lotação 18 06 2019

 

Alunos de instituições de educação superior com campi distantes do centro de Ponta Grossa enfrentam dificuldades de locomoção até seus destinos finais. Estudantes que dependem do transporte urbano para Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (Cescage) e Unicesumar enfrentam obstáculos todos os dias, que vão da falta de linha de ônibus, superlotação em horários de pico, pontos de espera em locais sem segurança com tempo de espera maior a 20 minutos.

Segundo o estudante da UTFPR, Luiz Henrique Fernandes Estevom, alguns ônibus não param quando capacidade de passageiros lotada. “Quando está em horários de pico, ele apenas passa direto e a temos que esperar outro”. Estevom ressalta que muitos estudantes, em vez de embarcarem no veículo no único ponto existente dentro do campus, caminham até o ponto fora da UTFPR, por falta de número de ônibus para os horários de término das aulas. “Muitos pegam ônibus fora da universidade por conta que não são a maioria que sobem e passam lá dentro”. O tempo de espera para o próximo veículo a partir da UFTPR para o Terminal Central é de 20 minutos. Já o trajeto leva mais de mais 20 minutos.

Em outros campi mais distantes do centro também não foi diferente. O transporte coletivo para o Cescage, no bairro de Olarias, é ainda mais precário para os estudantes. Para se chegar à faculdade de ônibus, a caminhada a partir do ponto mais próximo do campus leva cerca de 10 minutos em uma rua não asfaltada, com matagais à beira. O ônibus que faz o percurso até dentro do campus passa de 40 em 40 minutos. Ao fazer o trajeto no término do turno da tarde, a reportagem ficou no ponto de espera por 52 minutos.

Estudante de Odontologia do Cescage e usuário diário da linha de transporte público, Otávio Kravinski, afirma que a longa espera pelos ônibus já é rotina. “Se não quisermos esperar, temos que caminhar até outro ponto. Lá passa de 20 em 20 minutos”. Kravinski ainda ressalta que a espera pode ser perigosa. “Aqui à noite é perigoso, e caminhar até o outro ponto também”, diz o estudante. Para ir até a Unicesumar, localizada em Oficinas, os estudantes também enfrentam dificuldades. A reportagem constatou a espera de 55 minutos no ponto de ônibus. Nesse intervalo, nenhum ônibus circulou no local, e foi preciso a caminhada de 10 minutos até o Terminal Oficinas, ponto mais próximo para embarque.

Na UEPG de Uvaranas, o tempo de espera também dificulta os estudantes. Do ponto do campus Uvaranas até o centro da cidade, é necessário embarcar em três ônibus diferentes, o que leva a uma espera de 16 minutos no ponto, mais 37 minutos no percurso até os terminais Uvaranas e Central. No percurso centro-Uvaranas, o tempo total foi de uma hora. Morador do centro e estudante de Física da UEPG, Marcos Vinícius Gauglitz afirma que o tempo demorado já o prejudicou nas aulas. “Teve vezes que cheguei atrasado na aula por conta do longo tempo de trajeto até meu bloco”. Gauglitz diz que a solução seria uma linha direta do terminal central até o campus Uvaranas da UEPG. “Iria facilitar muito. Todos os dias, os ônibus tanto quanto ao terminal central até o Uvaranas, quanto para dentro do campus vão e voltam sempre lotados”, afirma Gauglitz.


De acordo com a assessoria da Viação dos Campos Gerais (VCG), a orientação passada aos motoristas é sempre avisar o porquê de não parar no ponto em específico. O usuário pode contestar essas medidas entrando em contato com a empresa. A assessoria ainda afirma que a colocação de novas linhas e aumento de oferta dependem de análise e serem repassadas para a Autarquia Municipal de Trânsito (AMTT). Qualquer alteração interfere nos custos do sistema, segundo a VCG. De acordo com a assessoria da AMTT, a inclusão de uma linha ou alteração de itinerário é de analise da autarquia, levando em conta a demanda de  passageiros, oferecimento de linhas próximas e possíveis impactos na planilha de custos, pois geram necessidades de mais veículos rodando e  consequentemente manutenção de combustível, dos veículos e outros fatores.

De acordo com a pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Economico e Social (IPARDES) em Ponta Grossa no ano de 2017, obteve um total de 21.424 de matrículas no ensino presencial. A cidade é hoje pólo universitário do Estado, que movimenta a economia e o crescimento populacional da cidade.

 

Ficha Técnica
Reportagem: Germano Busato
Foto: Afonso Verner / Lente Quente
Supervisão: Professores(as) Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Fernanda Cavassana, Hebe Gonçalves e Renata Oliveira