Campanha Julho Amarelo alerta sobre risco das hepatites virais

Doença atinge mais de 30 mil brasileiros por ano; no Paraná são cerca de 2 mil


No calendário de campanhas que usam cores para incentivar o tratamento de doenças, julho aparece como o mês que busca conscientizar sobre a hepatite viral, doença que atinge cerca de 33 mil brasileiros por ano
O Julho Amarelo existe desde 2019, por meio da Lei Federal nº 13.802. A campanha se intensifica em 28 de julho, Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais.
A hepatite viral é uma inflamação das células do fígado causada por vírus, que podem gerar alterações leves, moderadas ou graves. A doença é dividida em cinco variações: A, B, C, D e E. No Brasil, as categorias mais comuns são os vírus A, B e C.
O hepatologista Rafael Ximenes diz que a principal dificuldade para identificar a doença é a demora na manifestação de sintomas. Quando eles surgem, são acompanhados por outros problemas de saúde. "As hepatites são doenças silenciosas. Podem não gerar sintomas. Os pacientes demoram a procurar assistência médica, e quando procuram, muitas vezes os casos já são graves.”
O médico afirma que, mesmo sendo menos comum, quando manifestados na fase aguda os sintomas costumam ser febre, náuseas, desconforto e fraqueza. Em alguns casos o paciente pode apresentar os olhos e a pele amarelados (icterícia).
De acordo com o hepatologista, após a fase aguda o paciente pode ficar sem sintomas durante anos e até mesmo desenvolver cirrose ou câncer no fígado. “No caso de avanços para demais doenças, podem surgir outros sintomas, como o acúmulo de água na barriga (ascite), vômitos com sangue, devido ao sangramento de veias dilatadas no estômago, e confusão mental (encefalopatia hepática)”, acrescenta.
Segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em 2020, nos últimos 20 anos foram notificadas 673.389 pessoas com hepatites virais no país, o que corresponde a cerca de 33.669 portadores dos vírus por ano.
No Paraná, de acordo com o documento, durante os anos de 1999 e 2019 o Estado notificou 12.228 quadros de hepatite A, 29.860 de hepatite B, 12.871 de hepatite C e 116 de hepatite D.

 

Paciente
O representante comercial Erick Hireman, que foi infectado pelo vírus da hepatite A na infância, relata que, por não existir um tratamento específico para a doença, ele realizava exames com frequência para acompanhar o quadro de infecção. Segundo Hireman, durante os dois meses de recuperação, foi necessário o repouso quase absoluto devido aos sintomas. “Precisava realizar exames de sangue a cada dois dias e seguir as recomendações médicas. Devido ao cansaço e enjoo, adaptei a minha alimentação para hábitos mais saudáveis, além de passar o dia em descanso”, conta. Hoje ele afirma não sofrer com nenhuma sequela da infecção, podendo levar uma vida normal, sem precisar de acompanhamento médico.

 

Testes
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testes para diagnósticos das hepatites de duas formas: exames laboratoriais e testes rápidos. A vacinação, também ofertada pelo SUS, está disponível contra os vírus A e B.
No caso de tratamentos, para a hepatite A recomenda-se repouso e cuidados com a alimentação. Em quadros de hepatite C, a intervenção é feita com antivirais de ação direta (DAA) durante 8 ou 12 semanas. As hepatites B e D não possuem cura, mas o tratamento com medicamentos específicos pode reduzir o risco de progressão e complicações.

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre.

Ficha Técnica
Repórter: Victória Sellares
Editor de Texto: Carlos Solek
Publicação: Leonardo Duarte
Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral
Supervisão Periódico: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Doações de sangue caem 50% em Ponta Grossa

Principal motivo para a queda foi a pandemia, segundo o Hemepar

 

As doações de sangue em Ponta Grossa durante a pandemia caíram 50%, segundo o Hemepar da cidade. Isso prejudica pacientes de tratamentos contínuos, como é o caso dos portadores de talassemia (uma forma de anemia crônica, de origem genética) e de alguns tipos de câncer, como leucemias e linfomas. Além disso, pessoas com quadros de tromboses venosas e arteriais, doenças hemorrágicas e hemoglobinopatias precisam, de maneira contínua, de uma quantidade significativa de sangue.

Danielle Chiarello Oberg da Cruz, técnica administrativa do Hemepar de Ponta Grossa, diz que o estoque do banco de sangue se encontra em estado crítico por causa da queda das doações. "Estamos contando com doadores de repetição, aqueles doadores que ligamos para que venham doar." Danielle explica que o Hemepar de Ponta Grossa tinha uma média de 30% de doadores de primeira doação e que esse número caiu para 5% depois da pandemia. "Aqueles que não conhecem o serviço não estão vindo", conclui.

Foto Maria Fernanda de Lima Foca Foto Agosto de 2018

Crédito: Maria Fernanda de Lima

Doadores

Apesar da baixa procura, doadores como Hevelyn Villalba Santos continuam comparecendo aos hemocentros. Hevelyn conta que a inspiração para a atitude veio de seu pai, que foi doador assíduo dos 18 aos 50 anos. Para ela, a importância de doar está em retribuir a saúde que Deus lhe deu. "Uma bolsa de sangue pode ajudar até quatro pessoas, e isso é incrível!". 

Hevelyn, que doa de uma a duas vezes por ano, afirma que mesmo com a pandemia se sente segura. "O ambiente no Hemepar é limpo, a doação é feita por agendamento, assim não tem filas nem aglomeração. Os materiais usados são todos lacrados, abertos na nossa frente. É tudo muito higienizado e sempre foi assim", explica.

O que levou Maria Helena Denck Almeida para as salas de doação foram as campanhas espalhadas pela cidade. "Quando comecei a doar sangue foi para ajudar as pessoas, já que sempre via na cidade recados avisando o quanto era necessário, e o quanto algumas pessoas estavam precisando de doações para sobreviver." 

Maria Helena, que doa pelo menos uma vez por ano desde que começou, compartilha da opinião de Hevelyn sobre a segurança em doar em meio à pandemia. "No local onde retiramos o sangue, podia entrar apenas uma pessoa por vez. O lanche foi mais rápido que o normal para evitar contato sem máscara. Me senti muito segura", conclui.

Além de contribuir com tratamentos contínuos, a doação de sangue ou plasma de pacientes que se recuperaram da Covid-19 é um dos recursos utilizados no tratamento da doença. Até o momento, o Paraná registra mais de 10 mil transfusões de sangue, sendo 3 mil aplicadas em pacientes de Covid-19, que apresentaram melhora em 65% dos casos, segundo a Divisão de Hemoterapia do Hemepar. 

 

Serviço

As doações de plasma podem ser feitas de maneira convencional, por meio da doação de sangue. Nesse processo, o sangue é centrifugado para separar o plasma de outros componentes. Outra forma disponível é a retirada apenas do plasma convalescente (hiperimune) do doador. A coleta de sangue pode ser feita em qualquer unidade da Hemorrede no Paraná. Já a coleta do plasma, nas doações por aférese, é feita apenas em Curitiba.

Para evitar aglomerações, o Hemepar pede que as doações de sangue sejam agendadas pelo site da Secretaria de Saúde do Paraná, ou pelo telefone (42) 3223-1616. Para doar, a pessoa deve ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 51 quilos e estar em boas condições de saúde. Entre os protocolos de segurança adotados pelo Hemepar estão o agendamento, a recepção de apenas seis pessoas a cada meia hora, higienização dos espaços comuns e a utilização de álcool gel 70%, além dos equipamentos de proteção individual utilizados pelos profissionais do atendimento.

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre 

 

Ficha técnica

Repórter: Mariana Gonçalves

Editor de texto: Carolina Olegário

Publicação: Yasmin Orlowski

Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral.

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Risco de morte reforça necessidade de higienização na gestação e pós-parto

Desde janeiro, 105 grávidas e puérperas morreram por coronavírus no PR

 Foto Carlos Eduardo Mendes EDITADO

Para proteção de bebês, rigor com limpeza deve ser do hospital até a casa da criança Foto: Kadu Mendes

 

Dados do informe epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria da Saúde do Estado revelam que, de janeiro a julho de 2021, 105 gestantes e mulheres que tiveram filhos há menos de 45 dias faleceram por complicações do coronavírus no Paraná. Além das mortes, outras 943 pessoas deste grupo foram hospitalizadas pela doença no mesmo período. Por conta da preocupação com a segurança de gestantes na pandemia, providências sanitárias mais rígidas no decorrer da gravidez e do trabalho de parto começaram a ser adotadas para garantir que mães e acompanhantes não sejam infectados. 

De acordo com o médico ginecologista e obstetra Diego Damasio, algumas medidas de higienização aplicadas na sala de cirurgia e durante a estadia da gestante no hospital devem ser reforçadas para a segurança dos pais, acompanhantes e da criança recém-nascida. "Em casos de infecção da gestante, são necessários cuidados extras, como o uso da proteção com viseira, além da higienização das mãos mais constante e o seguimento para o isolamento após o procedimento", explica. Segundo o médico, os leitos destinados às pessoas que recém saíram do parto têm dois metros de distância e a máscara, que também é utilizada pela mãe durante o nascimento, deve ser trocada de duas em duas horas. "As mães devem higienizar as mãos com mais frequência para realizar a amamentação", adiciona.

Algumas medidas básicas de higiene empregadas em ambientes hospitalares se mantiveram importantes, como a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas, aventais e óculos de proteção. Além disso, a limpeza das superfícies com álcool 70% é indispensável. Antes do parto, as gestantes recebem o teste do coronavírus para confirmar seu estado de saúde, proporcionando maior estabilidade ao procedimento. 

 

Relato

As inseguranças diante da pandemia afetam diariamente gestantes que temem se infectar pelo vírus durante a gravidez ou após darem à luz, correndo o risco de não poder conviver com seus filhos nos primeiros momentos de vida. Rebeca Bernardi teve sua filha em maio de 2021 e enfrentou inúmeras dificuldades durante a gravidez, como o fato de ter que utilizar o transporte público para ir trabalhar, o que causava crises de ansiedade. Para o dia do parto, ela reforça a importância do apoio da equipe médica para não sentir medo e o quanto a higienização foi importante para que sua segurança fosse preservada. “No hospital, tudo estava muito bem higienizado e todos os profissionais foram responsáveis quanto a essa questão”, afirma.

Emanuele Mensen Inglez, que tornou-se mãe em junho de 2021, se adaptou à pandemia e evitou as saídas para a compra do enxoval, recorrendo às compras on-line. Para ela, o coronavírus foi um fator constante de preocupação, pois, mesmo ficando em casa no final da gravidez, seu esposo ainda precisava sair para trabalhar. Emanuele expressou confiança no hospital e nas medidas de segurança tomadas para que tudo ocorresse da melhor maneira possível. “Como é inevitável ir para o hospital durante o parto, confiamos na equipe, sabendo que eles estavam tomando as medidas de precaução”, conta.

 

Vacinação

Entre os dias 21 e 23 de junho, foi realizada a aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 nas gestantes e puérperas de 18 a 55 anos em Ponta Grossa. A medida de incluir os grupos no plano de vacinação contra a covid-19 também foi seguida pelos outros estados. Diante da inclusão, há esperança na diminuição de casos fatais do vírus em gestantes.

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

 

Ficha Técnica: 

Repórter: Helena Denck

Editor de Texto: Kathleen Schenberger

Postagem: Rafael Piotto

Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Muriel Emidio e Rafael Kondlatsch

Supervisão Site Periódico: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Serviço de fisioterapia pós-covid atende oito por dia em Ponta Grossa

As sessões podem ser agendadas nas Unidades Básicas de Saúde ou diretamente na Central de Atendimento

 

O serviço de fisioterapia criado pela prefeitura de Ponta Grossa para reabilitar pessoas que ficaram com algum tipo de sequela após ter covid tem atendido até oito pessoas por dia.

Na maioria dos casos, diz a fisioterapeuta Lúcia Lebioda, são pessoas na faixa dos 50 anos de idade. Mas já teve pacientes com 27 anos, o que mostra o efeito da doença entre os mais jovens. O atendimento é feito por fisioterapeuta e dura em média 45 minutos. “Cada profissional atende um paciente por horário”, acrescenta Lebioda.

Edher Antunes, profissional de educação física que também atua no serviço, diz que a maioria dos pacientes apresenta redução das capacidades físicas e pulmonar. Além disso, é observado um grande impacto emocional nos pacientes.

Diego Chila Fisioterapia
Foto: Diego Chila

A fisioterapeuta Lúcia Lebioda, comenta que a principal queixa observada é a fraqueza muscular generalizada: “São pacientes que passaram por longos internamentos, por Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que possuem consequências relacionadas tanto ao tempo de internamento quanto à própria doença ou comorbidades. A fraqueza muscular tem sido relatada pela maioria deles, sendo esta a queixa principal, dificultando atividades de vida diária e atividades instrumentais.”

De acordo com Lebioda, as atividades desenvolvidas no ambulatório são pensadas em função de cada tipo de sequela. Para evitar risco de contaminação, os profissionais que prestam o serviço usam equipamentos de proteção, como máscara de proteção facial e luvas cirúrgicas.

O serviço de reabilitação é prestado nas clínicas Francine Bello, SHS e Hidrofisio e no Hospital Universitário Regional. O atendimento é pago pelo SUS.

Além dos atendimentos nas clínicas conveniadas, é ofertado o tratamento em casa para quem, por exemplo, não pode sair da cama. Ele só é realizado por meio de pedido médico atestando a necessidade de atendimento na residência.


Inscrição


Para usar o serviço, os pacientes que têm guia do médico especialista do SUS ou que receberam alta hospitalar deverão ir até a Central de Agendamentos, próximo à rodoviária, nos períodos da manhã e tarde, munidos com seu cartão SUS, RG e a guia do especialista para o agendamento imediato das sessões de fisioterapia.

Os pacientes que não têm a solicitação de fisioterapia devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência para que o médico insira o paciente no sistema e o pedido seja regularizado e agendado nas clínicas credenciadas pelo SUS.

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

Ficha técnica

Repórter: Diego Chila
Editor de Texto: Mariana Real 

Publicação: Lucas Müller
Supervisão: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral

Investimentos para combater Covid-19 caem 21% em 2021

No primeiro semestre deste ano, prefeitura gastou R$ 5,9 milhões; semestre anterior foram R$ 7,5 milhões.

Foto: Vinicius Sampaio

 

O investimento da prefeitura de Ponta Grossa para combater a pandemia diminuiu 21% no primeiro semestre deste ano em comparação com o segundo semestre do ano passado.

De acordo com dados publicados no Portal de Transparência, entre julho e dezembro de 2020 foram empenhados R$ 7.566.547,14. Entre janeiro e junho de 2021, foram destinados R$ 5.931.282, 72.

Seringas, kit nebulização, máscaras cirúrgicas, contratos para fornecimento de oxigênio, álcool em gel e medicamentos são alguns dos principais itens presentes na lista de gastos da prefeitura durante o primeiro semestre.

A redução nos investimentos acontece em um momento em que a pandemia cresce em Ponto Grossa. Em março de 2021, o município registrou 8794 casos e 256 mortes. Foi o pior resultado desde o início da pandemia. Em abril, houve uma queda no índice de novos casos confirmados, mas em maio (4628 casos) e junho (6134 casos) as estatísticas voltaram a aumentar.

 

Testagem

Para Isaías Cantoia, especialista em saúde pública, o município deveria investir em testagem em massa e na compra de oxímetros para controlar a pandemia: “Aumentar a testagem é muito importante para que haja o controle da transmissão do vírus e de novas variantes entre a população’’, afirma.

Segundo o especialista, o oxímetro evitaria que pacientes procurassem o serviço de saúde quando os pulmões já estivessem comprometidos pela doença, evitando possíveis óbitos: “O equipamento poderia ser disponibilizado aos pacientes para o acompanhamento em domicílio, para que, caso haja agravamento, o paciente procure o sistema de saúde. Haveria a devolução do equipamento assim que recebesse alta’’, explica. 

O epidemiologista Péricles Martim vê a queda nos investimentos como algo normal: “Em primeiro momento, a adequação, ampliação e compra de equipamentos hospitalares faz com que os gastos sejam maiores com a infraestrutura’’, diz. Ele afirma que após isto, os gastos tendem a ser menores: ‘’O investimento que é destinado à manutenção, materiais médicos hospitalares e medicamentos tende a ser menor do que os gastos com a infraestrutura’’, diz Péricles.

 

Prefeitura

A Prefeitura  de Ponta Grossa informou em nota que a redução de 21% nos gastos ocorreu pois no mês de janeiro não houve valor aplicado, devido à transição de governos, entre o ex-prefeito Marcelo Rangel (PPS) e a prefeita Elizabeth Schmidt (PSD). 

A administração municipal não especificou valores a serem direcionados à Covid-19 durante o segundo semestre de 2021. Informou apenas que os valores investidos neste ano também englobam a manutenção da UPA Santa Paula e de Unidades de Saúde do município.

A UPA Santa Paula notificou falta de insumos, como medicamentos, respiradores e leitos para atender pacientes com Covid-19, durante os meses de maio e junho deste ano. A reportagem entrou em contato com a UPA para questionar se ainda há falta de insumos e superlotação de leitos, mas a unidade apenas informou que, após a restrição de atendimento a casos considerados moderados e graves da Covid-19, a UPA Santa Paula voltou a atender todos os pacientes com problemas respiratórios a partir do dia 9 de julho. 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

Ficha Técnica

Repórter: Vinicius Sampaio

Editor de Texto: Sabrina K. da Luz

Supervisão Foca Livre:  Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral

Supervisão Site Periódico: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

Campanha Julho Amarelo alerta sobre risco das hepatites virais

Doença atinge mais de 30 mil brasileiros por ano; no Paraná são cerca de 2 mil


No calendário de campanhas que usam cores para incentivar o tratamento de doenças, julho aparece como o mês que busca conscientizar sobre a hepatite viral, doença que atinge cerca de 33 mil brasileiros por ano. O Julho Amarelo existe desde 2019, por meio da Lei Federal nº 13.802. A campanha se intensifica em 28 de julho, Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais.


A hepatite viral é uma inflamação das células do fígado causada por vírus, que podem gerar alterações leves, moderadas ou graves. A doença é dividida em cinco variações: A, B, C, D e E. No Brasil, as categorias mais comuns são os vírus A, B e C.


O hepatologista Rafael Ximenes diz que a principal dificuldade para identificar a doença é a demora na manifestação de sintomas. Quando eles surgem, são acompanhados por outros problemas de saúde. "As hepatites são doenças silenciosas. Podem não gerar sintomas. Os pacientes demoram a procurar assistência médica, e quando procuram, muitas vezes os casos já são graves.”


O médico afirma que, mesmo sendo menos comum, quando manifestados na fase aguda os sintomas costumam ser febre, náuseas, desconforto e fraqueza. Em alguns casos o paciente pode apresentar os olhos e a pele amarelados (icterícia).


De acordo com o hepatologista, após a fase aguda o paciente pode ficar sem sintomas durante anos e até mesmo desenvolver cirrose ou câncer no fígado. “No caso de avanços para demais doenças, podem surgir outros sintomas, como o acúmulo de água na barriga (ascite), vômitos com sangue, devido ao sangramento de veias dilatadas no estômago, e confusão mental (encefalopatia hepática)”, acrescenta.


Segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em 2020, nos últimos 20 anos foram notificadas 673.389 pessoas com hepatites virais no país, o que corresponde a cerca de 33.669 portadores dos vírus por ano. No Paraná, de acordo com o documento, durante os anos de 1999 e 2019 o Estado notificou 12.228 quadros de hepatite A, 29.860 de hepatite B, 12.871 de hepatite C e 116 de hepatite D.

 

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Infografia: Victória Sellares

 

Paciente
O representante comercial Erick Hireman, que foi infectado pelo vírus da hepatite A na infância, relata que, por não existir um tratamento específico para a doença, ele realizava exames com frequência para acompanhar o quadro de infecção. Segundo Hireman, durante os dois meses de recuperação, foi necessário o repouso quase absoluto devido aos sintomas. “Precisava realizar exames de sangue a cada dois dias e seguir as recomendações médicas. Devido ao cansaço e enjoo, adaptei a minha alimentação para hábitos mais saudáveis, além de passar o dia em descanso”, conta. Hoje ele afirma não sofrer com nenhuma sequela da infecção, podendo levar uma vida normal, sem precisar de acompanhamento médico.

 

Testes
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testes para diagnósticos das hepatites de duas formas: exames laboratoriais e testes rápidos. A vacinação, também ofertada pelo SUS, está disponível contra os vírus A e B.
No caso de tratamentos, para a hepatite A recomenda-se repouso e cuidados com a alimentação. Em quadros de hepatite C, a intervenção é feita com antivirais de ação direta (DAA) durante 8 ou 12 semanas. As hepatites B e D não possuem cura, mas o tratamento com medicamentos específicos pode reduzir o risco de progressão e complicações.

  

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre.

 

Ficha técnica

Repórter: Victória Sellares

Editora de texto: Carlos Solek

Publicação: Leonardo Ribeiro

Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Muriel Emidio e Rafael Kondlatsch

Supervisão Site Periódico: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Medo de reações afasta moradores de Ponta Grossa da vacina

Segundo especialista, imunização é segura e salva vidas

A imunização contra a Covid-19 em Ponta Grossa começou em fevereiro deste ano. Até o dia 16 de agosto, 267.814 tinham sido vacinadas na cidade.

Com o andamento da vacinação, relatos de vacinados que tiveram reações começaram a circular. E isso fez surgir um contingente de pessoas que sentem medo de tomar o imunizante. O problema não acontece só em Ponta Grossa. Além dos relatos de reações, a situação se agrava com outros problemas, como a declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro, em evento em Porto Seguro (BA), sobre a eficácia da vacina do Laboratório Pfizer: “Se você virar um jacaré, é problema seu". 

Elisangela Gueiber Montes, professora e especialista em microbiologia e imunologia, diz que as reações adversas acontecem como resposta do sistema imunológico às substâncias presentes nesses imunizantes. “Como uma forma de combater algo estranho, as células do nosso sistema imunológico produzem substâncias inflamatórias que geram reações.” Ela também explica que as reações mais comuns são febre, dor e vermelhidão local e mal-estar, semelhantes aos sintomas de um resfriado comum. 

vacinação Telêmaco Borba Manu Benício 19 de janeiro de 2021 15h

Vacinação Telêmaco Borba | Manu Benício |19 de janeiro de 2021

 

Adriana Burgath, 25 anos, teve reações à vacina do Laboratório AstraZeneca. Seus sintomas foram febre, dores de cabeça intensas, cansaço, dor na região de aplicação e um episódio de vômito, que não chegaram a durar 24 horas. Adriana conta que pesquisou antes sobre como a vacina age para combater o vírus. “Sabia que poderia ter as reações que tive e, sinceramente, eu enfrentaria qualquer reação”, diz. 

Cláudio Bayer, 63 anos, também teve reações à vacina da AstraZeneca, mas afirma que se sente mais tranquilo e mantém os cuidados recomendados pela ciência. Sua esposa, Celia Wille Bayer, defende a vacinação independentemente das reações: “Não existe nenhum medicamento, nenhum procedimento que seja eficaz no combate ao Covid. A única prevenção é a vacina. Penso que a possível reação é nada se comparado à violência do vírus, ninguém sabe como seu organismo vai reagir se infectado".

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

Ficha técnica:

Repórter: Malu Ferreira Bueno

Editor de Texto: Carolina Olegário

Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral

Supervisão Periódico: Marcos Antonio Zibordi e Mauricio Liessen

Publicação: Marcella Panzarini

Vídeo: Pandemia altera procedimentos para partos em Irati

Com mais de 800 partos realizados entre março de 2020 e março de 2021, a cidade de Irati remodelou os protocolos para a realização da operação para se adaptar aos procedimentos sanitários de contenção do contágio de covid-19. Uma das mudanças mais importantes foi a necessidade das gestantes passarem pelo teste para detecção do coronavírus e por uma triagem antes da realização do parto. As que testarem positivo farão o procedimento em alas separadas.

 

 

Ficha técnica:

Repórter e editor: Ana Moraes e Levi de Brito

Publicação: Yuri Marcinik

Supervisão: Marcos Zibord e Maurício Liesen

Ponta Grossa tem 42 mil animais em situação de rua

 Prefeitura é criticada por ONGs pela falta de apoio, especialmente na pandemia

 

Por Manuela Roque

 

Ponta Grossa tem atualmente 70 mil animais, segundo o Centro de Referência para Animais de Risco (CRAR), órgão criado pela prefeitura em 2016. Deste total, 42 mil vivem ou em situação de semi domicílio (têm lar, mas vão para as ruas) ou estão abandonados.

Leandro Inglês, coordenador do CRAR, diz que somente em 2021 foram adicionados a esse total mais 3.570 animais. “De janeiro até junho, credenciamos mais animais do que normalmente castramos ao ano. Seguimos recebendo denúncias e até mesmo casos de abandono na porta do CRAR. Está impossível controlar esse crescimento”.

Desde 2007, é lei em Ponta Grossa a realização de castrações de animais por parte da Prefeitura em seus centros de controle de zoonoses, com o número mínimo de 3.200 cirurgias anuais. A lei também reforça que qualquer situação de abandono ou maus tratos é crime, sendo os animais resgatados obrigatoriamente redirecionados aos alojamentos municipais. 

Leandro também destaca que os animais semi domiciliados, em especial cães, prejudicam o andamento das atividades de castração. “Não são animais de rua, mas sim animais que estão na rua. Corremos todos os dias o risco de confundir um animal abandonado com um animal que apenas está solto e depois retornará para a sua casa, o que atrasa o trabalho do CRAR e impede a castração de um animal que é domínio do Poder Público”, completa. 

 

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Foto: José Tramontin

Castração

Cristóvão Pereira, médico veterinário responsável pelas cirurgias de castração do controle de zoonoses de Ponta Grossa, afirma que foram realizadas aproximadamente 20 mil cirurgias para o controle populacional e também por motivo de fraturas envolvendo acidentes ou maus tratos. “Nós só capturamos animais de rua, mas quando não sabemos se o animal possui um lar ou não, aguardamos 48 horas. Se o proprietário não aparecer, o animal é do município e ele entra no credenciamento”, explica. 

A castração é realizada por meio do Castramóvel, uma unidade que percorre a cidade. Em casos mais leves, os animais são atendidos em clínicas particulares credenciadas. Se ocorrer operação, o animal é monitorado entre sete e 10 dias; apresentando completa recuperação, é devolvido ao local em que foi coletado. “Os de situações de maus tratos precisam ficar aqui, e por isso divulgamos nas redes sociais a adoção”. 

No entender do veterinário, o cenário ideal para a população animal de Ponta Grossa é a castração, seguido de uma microchipagem, estejam ou não em situação de rua. “Por meio do chip com informações sobre os tutores, poderemos saber quem é o dono e tomar as medidas.”

 

Causa animal

Rosélia Vanat atua há mais de 40 anos na causa animal de Ponta Grossa. Criadora da Associação Pontagrossense Amigos da Natureza, popularmente conhecida como Canil Lar, ela opera desde 2009 apenas com doações da população e apoio de agropecuárias parceiras.

Rosélia conta que, desde o início da pandemia, abriga 232 cães, 40 gatos e três cavalos. São poucas adoções, e com a pandemia elas pararam completamente. “Não entram sequer dois reais na nossa conta. Semana passada realizamos uma compra de ração de R$ 5,4 mil, que vai durar somente oito dias”.

De março de 2020 até julho, triplicou o número de animais abandonados que foram amparados pelo Canil Lar. Muitos abandonos ocorrem em estradas de terra, mas durante a pandemia aumentou o número de casos no centro da cidade e em portas de condomínios. Rosélia critica o que considera lentidão do processo de castração em Ponta Grossa e a falta de iniciativas públicas para manter em funcionamento as atividades do Castramóvel durante a pandemia.

Com mais de 10 anos, o Canil Lar acolhe animais idosos, com deficiências e doenças incuráveis, tendo livrado mais de 100 animais da eutanásia. “Temos praticamente um espaço de reabilitação de animais que sequer saem daqui e acabam vivendo o resto da vida deles conosco, porque eu me recuso a liberá-los novamente na rua e correr o risco de sofrer ainda mais e morrer sem amparo”.

 

Voluntários

As mesmas dificuldades são enfrentadas pela Associação Protetora dos Animais de Ponta Grossa (APAPG). Gabriela Merotto, voluntária desde o início da ONG, em 2015, destaca que não somente aumentou o número de resgates de animais abandonados durante a pandemia, mas de devoluções. Os tutores alegam problemas financeiros e dificuldades na adaptação do animal. “É fato que as pessoas estão em casa, muitas trabalhando em home office, e com crianças em tempo integral. Os números comprovam que o estresse nas pessoas aumentou. Mas devolver ou até cometer o crime do abandono compromete a vida do animal e prejudica o andamento das atividades das ONGs com resgates não planejados, os gastos com medicamentos e rações, entre outros fatores”.

A APAPG não possui espaço físico, funcionando em lares temporários, nos quais a população abriga animais resgatados. Atualmente, todos os animais ajudados pela ONG estão em casas dos voluntários, abrigando cerca de 10 a 25 animais por residência. Gabriela cita a impossibilidade de realizar feiras de adoção como um dos principais empecilhos para encontrar novos lares para os animais, e a falta de apoio do poder público.

 

Iniciativas independentes

Apesar da falta de apoio às ONGs em Ponta Grossa, nas redes sociais o movimento em prol da causa animal cresceu na pandemia. O Grupo de Auxílio a Resgatinhos (GAR) é um exemplo. Isabela Danesi, vice-presidente do GAR, conta que o projeto surgiu com o intuito de abrigar gatos resgatados de uma situação de abandono e maus tratos proporcionados por uma acumuladora de Ponta Grossa, que mantinha mais de 380 felinos em condições inóspitas: 70 desses animais foram direcionados para o projeto. 

“Nós fizemos toda a parte de reabilitação social dos animais. Eles aprenderam a usar a caixinha, a ter contato humano, a receber carinho, e também a parte da saúde, como acompanhamento alimentar, cuidados com remédios e com possíveis doenças, para posterior adoção para lares responsáveis e amorosos”, conta. Apesar de ainda não ser considerada uma ONG perante a lei, o GAR realiza campanhas de adoção pelas redes sociais, bem como arrecadações para manter o abrigo em funcionamento. 

Para evitar situações de novos lares problemáticos, o GAR elaborou um processo de entrevistas em duas etapas, acompanhado de um termo de responsabilidade assinado pelo adotante e um acompanhamento diário por fotos e vídeos enviados pelos novos donos.  Na visão de Isabela, a importância de projetos independentes voltados para a causa animal é essencial. “A Prefeitura não supre as necessidades da cidade, e as ONGs também estão em superlotação. Os nossos animais ficariam a esmo”. 

Isabela também é fundadora do Projeto Conta Cãomigo, iniciado durante a pandemia a partir da preocupação com o aumento de abandonos de animais e principalmente da falta de estrutura para aqueles que estavam nas ruas antes da chegada da Covid-19. “O abandono normalmente é feito sempre à noite e o mais triste é perceber animais recém abandonados vagando pelas ruas atrás de seus donos”. Atualmente, o Conta Cãomigo não realiza resgates, apenas trabalha com a divulgação de animais para a adoção e casos de desaparecimento. 

 

Adoção

Um dos casos mais famosos de abandono e posterior reintrodução a um novo lar em Ponta Grossa durante a pandemia é o de Pink, resgatada pela APAPG. Abandonada pela dona com oito filhotinhos, a cachorra foi a única que sobreviveu a um atropelamento. Ela foi enviada para a emergência, mas nenhum dos voluntários tinha condições financeiras de arcar com os custos dos procedimentos que salvaram sua vida. Gabriela, voluntária da ONG, por um post na rede social Twitter, conseguiu notoriedade no município para o caso de Pink, somando mais de 12 mil likes e compartilhamentos, que geraram doações para custear o tratamento. Hoje ela vive com seu tutor Yuri, que passou a ser um dos principais apoiadores da APAPG durante a pandemia. 

Já a estudante de direito Gabriela Presente aproveitou o período de isolamento social para realizar o sonho de infância de adotar um gato. A primeira a chegar a família foi Lua, através de um grupo de doação do Facebook. Já Paçoca e Sol foram adotadas por ONGs especializadas em gatos. As três sofrem com sequelas e problemas de saúde, mas Sol foi um caso em especial. Encontrada grávida abandonada em um terreno baldio, a gata foi resgatada e seus filhotes sobreviveram. Após todos serem adotados, foi a vez de Sol de encontrar um lar.

Gabriela relata que ela não possui sinal de maus tratos, mas por se tratar de um animal muito medroso, ela acredita que a gata sofreu agressões físicas enquanto vivia nas ruas. Para ela, adotar suas companheiras foi essencial para sua saúde mental durante a pandemia "Eu ficava muito desanimada, principalmente antes de começar as aulas on-line. Então ter que cuidar, brincar e criar uma rotina de responsabilidade com elas fez muito bem pra mim. E com a minha primeira adoção, toda a minha família que não gostava de gatos passou a amar, então foi algo bem surpreendente”, relata.

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura Municipal informou que o CRAR se encontra atualmente em período de transição para a Secretaria do Meio Ambiente, com o intuito de ampliar a estrutura e o atendimento do canil municipal. Em casos nos quais a população presencie situações de abandono ou maus tratos, as denúncias devem ser feitas pelo telefone da Guarda Municipal (153). Se a ocorrência não for registrada em flagrante, o atendimento é feito pela Polícia Civil, de preferência com fotos e vídeos para comprovar o crime.

 

Ficha técnica

Reportagem: Manuela Roque

Edição e Revisão: Ana Paula Almeida e Levi de Brito

Publicação: Ana Paula Almeida e Levi de Brito

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

 

Parceria com Hospital Universitário gera novas pesquisas em Ponta Grossa

Estudos apresentam resultados no diagnóstico e no tratamento do novo coronavírus e outras doenças 

 

Projetos realizados por pesquisadores do setor de Biologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) têm auxiliado no tratamento de pacientes do Hospital Universitário (HU) que contraíram a covid-19.

Por uma demanda da Universidade e também social, professores de todos os campos de pesquisa mudaram seu foco para o trabalho no estudo da covid-19. Desde o início da pandemia, em março de 2020, alguns setores, como o Departamento de Biologia, têm trabalhado em parceria com o Hospital Universitário, referência no tratamento da doença na cidade de Ponta Grossa.

Marcos Pileggi, professor de Microbiologia e do Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva da UEPG, trabalha no desenvolvimento de pesquisas com probióticos para o tratamento de pacientes que sofrem de síndromes respiratórias como a covid-19. Pileggi ainda participa de outro projeto que envolve a utilização de probióticos. Este, porém, realizado em laboratório, visa diminuir a resistência a antibióticos da bactéria causadora da tuberculose.

 

HU

Hospital Universitário (HU) é referência no tratamento da Covid-19 em Ponta Grossa. Fotografia: Éder Carlos.

 

Variantes

Bruno Ribeiro, professor do departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas e um dos coordenadores do projeto de identificação de variantes Sars-Cov-2, realizado por pesquisadores ponta-grossenses e que tem como objetivo identificar as cepas da doença em circulação na cidade, coleta amostras de pacientes e funcionários do Hospital Universitário. a partir delas é possível distinguir quais variantes estão presentes no município. 

O pesquisador ressalta que após o resultado dos testes ser divulgado, o relatório é encaminhado à Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa, através da vigilância epidemiológica. Assim é possível traçar estratégias para gerenciamento de leitos e medidas de combate à pandemia, como decretos restritivos e isolamento dos pacientes e pessoas que tiveram contato com aqueles que estão infectados por alguma variante.

O pesquisador conta que atualmente o projeto trabalha em uma coleta de material de 300 pacientes e colaboradores do HU. Essa etapa de análise tem como intenção a testagem para as variantes Beta (B.1.351), originária da África do Sul, e Delta (B.1.617.2), originária da Índia, que têm alta capacidade de contágio.

Além dos resultados obtidos no diagnóstico de novas cepas do vírus e no tratamento dos pacientes com a utilização de probióticos (microorganismos vivos benéficos à saúde, atuantes em sistemas como o imunológico e o digestivo), pesquisas sobre outras doenças têm surgido neste período, visando a melhora na recuperação dos pacientes. 

 

Ficha Técnica
Reportagem: João Gabriel Vieira
Edição e Revisão: Manuela Roque e Maria Eduarda Eurich
Publicação: Manuela Roque
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Pandemia afeta corpo e mente de trabalhadores da saúde

Estudo da Fiocruz mostra que, no Brasil, covid prejudicou a atividade de 95% desses profissionais

 

Ponta Grossa confirmou o primeiro caso de covid-19 há um ano e quatro meses. Desde então, profissionais da saúde trabalham com cargas horárias estendidas e com poucos dias de folga. Rotina intensa, pressão no trabalho, hospitais superlotados e mortes constantes dos pacientes levaram profissionais da saúde à exaustão física e mental.

O enfermeiro Anderson Grzibekucka trabalha no Hospital Universitário Regional de Ponta Grossa e na Santa Casa de Misericórdia. Desde o início da pandemia, atende infectados que desenvolvem a forma grave da doença, internados nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Anderson sente que as muitas mortes dos pacientes mexeram com seu psicológico.”A gente fica muito abalado com tudo isso. Pensamos cada dia que, a qualquer momento, podemos ser nós em um leito de UTI lutando pela vida”, desabafa.

A recorrente morte pela doença nos hospitais contribui para pensamentos de impotência dos trabalhadores da área da saúde. Anderson relata ainda que as mortes contínuas o deixaram exausto e “mesmo que nós da enfermagem demos o nosso melhor, há momentos em que não é suficiente”.

Mesmo com a vacina como forma de escudo para a doença, o enfermeiro lembra que não podemos estar totalmente livres da doença. “Os sintomas podem ser menores com a vacina, mas não evita pegar novamente. Há casos de pacientes com as duas doses da vacina aplicada ser intubado por causa da doença ter sido grave”, explica.

 

Morte

Trabalhar com doenças e mortes é algo comum dentro dos hospitais. Mas o avanço da covid-19 agravou o problema.

De acordo com a psicóloga Juliana de Godoy, a exaustão física e mental pode se tornar permanente. “Com a alta exposição dessa categoria de trabalhadores a fatores altamente estressores e aversivos, a longo prazo poderemos ter afastamentos definitivos pelo adoecimento físico ou mental, e até mesmo o abandono da profissão”.

A rotina constante com a morte de pacientes causa a falta de contato com os próprios sentimentos desses trabalhadores. Muitos recusam atendimento à saúde mental. A psicóloga Juliana comenta que o ambiente hospitalar é de constante sofrimento, o que impede de processar a perda dos pacientes. “A morte de um paciente nos faz questionar nossas habilidades profissionais e mexe também com nossos medos mais profundos enquanto seres humanos que somos”, relata a psicóloga.

 

Fiocruz

O relatório Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 da Fiocruz mostra que 95% desses trabalhadores tiveram modificações no trabalho e na vida pessoal. A saúde mental se torna uma das principais afetadas: 15% relataram dificuldades em dormir e outros 13%, distúrbios em geral.

Entre médicos e enfermeiros, que têm maior contato com pacientes de covid-19, 85% sentiram implicações na saúde mental. Desses profissionais, médicos são os que tiveram maior apoio à saúde mental, com 28% dos entrevistados

O relatório da Fiocruz aponta que 43% dos profissionais da saúde entrevistados sentem insegurança nos locais de trabalho e que 64% improvisam equipamentos para trabalharem. 

 

HU UEPG Leonardo Duarte

 

Ficha técnica
Reportagem: Leonardo Duarte
Edição e Revisão: Malu Bueno
Publicação: Rafael Piotto
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen