A recém-nascida UEPG, em foto do final da década de 1960, ainda sem a ampliação do prédio. Foto: Reprodução/ Facebook - Grupo Antigamente em Ponta Grossa.

Foi num domingo à tarde, no final de 1969. Meus pais decidiram levar os três filhos para um passeio, caminhando pelas ruas de Ponta Grossa. De ônibus, viemos da distante Vila Pinheiro até o Ponto Azul. Dali, tomamos a Rua Bonifácio Vilela e fomos conhecer o prédio da recém-criada Universidade Estadual de Ponta Grossa. Talvez, instintivamente, quisessem despertar nos filhos – eu, o mais velho, com meus seis anos, ainda o único a frequentar uma escola - o interesse por um dia estudar naquele lugar. Na escola, a professora, com o mesmo objetivo, nos contou que estudava “na faculdade” e nos dizia que precisávamos estudar para também “chegar lá”.

A UEPG nasceu no dia 6 de novembro de 1969 pela Lei 6.034, assinada pelo governador Paulo Pimentel. Ponta Grossa já contava com faculdades estaduais desde o final da década de 1940. Cursos como Farmácia, Odontologia, Direito, Letras e Filosofia, entre outros, já estavam começando a formar a segunda geração de acadêmicos quando a UEPG nasceu. Na verdade, a UEPG surge da fusão dessas faculdades, o que dava a elas mais autonomia para a criação de novos cursos e novas perspectivas.

A caminhada daquela tarde de domingo me deixou maravilhado. O prédio que vi era imponente, alto, de cor clara, com colunas e um belo jardim. Para a criança que eu era, representava algo muito diferente da escola que frequentava no Bairro de Oficinas. Imaginei minha professora numa sala de aula, não como professora, mas como aluna. E não consegui ver. Não imaginava, ainda, como seria estudar numa “faculdade”.

Quarta-feira, 6 de novembro de 2019. Sentado na sala de Orientação de Projetos do Departamento de Jornalismo, tento descrever como é viver uma universidade que completa meio século de existência. E o pensamento viaja até aquele domingo de 50 anos atrás. Olhando para o prédio do Campus Central, o mesmo que um dia me maravilhou, para os colegas no pátio e para as fotos de formandos ao longo dos corredores, tento ver todos que já passaram pelos bancos das salas de aula. Quantos profissionais foram formados, quantas vidas foram transformadas pelos mestres e quantos cidadãos a UEPG entregou para o Brasil!

Aquela Universidade que começou com poucos cursos, em poucos anos se tornou grande demais para o prédio da Praça Santos Andrade. Precisava de espaço. Na década de 1980, parte da área do então Parque de Exposições Augusto Ribas, no Bairro de Uvaranas, começou a ganhar prédios, salas e laboratórios. O Campus Uvaranas permitiu novos cursos, novos estudos e pesquisas. A jovem UEPG despontava como uma das principais universidades brasileiras. Hoje são 49 cursos de graduação. Há ainda os cursos de pós-graduação – mestrado, doutorado e de especialização em diversas áreas - e os projetos de pesquisa e extensão que incentivam alunos a uma formação além dos bancos acadêmicos.

Nesses cinquenta anos, a caminhada não foi fácil. Problemas existiram em diversos níveis. As dificuldades do presente envolvem barreiras para a contratação de professores ou a simples manutenção do atual quadro; falta de recursos financeiros para a manutenção de necessidades básicas da Universidade; a ameaça da Lei Geral das Universidades, que engessa o funcionamento e retira a autonomia. Quem enfrentou cinquenta anos de lutas e vitórias, precisa encarar os desafios do presente e do futuro para seguir a jornada.

Em poucos dias, milhares de alunos concorrerão a uma vaga na UEPG. Em poucos dias, centenas de alunos começam suas festas de formatura. O processo de vida da universidade continua. Alguns alunos chegam, outros se vão. Já os professores permanecem para ensinar os novos acadêmicos, para dar a eles formação e torná-los aptos à profissão que escolheram.

Cinquenta anos! Meio século! Quem diria que aquele menino, que ficou admirado com o prédio da recém-nascida universidade, hoje estaria aqui, como aluno, para dizer orgulhoso: parabéns, minha, nossa UEPG.

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Ficha Técnica

Reportagem: Eder Carlos Wehrholdt/ Foca Foto
Edição: Leticia Gomes
Foto: Eder Carlos Wehrholdt e Vera Maria Viglus
Supervisão: Professores Angela Aguiar, Carlos Souza, Fernanda Cavassana, Manoel Moabis e Paulo Rogério de Almeida