Moradores reclamam de falta de registro vacinal contra Covid-19 em Ponta Grossa

Além da instabilidade do ConecteSUS, prefeitura e Ministério da Saúde culpam um ao outro

 

Com base em dados da prefeitura de Ponta Grossa, sobre a cobertura vacinal na cidade, quase 93% das pessoas receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19. Entretanto, alguns vacinados notaram que as doses aplicadas não constam no sistema do ConecteSUS - que contém dados sobre procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como a vacinação. A ausência do registro oficial faz com que os moradores do município se questionem se o percentual de vacinados está correto.

Esse é o caso de Elza Rebonatto que, por ter 69 anos, possui o esquema vacinal  completo, com duas doses, desde maio de 2021. A aposentada afirma não confiar no "vacinômetro" da prefeitura. “Se eu, que já tomei a primeira dose de reforço a algum tempo, que nem está registrada no sistema, como podem provar que essa porcentagem é verdadeira?”.

Elza descobriu que não constava a terceira dose registrada no ConecteSUS ao ir tomar a vacina contra a influenza. “Quando a enfermeira perguntou o porquê de ainda não ter tomado a terceira dose, eu fiquei em choque e, por azar, nem estava com o papel colado na carteirinha, que eles dão ao ir tomar a vacina”, relembra. 

Ao chegar em casa, a idosa conseguiu encontrar o comprovante da terceira dose. Porém, diz não saber como resolver o problema. Segundo ela, a enfermeira que a atendeu não soube explicar como ela deveria comprovar o esquema de vacinação. 

O mesmo questionamento é feito pelo assessor de comunicação, João Guilherme Castro, de 24 anos. Mesmo com as três doses recebidas, ele não consegue comprovar a dose de reforço. “Eu tenho as minhas três doses registradas na carteirinha, mas se precisar de um comprovante oficial, infelizmente só poderei comprovar as duas doses”.

Ana Paula Pontaldi, assistente de juiz, também enfrentou a demora para ter a segunda e a terceira doses comprovadas no ConecteSUS: a segunda foi aplicada em Ponta Grossa e a terceira em Blumenau, Santa Catarina.

Em Ponta Grossa, ela precisou ir até o Pronto Socorro para comprovar a segunda dose. “Como a terceira dose, aplicada em Blumenau, demorou mais de um mês para aparecer no sistema, resolvi entrar em contato com a prefeitura de lá pelo Instagram e, cerca de meia hora depois de ter enviado os meus dados, a minha terceira dose foi comprovada.”

Foto Diego Chila

Foto: Diego Chila

Leva-e-traz

  Para o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), o problema nos registros das vacinas aplicadas na população são de responsabilidade do DataSUS, gerenciado pelo Ministério da Saúde. A mesma alegação é feita pela Prefeitura de Ponta Grossa, ao mencionar que o Ministério da Saúde apontou instabilidades do ConecteSUS. A prefeitura ainda comunica que o problema no sistema não possui relação alguma ao ataque hacker que aconteceu em dezembro de 2021. 

Sobre a perda do cartão ou do selo de vacinação, a Prefeitura reforça o cuidado com os documentos. Caso não haja a confirmação da comprovação das doses, o cidadão é considerado como não vacinado. Em Ponta Grossa, para solicitar a atualização e inclusão dos dados, o vacinado precisa ir até o Centro de Imunização, que fica aos fundos do Pronto Socorro Doutor Amadeu Puppi, portando a carteira de vacinação e os documentos pessoais.

Em nota, o Ministério da Saúde informa que não há instabilidade no ConecteSUS. Além disso, esclarece que o sistema espelha exatamente os registros inseridos pelos estados e municípios através da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), conforme a Lei Nº 14.124/2021. O ministério também explica que, quem não tiver o registro disponível no aplicativo em até 10 dias após a data da sua vacinação, ou que o registro apresenta informações incorretas, deve buscar o local de vacinação ou as secretarias de saúde da cidade em que tomou a dose, para solicitar a correção.

 

Ficha técnica

Reportagem: Leriany Barbosa

Edição e publicação: Diego Chila e Tamires Limurci

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen