Renovação é menor do que a média brasileira, de 50%

 

36% da Câmara Municipal de Ponta Grossa foi reeleita na eleição de 2020. Dos 19 vereadores que vão compor as cadeiras do legislativo municipal, a partir de 1 de janeiro de 2021, sete já estavam na última gestão. São eles: Divo, Daniel Milla, Felipe Passos, Geraldo Stocco, Dr. Zeca e Valtão. 

De acordo com o professor e mestre em Ciência Política, Márcio Carlomagno, a média de reeleição no legislativo das cidades brasileiras é de 50%. Para o professor, é inusitado o fato de Ponta Grossa estar abaixo da média nacional. “Esse patamar dos eleitos na cidade foi uma renovação ainda maior do que o usual”, afirma. 

 

“Ao contrário do que o senso comum usualmente acredita, a reeleição é uma coisa boa, sobretudo no legislativo”, explica Carlomagno. Segundo o professor, a chamada “profissionalização política”, é algo bom e desejável dentro de um sistema democrático e buscado principalmente no poder legislativo. “A principal implicação é a melhoria na qualidade do trabalho do legislativo como um todo”, ressalta. “Na política, como qualquer outra profissão, ter experiência é uma coisa boa, que traz qualidade no trabalho que está sendo realizado”, opina.

 

Dos sete reeleitos, somente o vereador Felipe Passos continuou no mesmo partido em que foi eleito em 2016, o Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB). Daniel Milla, antes do Partido Verde (PV); Divo, do Partido Social Cristão (PSC) e Paulo Balancin, do Partido Trabalhista Nacional (PTN); hoje são do Partido Social Democrático (PSD), mesmo partido da atual gestão e da prefeita eleita Professora Elizabeth.

 

Dr. Zeca, em 2016, foi eleito pelo Partido Popular Socialista (PPS), em 2020, foi reeleito pelo Partido Social Liberal (PSL). Geraldo Stocco, que na última eleição era da REDE, agora é do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Valtão, antes do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), agora integra o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB).

 

 

fonte: Tribunal Regional Eleitoral (TRE)

 

Carlomagno explica que a troca de partidos não tem necessariamente ligação com a reeleição, são, de acordo com o professor, fenômenos importantes, porém, distintos. “Sobretudo em escala municipal, a troca de partido tem o objetivo de consolidar as lideranças locais, para sobressair e dar força para novos partidos que não estão presentes ainda na cidade”, explica. “A migração é fruto da correlação de forças locais, geralmente disputas internas por poder”, afirma o professor.

 

De acordo com o Observatório Social do Brasil, 21% de todas as atividades registradas em 2017 e 2020 foram feitas pelos vereadores reeleitos, somando 1144 indicações, moções, projetos, requerimentos e votos. Entre os vereadores reeleitos, Geraldo Stocco (PSB), foi o vereador com maior registro de atividades nos últimos dois anos. Com um total de 284 ações, ¼ de toda atividade registrada pelos reeleitos, o foco de seu trabalho foi o trânsito, sinalização, saúde e utilidade pública. 

 

Daniel Milla (PSD) é o segundo vereador que tem participação ativa na Câmara. Além disso, é o vereador que teve maior aumento no número de registros. De 28, em 2017, para 159, em 2020. Pautou assuntos como manutenção, limpeza, revitalização, além do trânsito e sinalização – seu principal foco. 

 

“O maior dificultador de implementação de políticas públicas é o grande número de partidos efetivos”, opina Carlomagno. Segundo o professor, política é a “arte de negociar” e quanto mais partidos, mais difícil é para o executivo chegar a um acordo. “O principal problema da vida política no Brasil é o número de partidos efetivos no legislativo, que é demasiadamente alto”, salienta. O fim das coligações nas eleições proporcionais de 2020 é uma tentativa de diminuir a quantidade de partidos efetivos, que de acordo com Carlomagno, ocorreu, mesmo que de uma forma menor do que o esperado. 

 

O trânsito ponta grossense é o tema mais recorrente no legislativo da cidade. Todos os vereadores reeleitos participam ativamente dos debates e votações sobre o assunto. Além de ser o tema com maior crescimento nas discussões, de 2017 para 2020. 

 

 

 

 

Felipe Passos (PSDB), com 176 atividades nos dois anos, é o vereador reeleito com mais variedade no foco de seus feitos. Além do trânsito, se destaca cultura/lazer, cultura e patrimônio e também recapeamento asfáltico. Passos é o único a trazer indicações sobre recapeamento asfáltico em 2017 e 2020. 

Três dos sete vereadores reeleitos apresentaram menos atividades registradas no Observatório Social do Brasil em 2020 do que em 2017. Divo (PSD), Valtão (PRTB) e Paulo Balancin (PSD). Valtão é o vereador que menos apresentou propostas em 2020, com apenas 24 atividades registradas que foram voltadas para trânsito, serviço ao cidadão, utilidade pública e saúde.

 

Nota-se em todos os vereadores uma consistência acerca dos temas. Tanto em 2017, quanto em 2020 certos assuntos não foram abordados pelos eleitos. Temas de grande importância e que estão pautados dentro de outras áreas governamentais, estadual e nacionalmente, tais como: animais, esporte, habitação e meio ambiente. 

 

Cerca de 72% de todas as atividades registradas do vereador Divo, voltam-se para moções de apoio e aprovações. O caso não é isolado. Moções de apoio e aprovação são 35% de todos os registros de 2020 do total de atividades. Felipe Passos foi o vereador que mais tem moções em seus feitos, este ano, com 57, seguido por Divo e Daniel Milla, com 47 e 44, respectivamente.

 

 

43% dos vereadores reeleitos, hoje, fazem parte do PSD, mesmo partido da prefeita eleita, Prof. Elizabeth Schmidt. Milla, Balancin e Divo, são os únicos que declararam apoio à campanha da professora e também ao seu mandato. Stocco e Dr. Zeca afirmaram compor a bancada de oposição. Enquanto Passos e Valtão se dizem atualmente neutros. De acordo com Carlomagno, é comum prefeitos irem atrás da maioria da Câmara. “O Executivo tem muito poder em relação ao Legislativo, principalmente no plano estadual e municipal, ele tem muitas ferramentas para negociação e para formação de maiorias, mesmo quando ele não tem, a princípio uma maioria já clara”, explica. “Quando o prefeito já entra com essa maioria é muito mais fácil e muito mais confortável governar”, comenta Carlomagno. 

 

 

 Confira o vídeo produzido por Emanuelle Salatini sobre a reeleição dos vereadores na CMPG: 

Ficha técnica:

Repórter: Emanuelle Salatini.

Vídeo: Emanuelle Salatini.

Edição: Denise Martins.

Supervisão: Angela Aguiar, Cintia Xavier, Jeferson Bertolini e Vinicius Biazotti.