Com mais da metade da população imunizada, cidades flexibilizam restrições e começam a retornar a normalidade

Resumo

- Quase 187 mil municípios brasileiros completaram o esquema vacinal;

- Número de casos confirmados e de mortes vem diminuindo;

- Internações diminuíram 42,75% em outubro.

 

A Campanha Nacional de Imunização contra a covid-19 continua avançando em todas as cidades do Paraná. Em Ponta Grossa, já foram imunizados 99% da população acima dos 18 anos, com pelo menos uma dose. Além disso, quase 187 mil municípios completaram o esquema vacinal com as duas doses ou dose única, o que corresponde a 64,4% da população adulta.

Com a grande adesão da população à imunização contra a covid-19, o número de casos de internação e contaminação vem diminuindo no município. Em outubro houve uma queda de 42,73% no número de casos ativos, quando comparado com o mês de setembro.

No início do ano, os hospitais enfrentaram um grande colapso com a falta de leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Com a diminuição de novos casos, o número de internações nas UTIs estão em queda na cidade. Segundo dados divulgados pela prefeitura, através dos boletins diários, a ocupação dos leitos de UTI está em queda de 10,34%, comparado com os últimos 14 dias.

A cidade de Ponta Grossa registra mais de 1.300 óbitos em decorrência da pandemia; desses, 1.134 foram registrados apenas em 2021. No entanto, com o avanço da campanha de vacinação, o número de casos confirmados e de mortes vem diminuindo.

 

Foto: Vanessa Galvão de Souza Lima

 

Hospitais e leitos

A infectologista, Gabriela Margraf Gehring, que atuou na linha de frente do combate ao coronavírus no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, afirma que “as internações e os óbitos caíram drasticamente com o avanço da vacinação, as enfermarias estão praticamente vazias, algumas estão até fechando.”

A rede privada de hospitais de Ponta Grossa também foi bastante afetada, muitas vezes atingindo lotação máxima. Franciane do Bonfim Kosiedovski Dolgan, técnica de enfermagem, comenta que “atualmente a taxa de ocupação diminuiu, assim como a gravidade dos pacientes e, consequentemente, a diminuição dos óbitos”. Ela ainda afirma que a vacinação foi um grande marco para a diminuição de internações. "Nós da linha de frente que acompanhamos de perto toda situação, podemos dizer com toda certeza que a vacinação fez a diferença”.

No entanto, a infectologista Gabriela Margraf Gehring lembra do problema da não vacinação e afirma que, atualmente, a maioria das internações registradas são de pessoas que ainda não se vacinaram, pois não acreditam na eficácia da vacina. “Acabamos levando os pacientes anti-vacinas para a UTI por piora no quadro, esses pacientes muito provavelmente se estivessem vacinados não estariam ali no hospital, precisando de atendimento ”.

 

Novas restrições

Com a diminuição dos casos positivos e de óbitos, a prefeitura de Ponta Grossa publicou um novo decreto no dia 28 de outubro, que revoga as medidas restritivas impostas para o combate à pandemia. Apenas o distanciamento social e o uso de máscara em ambientes fechados são obrigatórios na cidade.

Com o novo decreto, os estabelecimentos públicos como bares, restaurantes e casas noturnas não têm limite de público. A exigência do comprovante de vacinação para acesso em eventos também não é mais obrigatória.

 

Ficha Técnica
Repórter: Vanessa Galvão de Souza Lima
Edição e Publicação: Deborah Kuki
Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

 

Baixos índices de vacinação podem facilitar a volta de doenças consideradas erradicadas, como  sarampo e poliomielite

 

Resumo:

  • Em 2021 Ponta Grossa não atingiu a meta recomendada pelo Ministério da Saúde em nenhuma das nove vacinas obrigatórias para crianças de até um ano de idade;
  • A Fundação Municipal de Saúde afirma que a queda na cobertura vacinal foi provocada pela pandemia e que deve ser normalizada nos próximos meses;
  • A Secretaria de Estado da Saúde afirma que em 2019, após 20 anos sem registros de sarampo, o Paraná confirmou 1653 casos da doença;
  • Especialistas reiteram a carência de um canal de comunicação que destaque os imunizantes como uma ferramenta de proteção e atue no combate à desinformação.

 

O medo provocado pela pandemia de covid-19 afastou a população das salas de vacinação. Neste ano, em Ponta Grossa, nenhuma das nove vacinas obrigatórias para crianças de até um ano de idade atingiu a meta recomendada pelo Ministério da Saúde, que é de 90% para rotavírus e BCG e de 95% para as outras vacinas. Ponta Grossa já chegou a atingir quase 114% de cobertura geral, em 2015. De lá para cá, esse índice não ultrapassou 85% e segue em queda pelo terceiro ano consecutivo. Há poucos dias do fim do ano, a cobertura vacinal geral na cidade é de 60%, uma das mais baixas desde 2016, quando chegou a 49%, de acordo com dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) coletados até 13 de dezembro deste ano. A baixa cobertura vacinal acende o alerta para a volta de doenças até então consideradas controladas, como o sarampo e a poliomielite.

Em Ponta Grossa, um dos menores índices é o da segunda dose da tríplice viral, que previne contra o sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da vacina atingiu pouco mais de 22% do público-alvo. Enquanto isso, a primeira dose está próxima de atingir a meta, chegando a 94%. Para completar o ciclo de imunização, a criança deve receber duas doses: uma aos 12 meses e outra aos 15 meses de vida. A segunda dose pode ser substituída pela vacina tetra viral, que também previne contra a varicela. O imunizante, que nunca atingiu a meta recomendada, apresenta a pior cobertura vacinal na cidade, cerca de 17%.

Por meio da assessoria da Prefeitura de Ponta Grossa, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) disse que a queda na cobertura vacinal foi provocada pela pandemia e que deve ser normalizada nos próximos meses. Sobre medidas para incentivar a vacinação, a FMS informou que tem orientado a comunidade através dos agentes comunitários de saúde, além de realizar vacinação itinerante e ampliar o número de salas de vacina. O órgão afirmou ainda que não há falta de vacinas nas Unidades Básicas de Saúde. Também foram questionadas quantas ações de vacinação geral foram realizadas em 2021 e se o município pretende promover alguma campanha até o fim do ano, mas a reportagem não obteve resposta até a publicação desta matéria.

 

 

Em 2019, após 20 anos sem registros de sarampo, o Paraná confirmou 1653 casos da doença, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. No ano passado, foram 428 diagnósticos. O sarampo é causado por um vírus altamente contagioso e pode provocar febre, tosse, coriza e manchas vermelhas pelo corpo. A transmissão ocorre de uma pessoa para outra por partículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. Em casos mais graves, a doença pode causar pneumonia e encefalite e até mesmo levar à morte. 

Outra doença que preocupa especialistas é a poliomielite, que pode causar paralisia infantil. Em 2021, Ponta Grossa registrou a menor cobertura vacinal da pólio nos últimos 27 anos, cerca de 65%. Um dos reforços da vacina, aplicado aos 4 anos de idade, está entre os piores índices do município, com apenas 40% das crianças vacinadas.

 

Brasil

No Brasil, onde a poliomielite é considerada erradicada, o último caso foi confirmado em 1989. No entanto, a circulação do poliovírus em países como Afeganistão e Paquistão pode provocar o ressurgimento da doença em outros locais. “A cobertura da pólio nunca foi tão baixa nos últimos 20 anos no Brasil. Quando a cobertura vacinal não é atingida, começam a surgir pequenos surtos da doença”, alerta Heloísa Gianberardino, pediatra e presidente da regional paranaense da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).

 

 

Assim como o sarampo, a poliomielite também é uma infecção viral altamente contagiosa. Sua transmissão acontece pelo contato direto com infectados ou pela ingestão de água e alimentos contaminados com fezes de portadores do vírus. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dor no corpo, náusea e rigidez muscular. Em quadros mais graves, pode causar a paralisia de membros inferiores.

De acordo com o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a vacinação infantil é obrigatória nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Por mais que seja um direito garantido, Heloísa lembra que alguns pais optam por não vacinar os filhos. “Se o pai e a mãe não querem se vacinar, isso é uma opção do adulto. Mas, a criança não tem essa opção. Não vacinar é um ato de negligência”, explica a pediatra. 

Em caso de descumprimento da lei, os pais ou responsáveis pela criança podem ser penalizados com uma multa que varia de três a vinte salários mínimos, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

 

Baixa cobertura

A realidade de baixa taxa de imunização a doenças controladas que acontece em Ponta Grossa não é exclusividade do município. No Brasil, a redução constante ocorre desde 2018. Até 13 de dezembro, a cobertura nacional não contemplou nem metade do público-alvo, chegando a 48,3%, patamar muito próximo do que era registrado entre 1995 e 1996. 

 

 

Um dos fatores que derrubou as taxas de vacinação é a circulação de conteúdos falsos nas redes sociais. “As fake news fazem com que as pessoas hesitem em tomar algum tipo de vacina. Esse é o maior problema para a cobertura vacinal”, afirma Leandro Torres, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e criador do perfil Hora de Vacinar.

Por mais que acreditem na segurança e eficácia das vacinas, algumas pessoas não se imunizam no momento adequado, o que pode facilitar o retorno do sarampo, poliomielite e difteria, segundo especialistas. Com o aprimoramento dos imunizantes, os casos e mortes provocados por determinadas doenças diminuíram expressivamente. Por mais positivo que seja, o controle epidemiológico merece atenção. “As pessoas acham que as doenças não estão ocorrendo e deixam de se vacinar, o que é um grande erro”, ressalta a pediatra Heloísa Gianberardino. “Muitos esquecem que as doenças só foram controladas por causa das vacinas”, destaca Leandro Torres. 

Em alguns casos, a subnotificação da aplicação de doses também pode interferir na cobertura vacinal. Isso acontece quando uma pessoa é vacinada, mas o registro não é incluído no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações e em plataformas municipais e estaduais. Dessa forma, por mais que a vacina tenha sido aplicada, o dado não é contabilizado nas estatísticas de imunização.

 

Incentivo

Diante do cenário de baixa cobertura vacinal, ações que incentivem a população de todas as faixas etárias a atualizar a carteira de vacinação são essenciais. Especialistas reforçam a necessidade de um canal de comunicação que destaque os imunizantes como uma ferramenta de proteção e atue no combate à desinformação. Para Heloísa, não cabe discutir se a vacina é importante ou não. “Ela é um recurso inquestionável. Depois da água tratada, a medida que mais salva vidas é a vacina“, destaca.

Leandro Torres adverte que alguns profissionais de saúde desconhecem as vacinas que uma pessoa deve receber ao longo da vida. “Esse tipo de informação precisa ser comunicada por diferentes especialidades. Seria interessante que, durante um atendimento, o médico, enfermeiro ou auxiliar perguntasse ao paciente se suas vacinas estão em dia”, sugere. 

Os especialistas também defendem que as ações e estratégias de vacinação, seja no âmbito municipal, estadual ou nacional, devem ser orientadas por decisões técnicas. 

 

Serviço

A população de Ponta Grossa pode se vacinar gratuitamente em qualquer uma das vinte Unidades Básicas de Saúde que possuem sala de vacinação: Adam Polan, Alfredo Levandoski, Antero de Mello, Antônio Russo, Carlos Ribeiro, Cleon de Macedo, Cyro Garcia, Egon Roskamp, Jayme Gusmann, José Bueno, José Carlos de Araújo, Julio de Azevedo, Lauro Muller, Lubomir Urban, Luiz Conrado Mansani, Nilton de Castro, Ottoniel Pimentel, Roberto Portela, Rômulo Pazinato e Zilda Arns (clique aqui e confira o endereço de cada UBS).

Os postos de vacinação funcionam de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. 

 

Ficha técnica

Reportagem: Matheus Gaston

Edição e publicação: Levi de Brito

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

 

Cerca de 11,3 milhões de brasileiras de baixa renda são afetadas diretamente

 

As pessoas que menstruam vivem em média 450 ciclos menstruais durante a vida, mas para parte das mulheres brasileiras, os itens de higiene básica necessários durante esse período estão fora de alcance. Segundo pesquisa realizada pela marca Sempre Livre, quatro em cada 10 pessoas convivem com a pobreza menstrual, sejam elas mesmas ou alguma conhecida. Sobre o ciclo menstrual, 36% dizem não saber bem o que acontece com seu corpo.
De acordo com o relatório Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos, realizados pelo Fundo de População das Nações Unidas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância , 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio.
Segundo a mesma pesquisa, 900 mil não têm acesso a água canalizada em suas casas e cerca 6,5 milhões vivem em locais sem ligação com a rede de esgoto. O problema é ainda maior considerando o recorte racial: cerca de 24% das meninas brancas residem em locais avaliados como não tendo serviços de esgotamento sanitário, chegando a 37% entre meninas negras.


Os estigmas e a menstruação
Caroline Willing, jornalista e doutoranda com pesquisa sobre o tema “estigmas impregnados na menstruação’’, explica que as problemáticas estão relacionadas ao modo como a sociedade enxerga pessoas que menstruam. “Esse processo de se criarem estigmas envolvendo a menstruação coloca pessoas com útero dentro dessa cultura sexista. Estigmatizar a menstruação é parte desse processo de subalternização, porque a menstruação acomete as pessoas com útero, pessoas que menstruam e desde muito tempo o patriarcado nos colocou como incubadoras humanas’’.
Segundo ela, os estigmas sobre a menstruação vem desde a Bíblia e continuam até os dias atuais, colocando a menstruação como algo sujo. “A mídia tanto tece a cultura como é tecida por ela, é colonialista, misógina e cisheteronormativa, então acaba que a grande mídia está a favor desses estereótipos”.
Caroline critica o essencialismo biológico e a utilização da categoria “mulher’’ quando se fala em pessoas com útero. “Muitas vezes vemos reportagens que colocam meninas que menstruam e ignoram homens trans e não binários. A mídia contribui para a manutenção desse sistema, da mesma forma que ela tem o poder de quebrar esses estereótipos.’’

 

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Quatro em cada 10 mulheres convivem com a pobreza menstrual | Foto: Ana Paula Almeida


A pobreza menstrual e o ambiente escolar
Ainda de acordo com a pesquisa da Sempre Livre, a maioria das pessoas que sofrem com a pobreza menstrual está em idade escolar, pois 40% das pessoas de baixa renda que são afetadas pela pobreza menstrual têm entre 14 e 24 anos.
“Considero a pobreza menstrual um problema criado pelo neoliberalismo, neocolonialismo e capitalismo, que empobrece a população e faz com que pessoas que menstruam não saibam o que tá acontecendo com seu corpo, não tenham condições financeiras, nem socioambientais de gerir seu ciclo de forma higiênica e saudável’’, destaca Willing.
Além dos riscos físicos e psicológicos, as faltas na escola aparecem nas pesquisas, apontando que 16% das estudantes costumam faltar durante o período menstrual por falta de banheiros limpos e 12% estão ausentes das aulas por falta de absorvente durante a menstruação.


Ações governamentais
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro vetou projeto de lei que previa a distribuição gratuita de absorventes íntimos para estudantes de baixa renda e moradores de rua. Com a repercussão negativa, o presidente voltou atrás e declarou que vai viabilizar a aprovação do projeto.
Para a pesquisadora Caroline Willing, é importante haver, também em âmbito municipal, políticas públicas que permitam que quem menstrua possa ter acesso a outras alternativas, além do absorvente descartável. Ela propõe que essas alternativas estejam alinhadas com pequenos negócios locais, fomentando assim a dignidade menstrual e fortalecendo a economia. Ela ainda ressalta a importância de cobrar das empresas um absorvente descartável ecológico.

Ficha Técnica
Repórter: Quiara Camargo dos Santos
Edição e Publicação: Gabriel Ryden
Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Por causa da pandemia, o Paraná teve o menor índice de nascimentos desde 2002

 

Ao contrário das especulações de um possível baby boom como resultado do isolamento social, os índices de natalidade no país apresentam queda durante o período pandêmico. De acordo com os dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, as taxas de natalidade brasileiras atingiram, em 2020, o menor número em comparação aos últimos 27 anos. 

Segundo a ginecologista e obstetra Maria Tereza Blum, esta drástica redução na quantidade de nascimentos tem sido uma das consequências do aumento de divórcios ocorridos durante o período de pandemia. Segundo informações do Portal da Transparência do Registro Civil, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, a quantidade de registros de nascimentos caiu 24% em comparação ao mesmo período em 2020, equivalente a 106,6 mil pessoas. 

 

Natalidade paranaense em queda

Segundo o Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen), o estado apontou um dos menores índices de registros de nascimentos realizados em janeiro, desde 2002. Nesse mesmo mês, ocorreram 12.232 nascimentos no estado, 9,66% menor que no ano passado. Esse levantamento é feito com base nos registros de nascimentos realizados em 519 Cartórios de Registro Civil.

Maria Tereza Blum destaca que houve uma grande queda na procura de consultas obstétricas, desde o começo da pandemia, principalmente, a partir do final de 2020, por conta da população em geral não ter noção da magnitude que a crise causada pelo Coronavírus tomaria. “Houve uma queda muito grande, não no desejo da gravidez, mas na coragem de uma gestação”, salientou a médica.

Além disso, diante de um cenário de incertezas, ela ressalta outros fatores que influenciam na diminuição das gestações e na impulsão do uso de métodos contraceptivos durante o período pandêmico. “Pessoas que não viam problema de engravidar passaram a se preocupar mais com as chances de gravidez. E, não só pelo risco de contrair o COVID ou do bebê ter alguma má-formação, mas pelo risco de perder o emprego, por questões financeiras, não somente de saúde”.

 

Mulher guardando uso de pelúcia na gaveta. Foto Larissa Lillo Del Pozo Malinski

Mulher organizando quarto do bebê | Foto: Larissa Lillo Del Pozo Malinski

 

A queda da natalidade pelo mundo

De acordo com o estudo italiano The COVID-19 pandemic and human fertility (A pandemia de covid-19 e a fertilidade humana), publicado na revista Science, existe a previsão de uma redução drástica das taxas de natalidade no mundo pós-pandemia, como resultado dos impactos causados pelo Novo Coronavírus. 

Nove meses após o início da pandemia, em 2020, países como Japão, França e Bélgica pertenciam ao grupo de nações que relataram quedas drásticas dos nascimentos. E países como a França registraram maiores quedas de natalidade de 2020 para 2021.

Nos EUA, o Think Tank Brookings Institution estimou, que em dezembro do ano passado, nasceriam 300 mil bebês a menos em 2021. Diante desses índices, o jornal americano Wall Street Journal, apresentou como uma tendência global a queda da natalidade por conta da crise sanitária e econômica estabelecida na atualidade.

 

Ficha Técnica

Repórter: Larissa Lillo Del Pozo Malinski

Edição e Publicação: Ana Paula Almeida

Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Em Ponta Grossa, 24 pessoas morreram da doença em 2021

 

O câncer de próstata tem a segunda maior incidência de cânceres em homens, sendo o primeiro de pele, correspondendo a um risco estimado de 62 novos casos a cada 100 mil homens. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa feita para o triênio 2020-2022 é de que surjam, anualmente, 65.840 novos casos. O câncer de próstata causa cerca de 15 mil óbitos anuais, a segunda maior taxa de mortalidade por câncer que atinge homens no país.  

No mês de novembro acontecem campanhas de conscientização, mundialmente conhecidas como Novembro Azul. A campanha contra o câncer de próstata tem o intuito de chamar a atenção para a prevenção e o tratamento da doença. Contudo, os exames preventivos devem ser realizados ao longo de todo o ano.

 A doença consiste em um tumor que afeta a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra. Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná, os sintomas iniciais mais comuns são dificuldade em urinar, presença de sangue na urina, demora para começar e terminar de urinar, além da diminuição do jato de urina e a necessidade de ir ao banheiro diversas vezes. Além disso, em casos de doenças benignas da próstata, pode ocorrer um aumento de tamanho da área ou inflamação na próstata, conhecida como prostatite.

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Infográfico: Tamires Limurci

Em Ponta Grossa, o coordenador da Atenção Primária à Saúde (APS), Thiago Bueno, explica que uma das maiores dificuldades encontradas é a falta de adesão dos homens por vergonha ou pela falta de costume em procurar um especialista. Conforme informações da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, em 2021, houve 24 mortes relacionadas a neoplasia maligna da próstata. “O homem só não possui uma taxa maior de mortalidade, quando comparado com as mulheres, na faixa-etária de 80 anos porque muitos não chegam nessa idade”, comenta.

O agricultor José Antônio (nome fictício), 42, descobriu o tumor na próstata em junho de 2021; entretanto, sintomas como inchaço e dores na hora de evacuar ocorriam desde maio. Ao acreditar que o diagnóstico poderia ser de hemorroida, José se automedicou. Somente após ir ao médico e realizar exames de toque, a doença foi confirmada. “Tive muita sorte de ter descoberto cedo, mas me sinto culpado de não ter ido ao médico antes", afirma. O agricultor, que hoje faz radioterapia cinco dias da semana, revela que por conta da vergonha, ainda não contou para todos os seus amigos e familiares sobre seu diagnóstico, porém está determinado a incentivar os amigos a fazerem o exame.

Tratamentos

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece todas as modalidades de tratamento de forma integral e gratuita, seguindo indicações de um médico especializado. A duração do exame leva, em média, cinco minutos. O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendam a realização de exames antes dos 40 anos para homens sem sintomas.

 

Este texto faz parte da edição 220 do Foca Livre, jornal-laboratório produzido por alunos do segundo ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

 

Ficha Técnica
Repórter: Tamires Limurci
Edição e Publicação: Maria Eduarda Eurich
Supervisão de Produção: Muriel Amaral
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen