Amelinha Teles: “No golpe, todo machismo e toda sociedade patriarcal aparecem sem camuflagem”

Foto: Matheus Pileggi

O segundo dia de palestras do 5º Colóquio Mulher e Sociedade recebeu Maria Amélia de Almeida Teles, diretora da União de Mulheres de São Paulo e integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Durante a palestra na manhã de hoje (9), a convidada, que também é ex-militante do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), defendeu e relatou a experiência que viveu nos movimentos feministas e na  transição da Ditadura Militar para a democracia. Maria Amélia ainda lançou o livro “Da guerrilha à imprensa feminista”, que escreveu com a também ex-militante Rosalina Santa Cruz.

A convidada defende que o “feminismo não é divisionismo, porque as mulheres fazem parte da humanidade”. Maria Amélia afirma que o Movimento Feminista, no Brasil, surgiu em 1975, e que havia veículos jornalísticos feministas alternativos, que serviam para propagar as ideais do movimento.

Amelinha Colquio 09 03 2017
Maria Amélia discursa no 5° Colóquio Mulher e Sociedade. Foto: Matheus Pileggi.

Para a autora, durante a ditadura o assunto mulher era muito censurado, e atualmente a representação feminina continua sendo ignorada, o que reflete nos acontecimentos políticos que marcam o cenário brasileiro. Maria Amélia afirma que, “no golpe, todo machismo e toda sociedade patriarcal aparecem sem camuflagem”, reprimindo os movimentos feministas.

A convidada fez uma crítica à esquerda política, que nem sempre apoiou o Movimento Feminista e que “na universidade não se podia discutir o feminismo”. Maria Amélia falou sobre sua experiência como militante durante o regime, relatando a violência política, verbal, psicológica e física que sofreu. Torturada durante a ditadura, a autora relata que “tortura é uma ferida que sangra para sempre” e que o principal erro da esquerda “foi passar da ditadura para o período de transição sem punir os torturadores”. Sobre a Comissão da Verdade – instaurada para investigar (ano) crimes da ditadura –  a integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos afirma que “mesmo que comissão tenha feito algo, não foi suficiente” para resolver os problemas causados pelo (regime). Maria Amélia contou que as mulheres torturadas na ditadura demoraram 40 anos para efetivar uma denúncia.

Se você não perdeu a palestra, ouça boletim em áudio realizado pela aluna Ana Luisa Vaghetti, com os destaques do dia: