Segundo o Plano Nacional de Vacinação, até março apenas 40% do grupo prioritário será vacinado

 

A população de Ponta Grossa aguarda ansiosa a vacinação contra covid-19. A imunização é necessária para diminuir a taxa de transmissão da doença No dia 11 de março, o Brasil bateu um novo recorde. Foram mais de 2.207 pessoas que perderam a vida por conta do vírus. A vacina, se aplicada em massa na população, diminuirá os números e a ocupação de leitos de UTI.

 

A imunização contra a Covid-19 diminuirá os números de casos da doença e taxa de ocupação dos leitos de UTIs. Foto: Manu Benicio

Levando em conta a estimativa feita pelo Plano Nacional de Imunização contra covid-19 (PNI), apenas 40% do grupo prioritário, que é composto por 27 categorias seria vacinado até o mês de março.. O PNI leva em conta o contrato que fez em dezembro com a Fiocruz. Desde então o cenário da vacinação já sofreu mudanças diversas vezes, tanto na cidade como em nível nacional.


As vacinas que são aplicadas nos municípios vem do Ministério da Saúde. Observando que a demanda de vacinas repassada aos estados e municípios era insuficiente, os prefeitos se reuniram, por meio de uma Frente Nacional de Prefeitos. Apoiados na Lei 11.107/2005 planejaram um consórcio onde é possível a compra de vacinas entre municípios. Ponta Grossa almeja entrar no consórcio para a compra do imunizante.


O decreto para a intenção de se filiar ao consórcio foi assinado no dia 01 de março. De acordo com a Lei 11.107/2005, é possível criar consórcios públicos para concretizar objetivos e interesses em comum entre municípios. Várias cidades da região já manifestaram interesse, algumas já fizeram minutas de projetos de lei.

Os municípios interessados têm até o dia 19 de março para aprovarem as leis em suas câmaras de vereadores, segundo cronograma apresentado na reunião da Frente Nacional de Prefeitos, a qual Ponta Grossa estava participando. O cenário de vacinação promete mudar caso Ponta Grossa entre no consórcio.



Como foi a vacinação na cidade em janeiro e fevereiro?


Para vacinar o primeiro grupos prioritários, composto por profissionais de saúde, indígenas e idosos, o plano estadual de operacionalização contra a covid-19 calculou que eram necessárias 6.000 doses. Foram enviadas mais de 8.000 doses à cidade durante os meses de janeiro e fevereiro e esses três grupos não foram vacinados em sua totalidade.

 

 

O primeiro grupo, de profissionais de saúde, contempla mais de 10 subcategorias de profissionais. No dia 1º de março, a prefeitura iniciou a aplicação de vacinas no grupo 9, que compreende farmacêuticos, funcionários de ambulatórios de indústrias, funcionários de consultórios odontológicos, trabalhadores do INSS, o Consórcio Intermunicipal de Saúde dos Campos Gerais (Cimsaúde) e do Centro de Socioeducação Regional de Ponta Grossa (Cense). A prefeitura estima que vacinará 1.200 profissionais deste grupo.


O primeiro subgrupo prioritário dos trabalhadores de saúde, que estão na linha de frente do combate a covid na cidade, já foram vacinados segundo o presidente da Fundação Municipal de Saúde, Rodrigo Manjabosco. São aproximadamente 10 mil profissionais trabalhando na área da saúde na cidade, destes 2.805 são da linha de frente ao combate da covid-19, segundo a Fundação Municipal de Saúde.


Na cidade, segundo o Plano Estadual de Vacinação, há 563 idosos morando em casas de permanência institucionalizadas. Estes idosos também já foram todos vacinados. Os idosos restantes não têm vacinas para serem vacinados, são em maior número e podem apresentar comorbidades. Ponta Grossa possui aproximadamente 22 mil idosos, aqueles que têm mais de 60 anos, segundo uma estimativa da própria prefeitura da cidade.


Para o primeiro grupo de vacinação, os idosos de 90 anos ou mais, foram enviadas 1.410 doses da 3ª Regional de Saúde do estado para a vacinação exclusiva. Aproximadamente 500 idosos podem ser vacinados com este envio. São necessárias mais de 40 mil doses somente para este grupo chamado de idosos.

Segundo o site da Secretaria Estadual de Saúde (SESA), a 3ª regional de saúde, a qual Ponta Grossa está inclusa, recebe agora em março para a aplicação mais de 7.100 doses de vacina. Essas vacinas são para os profissionais de saúde e idosos com mais de 80 anos. Ponta Grossa recebeu quase 3 mil vacinas neste lote no início de março. Agora no dia 10 de março, Ponta Grossa está vacinando os idosos acima de 80 anos, não há, por enquanto, previsão apra iniciar a vacinação dos idosos acima de 75 anos.


Mesmo com o quinto lote enviado pela SESA, não há vacinas para terminar a vacinação dos profissionais de saúde e nem o segundo grupo prioritário que é os idosos no geral que tem a taxa de mortalidade mais alta devido às complicações de saúde.

 

A Falta de Vacinas é no Brasil todo


Diversos fatores perpassam a questão da vacinação. Ponta Grossa não é a única cidade que está sofrendo com a falta de vacinas. A produção é insuficiente e as negociações de vacinas começaram tarde em comparação a outros países.


Segundo o Segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19 (PNI), datado do dia 16 de dezembro de 2020, há uma estimativa de que a vacina da Fiocruz chamada de AstraZeneca tenha despachado 100,4 milhões de doses até julho/2021. Isso significa que o Brasil só terá aproximadamente 50 milhões de pessoas vacinadas com a AstraZeneca.

O Brasil tem hoje, após as mortes causadas pelo covid-19 aproximadamente 212 milhões de habitantes. Entre agosto e dezembro deste ano, estão previstas 110 milhões de doses de produção nacional. Que contemplarão aproximadamente 55 milhões de pessoas. Até o final do ano, apenas metade da população será vacinada com a AstraZeneca.


Em seu site institucional, a FioCruz relata que recebeu insumos em fevereiro para a produção de 2,8 milhões de doses. Está previsto a chegada de mais insumos para a produção de 15 milhões por dia. Segundo a Fiocruz, a instituição está comprometida em bater as metas que estão gravadas no PNI. Mas sem a chegada de insumos, a Fiocruz não tem como produzir vacinas em território nacional. O governo precisa comprar insumos e fazer as negociações, tanto de insumos quanto de vacinas importadas.


O Brasil tem capacidade para vacinar mais pessoas do que apenas metade da população neste ano, mas não tem vacinas previstas para isso. São aproximadamente 40 mil salas de vacinação onde poderiam ser aplicadas vacinas em território nacional. Se cada sala tivesse um aplicador, poderiam ser vacinadas 40 mil pessoas por dia.

Até o momento, desde o início da distribuição das vacinas em janeiro foram aplicadas apenas 7 milhões de doses, contando com a primeira e a segunda dose. O Brasil atualmente está com uma população aproximada de 211,8 milhões de habitantes segundo dados do IBGE em 2020 antes do início da pandemia.

 

Isolamento e máscaras vão continuar mesmo com a vacinação em massa, segundo especialista


A Dr. Gabriela Margraf Gehring, especializada em infectologia em Ponta Grossa, diz que neste ano o uso de máscara continua mesmo que uma vacinação em massa consiga ser efetivada. “Vamos continuar usando máscara e às vezes até durante mais anos. A gente não sabe exatamente quando isso [covid-19] exatamente vai finalizar. Mesmo vacinando boa parte da população a máscara muito provavelmente vai ter que continuar sendo usada.” analisa a especialista. O uso de máscara é importante para diminuir a taxa de transmissão.


Segundo a doutora Gabriela Margraf Gehring, a importância da vacinação é principalmente para diminuir a taxa de transmissão. Quanto mais pessoas se vacinarem menor é a taxa de transmissão e menor serão os riscos para pessoas que tenham comorbidades e são do grupo de risco.


Ela destaca que a logística deveria ser aprimorada para que as vacinas chegassem antes à população, mas como isso não é possível no momento, a melhor estratégia é vacinar os grupos prioritários. A infectologista destaca ainda a importância da imunização coletiva. “Precisamos vacinar a maioria da população para não ter transmissão do vírus. Assim as pessoas vacinadas não transmitem o vírus para as pessoas que não podem se vacinar porque tem alguma contra indicação.” Segundo a médica, as pessoas que não podem tomar a vacina por contra indicação estarão protegidas desta forma.”


A Doutora também explica a escolha dos grupos prioritários pelo Ministério da Saúde, principalmente os idosos, por conta do risco de vir a óbito pelas comorbidades e profissionais de saúde que estão em contato com a população 24 horas por dia. “Infelizmente não tem produção de vacina para todo mundo, então o Ministério da Saúde precisa definir prioridades.” explica a médica.

 

Ficha Técnica:

Repórter: Jessica Allana

Supervisão: Professor da Disciplina de Textos III, Vinícius Biazotti

Publicação: Robson Soares