Não fazemos nada sem comprovação científica’’, diz.

Adverso a pedidos de lockdown, o projeto apresentado pelos vereadores do Bloco Cristão do município, aprovado dia 22 de março, pede a disponibilização gratuita de medicamentos para o tratamento precoce da Covid-19. Pesquisas da UEPG lideradas pelas professoras Jaqueline Carneiro e Ana Paula Weber apontam a ineficácia do método. ‘’O uso inadequado de medicamentos pode trazer sérios prejuízos ao sistema de saúde’’, apontam as professoras. Albertina Soares critica o kit-covid. ‘’Não há como avaliar algo que não tem eficácia, tratamento precoce (a Covid-19) não existe’’, finaliza.

 

Ficha técnica:

Repórter: Isadora Ricardo

Foto: Milena Oliveira

Publicação: Daniela Valenga; Robson Soares

Supervisão: Sérgio Gadini