Pacientes transplantadas viveram momentos muito difíceis; conheça a história de três delas

 

O número de doações de órgãos caiu em 4,43% no Paraná: em 2019, ocorreram 497 doações; em 2020, foram 475, com queda de 22 doações, ou 4,43%. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA), não é possível afirmar se a queda está ligada somente à pandemia do coronavírus ou se existem outros fatores.
Atualmente, segundo a Sesa, existem 2.394 pessoas à espera de algum órgão no Estado. Este número leva em consideração órgãos e tecidos. Segundo o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, existem dois tipos de doadores: o doador falecido, que são pacientes que foram diagnosticados com morte encefálica e podem doar rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino; e tecidos, incluindo córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.
Há também o doador vivo, pessoas saudáveis que podem doar parte do fígado e seus rins para um familiar de até 4° grau consanguíneo. Para doar para uma pessoa que não tem ligação sanguínea, é necessário autorização judicial. No Paraná, a forma de doação que mais acontece é após falecimento.

Foto Santa Casa

O Hospital Santa Casa de Misericórdia em Ponta Grossa é referência na coleta de doações de órgãos na cidade. Foto: arquivo Periódico

 

Livia, a advogada que precisou de um rim
A advogada Lívia Pinheiro, moradora de Barão Geraldo, distrito de Campinas, no interior do estado de São Paulo, foi diagnosticada em 2008 com hipertireoidismo. Com o acompanhamento médico, percebeu que o número de plaquetas começou a cair. Em 2012, ela descobriu o motivo dessa diminuição: foi diagnosticada com Plaquetopenia, uma hepatite autoimune, que havia deixado o seu fígado cirrótico. Na época, o médico alertou sobre a necessidade de um transplante hepático.
Após oito anos de tratamento, seu quadro se agravou em 2020. “Eu estava bem e, inclusive, havia sido dispensada das consultas de rotina, devido à pandemia. Mas, em abril, tive uma crise de encefalopatia hepática [deterioração de funções cerebrais por pessoas com hepatite grave], o que me obrigou a retornar ao acompanhamento com a mesma periodicidade de antes. Em agosto, foram descobertos dois carcinomas no meu fígado e, diante disso, foi agendada nova consulta no gastrocentro da Universidade Estadual de Campinas, para que eu fosse listada”, conta Lívia.
Ela então foi internada com insuficiência renal devido a diabetes medicamentosa, passando para a primeira posição na fila de transplante. Durante o internamento para a cirurgia, Lívia não podia receber visitas devido à covid-19. Outro agravante foi o baixo estoque de sangue. “Precisei de uma bolsa e soube, por parte dos enfermeiros, que o estoque estava baixo. Algumas semanas depois, soube que três pessoas deixaram de transplantar por não haver sangue suficiente”. As dificuldades não impediram a cirurgia, realizada em outubro de 2020.
Lívia está imunizada contra a covid-19, segue sua dieta e a rotina de medicamentos. Os exercícios físicos foram liberados, sempre com uma cinta abdominal para evitar o surgimento de hérnias.

Pietra, a bêbê transplantada
Pietra Manuella, moradora de Paracambi, município do Rio de Janeiro, fez o seu transplante com um ano e dois meses de idade. Ela nasceu com Atresia de Vias Biliares (AVB), sem a vesícula das vias biliares. Pietra realizou a cirurgia de “Portoenterostomia de Kasai”, procedimento que liga o intestino delgado ao local de maior acumulação de bílis no fígado. Na cirurgia, acabou sofrendo uma parada cardíaca de 15 minutos.
A mãe, Débora Oliveira, relembra a trajetória da filha desde o nascimento. Após um mês de vida, Pietra ficou "amarelinha''. E, aos sete meses, descobriu-se que seria necessário um transplante. Inicialmente, seu pai seria doador, mas problemas de saúde impossibilitaram a doação. Passados cinco meses de espera na fila de transplante, a família recebeu a notícia do “fígado tão sonhado".
No pós-cirúrgico, o quadro de Pietra ficou grave: precisou permanecer 17 dias entubada e 40 dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Seu quadro se estabilizou por dez dias, porém, no dia em que teria alta, foi identificado um nível alto de plasmas no sangue. “Ela teve uma convulsão, não respondeu aos medicamentos, os médicos desceram com ela para o CTI e a entubaram, convulsionou o dia todo. Na tomografia, apareceu um sangramento na cabeça, que nenhum médico soube explicar”.
Após três dias em estado grave, cinco dias entubada e dez dias no CTI, Pietra voltou para o quarto, onde permaneceu internada por mais 20 dias, até receber alta.

Maíra Foletto Jost, a estudante
A estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maíra Jost, moradora de Tunas, Rio Grande do Sul, foi diagnosticada com diabetes aos 12 anos de idade. Desde então, usou insulina e medicamentos por 18 anos.
Durante esse tempo, desenvolveu complicações como insuficiência renal crônica, pancreatite aguda e retinopatia diabética, perdendo a visão do olho direito. Devido à insuficiência renal, teve que iniciar tratamento com hemodiálise três vezes na semana, por dois anos e quatro meses, tendo que se deslocar até Passo Fundo e, posteriormente, até Soledade.
Maíra aguardou na fila para transplante duplo durante dois anos no Rio Grande do Sul. Em uma consulta, foi informada de que o período de espera iria demorar mais, devido à pausa de transplantes do tipo que necessitava. Então decidiu ir atrás do seu “sonho”. “Entrei em contato com a equipe médica Hepato de São Paulo, através de redes sociais, e com o próprio coordenador de transplantes, o doutor Marcelo Perosa, que ouviu minha história e aceitou o desafio.”
Após o contato com a equipe médica de São Paulo, Jost fez todos os exames necessários e constatou que tinha condições para o procedimento. Então transferiu seus atendimentos de hemodiálise para a capital paulista e aguardou por mais dois meses na casa de uma família que a acolheu. “O momento do chamado para realização do transplante jamais será esquecido em minha mente, a voz da enfermeira Aline, emocionada, me comunicando que havia órgãos compatíveis disponíveis para mim”
Após a cirurgia, Maíra segue com uma vida saudável e sem diabetes. “Hoje estou com praticamente dois anos de transplante, e isso só foi possível devido a conscientização da doação de órgãos”.


Ficha Técnica
Reportagem: Rafael Piotto
Edição e Revisão: Leonardo Duarte
Publicação: Leonardo Duarte, Yasmin Orlowski
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Pacientes passaram de 5,7 mil em 2019 para 6,8 mil somente nos primeiros seis meses deste ano

 

Além das mortes que ultrapassam 550 mil, a pandemia de covid-19 afeta a saúde mental. Em Ponta Grossa, por exemplo, houve aumento na procura de atendimento para casos de ansiedade. Segundo dados da Prefeitura, considerando Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centro Psicossocial (CAPS), em 2019 o total de pacientes atendidos foi de 5.766; em 2020, subiu para 6.447; neste ano, até julho, atingiu 6.858.

O estudante Rafael Bahls enfrenta o problema. Ele trancou seu curso da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) no ano passado depois de sentir que as crises de ansiedade se intensificaram durante a pandemia. Bahls aumentou as consultas com a psicóloga e aumentou a prática de exercícios físicos, o que vem melhorando seu quadro de ansiedade.

 

Psicólogas 

A psicóloga Heloisa Christina Mehl diz que o aumento da ansiedade na pandemia se deve à perda da rotina, de emprego, diminuição da renda, ao isolamento social, novas formas de estudo e de trabalho. Ela lista ainda a circulação de notícias falsas e as frequentes notícias de mortes, inclusive de pessoas próximas, como familiares.

Para Heloisa, o lockdown é um mal necessário, apesar de videochamadas e plataformas para aulas e serviços atenuarem o distanciamento. “Mas, infelizmente, não são todas as pessoas que tiveram acesso a essas ferramentas, tendo suas vidas afetadas no âmbito financeiro, educacional ou profissional, o que certamente aumenta os índices de ansiedade”, pontua. 

Heloisa percebeu aumento no número de pacientes, cuja maior faixa etária são jovens adultos, que estão na universidade. “Os maiores fatores de ansiedade foram a mudança de rotina, novas formas de estudo e aulas, incerteza financeira e quanto ao futuro, além de perdas de conhecidos e familiares, devido à covid”, completa. 

A psicóloga Fabiana Nunes Jacontho aponta o lockdown como um dos principais motivadores para o aumento de crises de ansiedade, pois podem surgir sentimentos de impotência nas pessoas.

 

Estudos

O aumento da ansiedade não acontece só em Ponta Grossa e no Paraná. No Rio Grande do Sul, por exemplo, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre maio e junho deste ano mostra que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia de coronavírus. Os pesquisadores ouviram 1.996 pessoas maiores de 18 anos.

Outra pesquisa, realizada pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, em março deste ano, mostra que o Brasil, comparado a outras dez nações, é líder em casos de ansiedade e depressão durante o período pandêmico.

 

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Ficha Técnica

Reportagem: Yasmin Orlowski

Edição e Revisão: Gabriel Clarindo Neto

Publicação: Gabriel Clarindo Neto

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

No último mês, mais de 100 mil doses foram aplicadas na cidade

 

Em junho, Ponta Grossa ultrapassou a marca de 50% da população vacinada com a primeira dose ou a dose única da vacina contra a covid-19, o que representa mais de 130 mil doses aplicadas no município. Segundo a prefeitura, até o dia 26 de julho de 2021 foram aplicadas o total de 230.648 doses.

O mecânico Adriano Michelis tem esperança de que toda a população seja imunizada para que possa voltar à sua rotina normal. Ao ser vacinado, ele relata alívio, mas mantém os cuidados necessários para não se contaminar, já que tomou apenas a primeira dose. “A vacina não imuniza 100%”.

 

Arquivo UEPG. Unidade de Saúde Dra. Zilda Arns, Parque Nossa Senhora das Graças. Foto: Fernanda Wolf

 

Cristina Bueno Teixeira, moradora da cidade, foi contaminada pelo vírus em 2020. Ela ficou internada por seis dias na UTI e ainda apresenta sequelas, como queda de cabelo, aumento de peso pela quantidade de soro que precisou tomar, além de precisar de ajuda psiquiátrica. Cristina já tomou a primeira dose da vacina. “Eu me sinto aliviada”.

Para a dona de casa Teresinha Ferreira de Lima, que passou por cirurgias na coluna e apresenta baixa imunidade, cada dia que passou sem ser vacinada e não se contaminou foi uma vitória. A principal dificuldade em ter dores crônicas era não poder ir até o hospital para ser medicada, com medo de contrair o vírus. De acordo com Teresinha, o momento mais difícil foi a perda de amigos próximos. Ela acredita que se a vacinação tivesse chegado antes, muitas pessoas não teriam morrido. Para ela, o momento de vacinação foi emocionante, apesar de não se sentir imunizada completamente. “Eu senti como se tivesse me fortalecendo contra um vírus que tem levado muitas pessoas”.

Para a professora Makelly Kaoane dos Santos, a emoção de receber a primeira dose da vacina é inexplicável. Mas ela se preocupa com as novas variantes do coronavírus, por não saber até que ponto a vacina que tomou vai ser eficaz. Durante a pandemia, sua principal dificuldade foi ficar isolada em casa. Ela não foi contaminada, mas sentiu medo quando seus avós ficaram doentes. O avô de Makelly pegou covid-19 em 2020 e precisou de oxigênio. Sua avó, contaminada neste ano, passou 21 dias na UTI. “Eu fiquei aliviada por ter tomado a vacina e não ter pego covid, pois não sei como meu organismo ia reagir”.

Calendário

De acordo com o Governo do Estado do Paraná, a vacinação para a população em geral deve continuar acontecendo dos mais velhos para os mais novos. A distribuição dos imunizantes segue de acordo com os repasses do Ministério da Saúde.

Até 22 de agosto, está previsto que pessoas entre 39 a 30 anos recebam a primeira dose. A partir de 23 de agosto, até 19 de setembro, o público entre 29 a 20 anos. E dos dias 20 a 30 setembro, a população de 19 e 18 anos, conforme a disponibilidade de doses.

Ficha técnica

Reportagem: Larissa Godoi

Edição e Revisão: Matheus Gaston e Tayná Lyra

Publicação: Tayna Lyra

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Procedimentos foram suspensos no início da pandemia para liberar leitos em hospitais

 

Com a piora da pandemia de covid-19 e o aumento da ocupação dos leitos nos hospitais do Paraná, as cirurgias eletivas (aquelas que não são de urgência) precisaram ser suspensas, prejudicando quem espera pelo procedimento. Bruna Oliveira aguarda pela cirurgia do joelho há dois anos. Ela não consegue movimentar a articulação e isso causa muita dor. Havia a esperança de fazer a operação no início de 2020, mas teve que suportar a dor e o incômodo por todos esses meses. “Tem sido muito difícil. Tem dias que nenhum remédio faz efeito e o que me resta é apenas esperar”.

Bruna continuou trabalhando durante um tempo, mas ficou desempregada com a chegada da pandemia e teve dificuldade financeira, mesmo recebendo o Auxílio Emergencial. “Por causa da minha dor constante no joelho eu sempre estou comprando muitos remédios, algo que tive que diminuir com a minha demissão, por ter outras despesas mais importantes para pagar”, completa.

Bruna não vive sozinha, mora com o irmão de treze anos. Os dois perderam a mãe em setembro do ano passado para a covid-19. Na época, sua mãe era diarista e enfrentava ônibus lotado todos os dias. Desde então, Bruna tem sido a fonte de renda em casa e o apoio de seu irmão. O que a deixa preocupada é pensar na atual situação financeira da família, pois ela terá que ficar em repouso depois que conseguir realizar a cirurgia. “Me preocupa pensar que vou ficar parada, porque se for depois da pandemia, já não vou receber mais o auxílio e não terei renda para sustentar meu irmão e eu. Apesar de termos família, não somos próximos para pedir ajuda financeira”, explica.

 

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Hospital Universtiário da Universidade Estadual de Ponta Grossa

Foto: Eder Carlos | Arquivo Periódico

 

Caminhoneiro
Outro paciente que espera por cirurgia é o caminhoneiro Anderson Costa. Diagnosticado com diabetes há dez anos, notou uma alteração brusca na visão. Após os exames realizados pelo oftalmologista, foi detectada catarata. “No primeiro momento fiquei em choque, mesmo sabendo da minha doença e cuidando dela, não imaginaria que teria catarata, ainda mais tão cedo, já que é normal que só os mais velhos tenham”, diz. Aguardando há um ano e meio pela cirurgia, Anderson está apreensivo, pois tem medo que a doença se torne irreversível.
“Meu maior medo é perder a visão, porque sem ela não consigo trabalhar com a profissão que tenho há anos, isso me deixaria perdido e sem emprego por um bom tempo”, relata. Sem dirigir desde que notou dificuldades para enxergar, Anderson tem conseguido se manter com o Auxílio Emergencial e com o trabalho de sua esposa. Com a volta das cirurgias eletivas, espera ser chamado logo.

 

Secretaria
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA) informou que ainda não há levantamento do número de pacientes esperando por cirurgias eletivas nos municípios e instituições do estado. Também destaca que há uma reorganização nos processos para identificar todas as demandas a partir de cada cidade e dos Consórcios Intermunicipais de Saúde.
Segundo a SESA, a realização de cirurgias eletivas é possível pela redução na taxa de ocupação dos leitos de Covid-19, que vem ocorrendo desde o início deste mês. O retorno é válido apenas para unidades que tenham capacidade de recursos humanos, com equipes profissionais disponíveis, insumos (medicamentos) e condições operacionais. Essas ações devem respeitar a Resolução 632/2020, segundo a qual qualquer alteração relativa à pandemia justifica novas medidas.
Em Ponta Grossa, o Hospital Universitário (HU) retomou as cirurgias eletivas no dia 16 de julho e convocou pacientes para consultas ambulatoriais pré-cirúrgicas. Por meio de nota, o HU informou que existem 16 leitos, antes usados para Covid-19, Clínica e UTI Geral. Dessa forma, passam a ser 60 leitos da UTI exclusivos para Covid-19, quatro leitos de emergência e 53 leitos clínicos.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Ana Paula Almeida

Edição e Revisão: Gabriel Ryden, Larissa Onorio

Publicação: Gabriel Ryden

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Índice se refere ao período de maio a junho deste ano

Nos últimos três meses, entre maio e junho de 2021, o total de vítimas da Covid-19 em Ponta Grossa com idades entre 18 e 59 anos quase dobrou, passando de 46 para 86. Do início da pandemia até o mês passado, foram 1.115 mortos na cidade. O aumento inverte a tendência de queda dos três primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, quando as vítimas maiores de 60 anos caíram de 334 para 217.

Entre os mortos estão o avô de Jéssica Cardoso, estudante de enfermagem, Efrain Cardoso, e seu pai, Orlei Cardoso. Segundo ela, foi difícil superar duas perdas tão rapidamente. “Fico indignada ao ver pessoas morrendo de uma doença para a qual já se tem vacina”.

De acordo com a psicóloga Juliana de Godoy, as mortes podem afetar a saúde mental de parentes das vítimas e das demais pessoas da população. “Os efeitos psíquicos dessas mortes podem ser sentimento de medo, desamparo e vulnerabilidade, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e transtorno do estresse pós-traumático”, enumera a psicóloga. 

Foto: Fernanda Roccio / Arquivo Lente Quente

Campanha de vacinação contra Covid-19 em Ponta Grossa avança de acordo com o repasse pelo Governo Estadual. O número de doses aplicadas teve aumento superior a 89% entre maio e julho.

 

 

Ficha técnica:

Repórter e editor: João Gabriel Vieira 

Publicação: Deborah Kuki e Larissa Godoi

Supervisão: Marizandra Rutilli, Marcos Zibord e Maurício Liesen

Segundo prefeitura, de março de 2020 a julho de 2021 foram 991 registros

 

Com média de 91 casos por mês, a prefeitura de Ponta Grossa informa que, de março do ano passado até 7 de julho deste ano, foram 991 casos de Covid-19 - 459 na faixa de zero a quatro anos, e 532 entre cinco e nove anos. Nenhuma morte foi registrada. 

 

cmei petronio fernal Assessoria da prefeitura Rafael K

Foto: Assessoria da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa

 

No Paraná, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SESA), de março de 2020 a junho de 2021 foram registrados 38.548 casos de coronavírus na faixa de zero a nove anos. Em 2020 foi registrado um óbito e em 2021 foram 17, segundo informações da SESA.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, até maio deste ano, mais de 2 mil crianças de zero a nove anos morreram por causa da doença no Brasil, o que representa 400 casos por mês. No total 1,3 mil eram bebês com menos de um ano de idade.

Na comparação com adultos, crianças e adolescentes são menos infectados pela covid-19, dizem os médicos Marco Aurélio Palazzi Sáfadi e Clovis Artur Almeida da Silva. No artigo “O Espectro Desafiador e Imprevisível da Covid-19 em Crianças e Adolescentes”, publicado na Revista Brasileira de Pediatria, eles afirmam que os casos neste público podem variar de assintomáticos a graves, e que nos casos leves febre e tosse são os sintomas mais comuns.

  

Drama familiar

A Covid-19 angustia famílias, como a da estudante de psicologia Larissa Barros, 21, moradora de Ponta Grossa. O irmão mais novo dela, Anthony, de três anos, teve a doença.

Larissa suspeita que o irmão tenha sido contaminado pela mãe deles, que tem 41 anos, trabalha como enfermeira e foi infectada pelo vírus. Segundo a estudante, Anthony teve sintomas leves, como febre e dor de garganta. Ele já está curado.

Durante os sintomas, Anthony queria ficar perto da mãe porque é muito apegado a ela. Mas ela foi a que mais se debilitou por conta da doença. Larissa descreve a separação forçada entre o irmão e a mãe como uma experiência “muito triste”.

 

Ficha técnica

Reportagem: Maria Eduarda Eurich

Edição e Revisão: João Gabriel Vieira, Marcella Panzarini

Publicação: Gabriel Clarindo Neto

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

 

Confira o comentário em vídeo de Kauana Neitzel, e logo em seguida a versão em texto.

 

 

 

A vacinação contra o vírus da covid-19 segue de maneira tortuosa no país: com aplicações de segundas doses sendo adiadas, pessoas que não estão nos grupos de prioridade sendo vacinadas, doses estragando por falta de cuidados são alguns dos problemas. Inclusive, existem até casos de pessoas que deveriam estar na lista de prioridade para receber a vacina, mas ficaram de fora do Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. Alguns exemplos seriam cuidadores de idosos, e estudantes de enfermagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que estagiam em Unidades Básicas de Saúde, e maternidades de hospitais. Parece ser algo simples que cuidadores de idosos, e que estudantes da área de saúde, que não sejam de medicina, odontologia e farmácia, que inclusive já foram vacinados, deveriam receber o imunizante, mas parece fugir aos olhos de quem tomam as decisões referentes a distribuição das doses.

Quando questionados, ambos os grupos apontaram pela necessidade de serem imunizados para conseguirem cumprir seus deveres. Para os estudantes, a culpa de não terem recebido doses da vacina seria da coordenação de seus cursos, que demoraram para efetuar as solicitações, e para os cuidadores de idosos, a questão está mais ligada a falta de um órgão representante da profissão. Apesar disso, eles também colocam a responsabilidade no governo federal.

No Brasil, até o dia 03 de maio, 31.875.681 pessoas receberam a primeira dose, 15.869.985 pessoas receberam a segunda. Com um processo de imunização tão retardado, é difícil dizer quando as pessoas que não estão nos grupos de prioridade receberão a vacina. Tudo que nos resta é cuidar para não contrairmos o vírus, protegendo nós mesmos, e também quem está em nossa volta.

 

Ficha técnica:

Repórter: Teodoro Anjos

Edição: Teodoro Anjos

Publicação: Vítor Almeida

Professor responsável: Muriel Emídio Pessoa do Amaral

 

Média de imunização cresceu 108,5% de fevereiro para março, enquanto aumentou somente 27% em abril,  aponta “Vacinômetro” 

 

Ponta Grossa completou três meses de vacinação contra a Covid-19 em abril. De acordo com os dados do “Vacinômetro”, disponível no site da prefeitura, até o último dia do mês foram aplicadas 75.134 vacinas, 65,8% corresponde à primeira dose. A média de imunização teve aumento de 108,5% no mês de março em relação a fevereiro. Também subiu o número de pessoas vacinadas com a primeira dose: 123,4% a mais. Já a segunda dose teve aumento de 57,6% de aplicação entre os dois meses. Entretanto, de março para abril ocorreu uma desaceleração da média de aplicação. O número total cresceu somente 27%. No caso da primeira dose, houve um decréscimo de 26% de doses aplicadas em abril comparado a março. A respeito da segunda dose, o aumento foi de 285% de aplicação.

 Infográfico: Manuela Roque

 

Segundo o gestor em saúde Isaias Cantoia, o ritmo de vacinação em Ponta Grossa está lento. Ele explica que o principal empecilho para o aumento de doses aplicadas no município foi o despreparo do governo federal em relação à elaboração de um plano de imunização contra a Covid-19 para o país. “Em Ponta Grossa nós temos pessoas capacitadas e nós temos estrutura física para vacinação, mas por conta da pressão política, do meio empresarial e da sociedade, o governo federal começou somente agora a se mexer atrás de vacina, coisa que ele deveria ter pensado em julho do ano passado”, afirma. 

Isaias também destaca que não existe uma previsão de reposição das doses. O gestor ressalta que, ao passo que cheguem mais vacinas, o município tem total capacidade de aplicá-las com agilidade. “Ponta Grossa tem mais de 30 salas de vacina. Portanto, a gente teria condições de estar vacinando algo em torno de oito mil pessoas por dia, visto que em um único drive-in de vacinação na cidade foram vacinadas mais de duas mil pessoas.” explica.

Calendário de Vacinação

Outro ponto relembrado pelo gestor em saúde é que o calendário de vacinação dos municípios depende também do Instituto Butantã e da Fiocruz, os dois produtores de vacinas no Brasil. Isaias comenta que, mesmo com uma linha de produção diária, os esforços dos institutos não são suficientes para abastecer os mais de 5.000 municípios brasileiros de forma que a vacinação ocorra mais rapidamente, visto que a Fiocruz depende de insumos vindos de fora do país. Ele cita também a falta de transparência do governo federal a respeito dos contratos com outras fabricantes de vacinas no mundo como outro agravante: “A gente vê todos os dias autoridades nacionais dizendo que já tem contratos firmados com laboratórios que produzem vacinas, mas em sua maioria são contratos que ainda não foram efetivamente realizados”. 

Como divulgado na edição 216 do jornal Foca Livre, Ponta Grossa precisa vacinar cerca de 248 mil habitantes contra a Covid-19. A cidade recebeu 84.041 doses até o momento. Durante os três meses de vacinação, a média de imunização foi de 864 ponta-grossenses por dia. O gestor evidencia que a vacinação é a única saída para desafogar o colapso que se encontra o sistema de saúde da cidade. “Nós estamos vendo diariamente a saturação dos leitos hospitalares, o extremo cansaço dos profissionais de saúde e a falta de insumos. E embora o governo estadual consiga abrir novos leitos e compre mais respiradores, ainda sim não vai ter gente para atender a população.” 

Hospital Universitário Regional (HU)

A situação atual do Hospital Universitário é um exemplo. Segundo Teresinha Pelinski, a equipe de enfermagem que trabalha na ala destinada a pacientes com Covid-19 possui aproximadamente 50 profissionais, e seria necessário mais para atender a demanda diária. “Estamos há um ano sem formar um técnico em enfermagem na cidade, tendo em vista que esses profissionais precisam fazer estágios para sua capacitação e isto está suspenso devido à situação atual da doença”, relata. 

Isaias observa que o momento atual é pior do que o imaginado, devido à internação de uma parcela da mais jovem da população, a qual tem mais resistência física e permanece por um longo tempo no hospital. Além disso, as novas variantes do vírus encontradas no país são transmitidas com mais facilidade e tem um comportamento mais infeccioso no organismo humano. Ele também comenta que, mesmo recuperados da Covid-19, as pessoas que se contaminaram com vírus devem depender cada vez mais dos profissionais da saúde devido às sequelas em seus organismos, visto que a doença afeta a saúde de maneiras que ainda são desconhecidas pela ciência. 

O gestor ressalta que o colapso no sistema de saúde atual é um reflexo da despreocupação da sociedade no final do ano de 2020 e nos meses de férias: “Em janeiro e fevereiro, o pessoal achou que poderia viajar, festejar e se aglomerar, e hoje nós estamos pagando um preço muito caro em termos de vidas perdidas.” Ele frisa que os desentendimentos políticos no Brasil a respeito de como lidar com a pandemia também agravaram a situação da Covid-19 no país. “A gente percebe que tem uma boa parcela de políticos que defendem o isolamento social e a implantação de medidas mais restritivas, mas ainda tem uma outra parcela de líderes, encabeçados pelo próprio presidente da República, que nega tudo que está acontecendo.”

Desinformação

Devido ao perigo do processo de desinformação para a sociedade, Isaias entende que medidas mais drásticas precisam ser adotadas para que a população compreenda a gravidade do vírus. O isolamento social, o lockdown, e as medidas restritivas impostas em decretos são alguns exemplos citados pelo especialista. “O custo econômico se recupera ao longo do tempo. O custo sanitário não. Pessoas que morrem não voltarão”. 

Em janeiro, a prefeitura informou que a expectativa de término da vacinação dos grupos prioritários é até o mês de maio. Contudo, o Plano de Imunização Municipal contra a Covid-19 não esclarece quais são os grupos englobados nesta fase. O restante da população que pode receber a vacina deve levar, no mínimo, oito meses para ser vacinada. Até então, menores de 18 anos não estão sendo considerados nos grupos de vacinação. A reportagem entrou em contato com a Coordenadoria do Programa Municipal de Imunização a respeito de atualizações de datas para os grupos entre 18 e 50 anos no calendário vacinal contra a Covid-19, mas não obteve retorno.

 

Ficha Técnica

Repórter: Manuela Roque

Edição: Larissa Onorio

Publicação: Jessica Allana

Supervisão: Prof NRI I Marcos Zibordi e Rafael Kondlatsch e Textos II Kevin Kossar

Atendimentos atrasados podem provocar complicações na gestação

 

Ponta Grossa enfrenta alto número de gestantes à espera de consultas de pré-natal de alto risco e de nível intermediário. Os atendimentos que haviam sido suspensos devido ao afastamento dos três médicos obstetras, que são do grupo de risco, retornaram em 19 de Abril, com o agendamento das consultas. As 311 grávidas que aguardavam por atendimento de pré-natal de alto risco, foram agendadas.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, estão marcadas 110 consultas por semana e pretende-se atender todas essas gestantes até o dia 07 de maio. Quanto à lista de espera de consultas de pré-natal intermediário geral, a fila foi de 537 gestantes, para 511 e na terceira semana 517. No intervalo de duas semana, foram atendidas 26 pacientes.
Segundo a Prefeitura, as gestantes que são classificadas como de alto risco, precisam passar por avaliação do obstetra para que, se confirmada a situação, o médico irá mudar o local do parto da grávida. Devido à pandemia, o contexto é atípico, houve vários afastamentos de profissionais, gerando a fila. A prefeitura ressaltou também que as especialidades são de responsabilidade do Estado, sendo o município um "colaborador". O Estado, neste período, ofertou poucas vagas, sendo um pouco mais de 40 entre os meses de março e abril.
De acordo com o médico obstetra Henrique Hoffmann, quando se identifica alguma anormalidade na evolução da gravidez ou mesmo alguma doença que acometa a mãe, o bebê ou ambos (como diabetes, pressão alta, malformações fetais), a gestação passa a ser classificada como de risco intermediário ou de alto risco, dependendo da gravidade dessas alterações.
São gestações que demandam maior atenção, pois há, estatisticamente, maiores chances de complicações identificáveis durante o pré-natal, parto ou pós-parto. Em alguns destes casos, a mulher vai precisar de atendimento médico e multiprofissional especializados (nutricionista, psicólogo, endocrinologista, educador físico, obstetra). Esses atendimentos devem ser encaminhados oportunamente pela equipe da Unidade de Saúde.

TEMPO DE ESPERA

Questionada em relação à situação das grávidas de alto risco à espera de atendimento, a prefeitura garantiu que toda gestante no início do seu pré-natal é vinculada ao Hospital Universitário Materno Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HUMAI). Portanto, ela não fica desassistida, em caso de intercorrências. Além disso, quando está na rotina de pré-natal, deve ter todo o suporte nas Unidades de Saúde (UBS), onde atuam médicos obstetras que estão em home office.
Uma das preocupações que existe é acerca do tempo que estas gestantes ficam nesta lista de espera. Para o médico obstetra, essas filas impactam gravemente na qualidade do atendimento à mulher grávida e ao seu bebê. “No pré-natal existem prazos no que diz respeito à realização de exames e ao nascimento. A demora no atendimento pode atrasar a realização de exames fundamentais e mesmo atrasar o encaminhamento da gestante à atenção especializada, que é o diferencial entre desfechos positivos e negativos na gravidez”, afirma.
Segundo Hoffmann, durante o pré-natal diversas condições potencialmente graves podem ser identificadas, inclusive num momento anterior ao período em que afetem a boa evolução da gravidez. “Por exemplo: é fundamental que uma mulher hipertensa visite a equipe de saúde assiduamente para saber como vai o controle da sua pressão, se é preciso ou não prescrever alguma medicação, se a pressão alta de alguma maneira interferiu na gestação, se vai ser preciso adiantar o nascimento em decorrência dela, etc. Neste mesmo exemplo, se o feto nasce prematuro em decorrência de mau controle da pressão porque a paciente não teve sua medicação ajustada a tempo, a prematuridade é consequência direta do pré-natal insuficiente”, pontua.

CONTEXTO DOS DADOS

As listas com os dados de atendimento em saúde são divulgadas todas as quarta-feiras no site da Fundação Municipal de Saúde (FMS). A reportagem acompanhou a divulgação durante três semanas. Quanto ao histórico da lista de espera por consultas nas especialidades de pré-natal de alto risco e intermediário geral, no dia 14 de abril havia 537 grávidas à espera de consultas de pré-natal intermediário geral, e 331 à espera de consultas de pré-natal de alto risco.
Cinco dias depois, a lista de espera do pré-natal intermediário geral diminuiu para 511, tendo sido atendidas 26 gestantes. Já a fila por atendimento de pré-natal de alto risco estava zerada, cumprindo os agendamentos. Na última semana antes do fechamento do jornal na edição, final de Abril. A lista de espera do pré-natal intermediário geral aumentou para 517. E a fila do pré-natal de alto risco aumentou 6 gestantes. Em relação às listas de espera de outros meses, foram solicitadas à Prefeitura; porém, não obtivemos resposta.

Ficha Técnica

Repórter: Rafael Piotto
Editor de Texto: Prof. Marcos Zibordi
Supervisão: Rafael Kondlatsch, Marcos Zibordi e Kevin Kossar

Publicação: David Candido