Falta de informação causa confusão sobre os serviços e atendimentos prestados

 

Após quase um mês da reabertura da UBS Sady Silveira, moradores que frequentam o posto de saúde reclamam da falta de informações, condições e serviços básicos do novo local. Esta é a quarta mudança de endereço da unidade que presta atendimento a cerca de 10 mil pessoas, principalmente para a população do bairro de Olarias e Coronel Cláudio. De acordo com a Prefeitura, o espaço não é definitivo, mas irá funcionar até a construção do prédio destinado a UBS, que ainda está em fase de licitação.

DSC 0013Localizado no bairro de Olarias, a sede temporária da UBS Sady Silveira abriu em 20 de junho. Foto: Victoria Sellares

 

Segundo uma funcionária, que preferiu não ser identificada, não há previsão de retorno dos serviços que ainda faltam. “Mudamos há uma semana, ainda estamos nos ajustando de acordo com o que o espaço permite. Foi dito que tanto o dentista quanto a vacinação retornariam, mas não sei quando”, afirma. 

Um membro da associação de moradores da região, que preferiu não se identificar, se mostrou revoltado com a falta de indicação definitiva por parte do Poder Público. “Nós lutamos por 15 anos por um espaço fixo, depois que conseguimos, ele não durou um ano e, mais uma vez, nos jogaram para um espaço temporário para esperar a construção de outro prédio”.

Para Fátima Pereira, moradora do bairro, que buscou o atendimento na UBS, a principal dificuldade do novo local é a falta de informação de reabertura da unidade. “Eu fico aliviada de fazer novamente as consultas próximo de casa, mas o problema é que quase não tem informações do novo local. Eu só descobri quando cheguei em Uvaranas, na UBS Madre Josefa, onde estavam atendendo provisoriamente, me atrasei para a consulta por não saber da mudança de novo”. Depois disso, ela teve que voltar a Olarias.

Ana Maria Bilek é moradora de Olarias e é atendida na unidade Sady. Ela diz que o local é menor e por isso os atendimentos são limitados. “É a segunda vez que venho aqui, aparentemente a qualidade segue a mesma, posso dizer que está razoável, mas espero que seja de fato temporário, porque é um espaço pequeno”, diz.

 

Serviço:

Rua Quatorze de Julho, nº 162 – Olarias

Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

 

 

Ficha técnica

Reportagem: Victória Sellares

Edição e publicação: Amanda Martins e Carlos Solek

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Pacientes realizam tratamento sozinhas ou pagam valores altos para conseguir atendimento

O agendamento de consultas com ginecologistas em Ponta Grossa é uma dificuldade encontrada pelas mulheres, e mesmo com planos de saúde, nem todas conseguem a consulta e precisam pagar pelo atendimento particular. Em levantamento feito pela reportagem com 30 mulheres de 18 a 40 anos de idade, todas afirmaram ter enfrentado espera de meses para serem atendidas. 

Nivian Nascimento, de 34 anos, deu à luz a primeira filha em outubro de 2021. Em dezembro, tentou marcar consulta com a ginecologista que a acompanhava durante a gravidez. Ela teve problemas com o medicamento receitado e a formação de quelóide na cicatriz do parto. Mesmo em processo pós-operatório, Nivian só conseguiu a consulta para nove meses depois do agendamento. “Por conta própria, comprei um remédio na farmácia e estou fazendo a aplicação na cicatriz”.

 

ATENDIMENTO MÉDICO SAÚDE Mariana Okita

Foto: Mariana Okita

 

Para realizar a colocação de um Dispositivo Intrauterino (DIU), a estudante Angela Galvão entrou em contato com três ginecologistas de Ponta Grossa. “As médicas só tinham horários disponíveis em datas distantes, a não ser que eu pagasse por fora”. Ela conseguiria a consulta, caso pagasse entre R$ 200 e 400. 

Devido à pressa para realizar o procedimento, Angela desembolsou o valor para a aplicação do aparelho, que não incluiu o objeto e nem o valor do procedimento. Caso precisasse de anestesia, os cuidados no centro cirúrgico e a atuação de outro profissional seriam pagos por fora. 

Para verificar o motivo da demora para os atendimentos, a reportagem entrou em contato com oito ginecologistas que atendem em clínicas no centro da cidade. Os médicos argumentam que a agenda cheia e a sobrecarga causada pelo número pequeno de médicos conveniados a planos de saúde, dificultam o rápido atendimento. Pacientes novas só são aceitas pelas clínicas para consulta particular. Em caso de convênio, a agenda está fechada. 



Ficha Técnica

Repórter: Maria Helena Denck

Edição e Publicação: Isadora Ricardo

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

O procedimento leva no mínimo 45 minutos

Os doadores de sangue do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) questionam o tempo para realizar o procedimento. Por mais ágil que seja, ao menos 45 minutos são utilizados. Uma das pessoas que reclamou é o professor Thiago Takaji. Para fazer a doação, ele se organiza com algum tempo de antecedência porque sabe que pode esperar para que o procedimento seja feito por completo. “Eu trabalho com aulas particulares e sempre penso que estou deixando de marcar uma aula ou preparar material para ficar esperando”, explica. O professor já doou sangue três vezes e afirma que o tempo médio do processo ultrapassa mais de uma hora e meia.

A estudante Audrey Lunelli conta que nunca doou sangue, mas a experiência que teve ao acompanhar um amigo no Hemepar em 2017 fez com que ela se sentisse desmotivada. “O processo entre chegar no Hemepar e esperar pela entrevista inicial foi de, mais ou menos, uma hora”, explica. A estudante ainda afirma que a espera foi em vão, já que o amigo foi impedido de doar sangue por ser homossexual*.  

DOAÇÃO SANGUE Maria Fernanda de Lima

Foto: Maria Fernanda de Lima/Arquivo Periódico

Fabíola Viol, coordenadora da instituição, afirma que são muitos os motivos que tornam a doação de sangue um processo demorado. Mesmo reconhecendo que há certa morosidade, não há muito o que fazer, uma vez que os processos de atendimento são executados para garantir as medidas sanitárias e de segurança. “Pedimos para que as pessoas disponibilizem, pelo menos, uma hora, e que agendem em um dia em que estão tranquilas, sem compromissos imediatos após o horário de atendimento”, afirma. As etapas para a doação de sangue são a identificação do voluntário na recepção do Hemepar, a entrevista em que é confirmada a segurança do doador para que esteja apto para passar pelo processo, a preparação do material, a doação em si e o tempo em que a pessoa deve ficar no estabelecimento para que seja garantido o seu bem estar. 

Além dos procedimentos corriqueiros, há ainda os imprevistos que eventualmente podem ocorrer. A coordenadora explica que, caso algum voluntário passe mal durante o processo da doação de sangue, outros doadores não são atendidos até que a segurança de quem teve algum imprevisto de saúde seja garantida, por uma questão de respeito e cuidado. Mesmo com uma estrutura considerável, a entidade tem, no momento, quatro cadeiras de coleta de sangue. “Fazemos um agendamento para atender quatro pessoas ao mesmo tempo, mas se uma das cadeiras está ocupada, é claro que vamos ter um atraso no atendimento”, explica.

 

*Desde 2020, a restrição que proibia homossexuais de doarem sangue foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal.

 

Ficha técnica:

Repórter: Maria Helena Denck

Edição e publicação: Maria Helena Denck

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

O caso foi confirmado em Curitiba; outros dois casos estão sendo investigados. Saiba como se proteger

 

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou, na tarde do último domingo (03), o primeiro caso de varíola do macaco no Paraná. O caso de monkeypox ocorreu em um homem, de 31 anos, que esteve em São Paulo nos últimos dias e mora em Curitiba, capital paraense. O caso foi confirmado entre duas outras suspeitas, nas cidades de Londrina e Cascavel, que seguem em investigação.

 

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Imagem: Lente Quente / Vtoria Testa

 

A doença viral é transmitida através de contato físico com lesões, secreções e fluídos corporais de pessoas contaminadas, podendo ocorrer até na troca de objetos pessoais. A varíola causa lesões na face, que posteriormente se espalham pelo corpo da vítima, mas é incomum evoluir para casos graves, como alerta o Instituto Butantan.

 

Para se proteger é ideal fazer a utilização da máscara facial de proteção, bem como higienizar as mãos com frequência. Além disso, é necessário evitar contato com animais mortos, potenciais transmissores da varíola, que fica em incubação entre dois e 13 dias no corpo da vítima.

 

Ficha técnica:

Repórter: Heryvelton Martins

Edição e publicação: Heryvelton Martins

Supervisão de produção: Marcos Zibordi

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Câncer ocular é descoberto em Ponta Grossa a partir de postagens de jornalista da Globo

 

Em 2021, o apresentador Tiago Leifert deixou os estúdios da Globo por conta do tratamento de retinoblastoma em sua filha, Lua Garbin Leifert. A repercussão da notícia na mídia revelou sete novos casos da doença no Brasil, um deles na cidade de Ponta Grossa.

Arabella, que havia acompanhado as declarações do apresentador pelas redes sociais, não imaginava que descobriria o mesmo problema em sua filha. Ela descobriu o retinoblastoma quando a criança foi fotografada com flash direto e a imagem revelou o “olho de gato”, que nada mais é do que um reflexo branco circular. 

Este reflexo é a primeira forma de identificação do tumor ocular infantil. Por conta de uma imagem compartilhada pelo apresentador de televisão, a mãe soube que o reflexo no olho de sua filha poderia ser mais do que apenas um erro de iluminação na imagem. "Identificamos o sintoma assim que vimos a foto na câmera. Levei ao médico e, infelizmente, a doença estava em um grau avançado".

O oftalmologista GianMarco Penteado, especialista em cirurgias oculares em Ponta Grossa, foi quem realizou a consulta. Ele nunca tinha visto caso específico  em anos de carreira, mas imediatamente soube que se tratava de um câncer maligno, que precisaria de tratamento instantâneo. O tumor cresce muito rápido e pode contaminar o sangue ou outros órgãos, tornando o caso ainda mais grave. 

O médico transferiu o caso para uma clínica especializada em Curitiba. Porém, o tratamento ocorreria de fato em São Paulo, única cidade que possui a quimioterapia específica para o caso. Daí a dificuldade: o plano de saúde contratado pela família não abrange outras cidades. 

"Como o retinoblastoma cresce rápido, optamos por iniciar o tratamento de uma vez, com consultas particulares. Se precisar vender o carro, não tem problema, priorizamos a saúde dela", conta a mãe.

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Retinoblastoma

O retinoblastoma é um câncer ocular maligno que ocorre em crianças, geralmente até cinco anos de idade. A incidência da doença é rara e representa apenas 3% dos cânceres infantis. O tumor afeta as células da retina, principais responsáveis pela visão,  podendo ocorrer em um olho ou em dois. O caso de Ponta Grossa se refere a um tumor unilateral, em apenas um olho, e comprometeu 70% da visão da criança. 

A doença é classificada em cinco estágios, que indicam a intensidade do tumor. Além desta classificação, a doença é entendida como intraocular ou extraocular, indicando a localização das células cancerígenas. 

Os cânceres extraoculares podem atingir outros órgãos, como o cérebro ou medula óssea, requerendo um tratamento mais intenso. O diagnóstico precoce pode impedir que o grau aumente e o tumor intraocular se prolifere para fora dos olhos.

A filha de Arabella foi classificada em grau quatro. O tumor se encontra dentro do globo ocular. "Mesmo desesperados com a situação, ficamos esperançosos ao saber que não se tratava do tumor extraocular, ainda temos chance de reverter a situação", conta a mãe.

 

Tratamento

O tratamento da doença é realizado com quimioterapia, com duas opções de tratamento. A quimioterapia sistêmica, que injeta o medicamento pela veia, ou a quimioterapia cateterial, que é realizada pelo olho - esta opção injeta menos medicamento, mas com uma concentração maior, o que gera resultados mais rápidos. A média de sessões de quimioterapia para este tipo de intervenção é de quatro a cinco vezes. 

"Existe um medicamento específico para o retinoblastoma que pode ser feito pela quimioterapia de cateterismo e vai até a circulação cerebral. É bastante seguro e não apresenta risco visual, na maior parte dos casos melhorando a visão", explica o oftalmologista. 

Em Ponta Grossa, a família iniciou o tratamento de quimioterapia em maio. Os retornos ocorrem mensalmente, mas, no momento, não é possível estimar a duração do processo.

 

download.gifFicha Técnica:

Reportagem e gráfico: Marcella Panzarini

Supervisão de Produção e Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen