Pela quinta vez, campanha da Fraternidade tem perfil ecumênico

Campanha da fraternidade 2021 | Foto: Kauana Neitzel

A Campanha da Fraternidade de 2021 (CF 2021) é a quinta campanha ecumênica, realizada em conjunto entre diferentes denominações cristãs, formada pelos representantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Além das seis igrejas membros do CONIC, a igreja Betesda de São Paulo e o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular (Ceseep) fazem parte da CF, atuando como igreja observadora e membro fraterno, respectivamente.

 

            Com a existência desde 1964, a Campanha da Fraternidade foi criada pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e marca o início da quaresma na Igreja Católica. Ela busca despertar a solidariedade a respeito de problemas concretos que envolvem a sociedade brasileira, e estimula compromissos que corram atrás da transformação da realidade. Todo ano, no Domingo de Ramos, semana que antecede a Páscoa, é realizada em âmbito nacional uma coleta de recursos entre as igrejas. O dinheiro arrecadado é destinado a projetos sociais das próprias comunidades e também para auxílios socioeconômicos de vulneráveis. Em 2020, devido à pandemia, não houve arrecadações.

            A cada cinco anos, a CF é ecumênica e organizada pelo Conic, o principal órgão ecumênico brasileiro, com o aval final da CNBB. O jornalista, professor e pesquisador em estudos teológicos, Kevin Furtado, aponta que o movimento ecumênico traz a aproximação e o diálogo entre diferentes doutrinas, buscando o bem-estar social, além de apresentar sensibilidade coletiva. “As igrejas ecumênicas demonstram preocupação com a justiça social e a inclusão de vulneráveis”, diz Furtado.

Em 2021, a Campanha da Fraternidade tematiza a “Fraternidade e diálogo: Compromisso de Amor”, e tem como lema “Cristo é nossa paz: do que era dividido fez-se uma unidade”. “O objetivo da campanha é convidar a sociedade a avaliar e identificar caminhos para superar as polarizações e violências que marcam o cenário atual, através de diálogos”, afirma o pesquisador. Além disso, o texto base da CF 2021 faz críticas ao negacionismo da ciência em período de pandemia, à atuação do Governo Federal no enfrentamento do coronavírus e à cultura de violência contra as mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+. Devido às pautas defendidas pelo texto, grupos conservadores católicos criticaram a CF antes mesmo de ser lançada, alegando que haveria negação da fé por parte dos grupos ecumênicos, atacando os conselhos. 

Para a comentarista do blog Bem Paraná com experiência em Teologia e Sociedade, Ana Beatriz Dias Pinto, a proposta da Campanha da Fraternidade de 2021 é a solução dos problemas após tantas dissoluções. “Para a sociedade brasileira atual, não haveria nada mais assertivo, pois traz vários aspectos positivos”, diz a jornalista. Ana Beatriz destaca pontos positivos da CF no blog e também critica aqueles que provocaram ataques seguindo cunhos políticos. “Não confundir propostas de fraternidade com contextos políticos! Estamos em 2021! E apesar de serem realidades que fazem fronteira, vivemos uma incrível eclesiologia de construção e de partilha”, afirma a teóloga. 

Por Ana Luiza Bertelli Dimbarre