Músicos, que ficaram sem trabalhar na pandemia, estão animados com a volta

 

Resumo

    • A reportagem mostra a retomada do cenário da música ao vivo em Ponta Grossa;
    • Sem apresentações, músicos locais buscaram se reinventar para manter a renda ao longo da pandemia; 
    • Avanço da vacinação garante maior segurança para retomada; 
    • Donos de bares e restaurantes observam retorno positivo do público com a volta da música ao vivo.

 

Com o fim do toque de recolher em Ponta Grossa, decretado em 17 de setembro, e a liberação para realizar eventos culturais, os músicos da noite retomam suas atividades de maneira gradativa nos bares e restaurantes da cidade. A necessidade de distanciamento social imposta pela pandemia havia afetado diretamente a rotina da categoria. 

Eric Santana, baterista da banda Hoovaranas, está fora dos palcos há mais de um ano, e ainda aguarda sua segunda dose da vacina contra Covid-19 para retomar as atividades ao vivo. “Acho que é mais uma questão de responsabilidade coletiva. Cuidar de si agora significa cuidar dos outros também. Mesmo com muita gente totalmente vacinada, devemos tomar alguns cuidados”. 

Andria Jéssica, professora de música no Conservatório Maestro Paulino, ficou fora dos palcos de março a novembro de 2020, mas se apresentou esporadicamente ao vivo durante este ano. A musicista também relata preocupação com as aglomerações em eventos. “Parece que ainda vivo em alerta por tudo o que aconteceu nos últimos tempos. Acho que ainda preciso de tempo para ver as coisas ficarem 100% e me sentir segura novamente”.

 

Bares retomam música ao vivo após flexibilização de restrições em PG. Foto: Venom Bar - Nayara Lopes / Lente Quente. 

 

Distância dos palcos e reinvenções

Para manter a sua renda, mesmo com aulas presenciais, Andria também passou a lecionar música de maneira remota. Por isso, precisou investir em equipamentos para ensinar à distância. “Como minha renda vem exclusivamente da música e sou MEI, não podia deixar de trabalhar”.

Eric também precisou se reinventar e se dedicou às gravações e produções caseiras. “Investi o que tinha em equipamentos para fazer gravações em casa e isso acabou se tornando minha atividade principal durante a pandemia”, relata. Neste período, ele criou um selo independente para gravação e produção de música alternativa. 

O fato de não sobreviver apenas de música não impediu que Guile Santos, músico solo, também se reinventasse e trouxesse novidades ao seu repertório. Assim como Eric, Guile passou mais de um ano longe dos palcos e, neste período, introduziu novas sonoridades e recursos tecnológicos ao seu repertório, como o pedal de looping. “Estou saindo um pouco da Bossa Nova e abrindo mais o leque. O pessoal está gostando”.

 

Implicações em estabelecimentos

Fábio Fanfono, proprietário do restaurante Rei das Batidas, diz que retomou a música ao vivo em seu estabelecimento no último dia 29 de outubro. Foram duas sextas-feiras seguidas com som ao vivo e a intenção é oferecer também aos sábados. “As pessoas procuram um atrativo para sair à noite e a música é um atrativo saudável e culturalmente enriquecedor. O público tem respondido positivamente à volta”, conta Fábio.
Já Silvio Mendes, proprietário do Phono Pub, ainda não retomou as atrações musicais em seu bar, mesmo sendo um local aberto. “Faremos um evento em breve para testar, onde pedirei carteirinha de vacinação para nos sentirmos mais à vontade”, relata Silvio, que diz ter planos mais certos quanto a atrações ao vivo com a chegada do verão, no fim do ano. “Com a vacinação avançando e num lugar ao ar livre, a situação fica menos perigosa para contágio”, avalia.

 

Expectativas e receptividade

Os dois empresários relatam que o público tem interesse e comparece a eventos com música ao vivo. “Quase todos os dias perguntavam quando voltariam nossos sambinhas nas sextas feiras. Acredito que o estabelecimento e os clientes estão se sentindo seguros pelo avanço da vacinação”, diz Fábio. “Tem lugares que já estão lotando de gente. Pelo público, avalio que já daria pra fazer eventos de pequeno porte”, conclui Silvio.

Andria relata empolgação por parte do público em ver novamente uma banda ao vivo. “Agora com os bares podendo ter lotação máxima e sem hora para acabar, as pessoas estão muito mais animadas e interagindo mais com as bandas. Estavam sentindo falta de poder ver uma banda ao vivo tocar, já que durante a pandemia o que se destacou foram os formatos acústicos”, avalia. 

 

Ficha Técnica

Repórter: Cássio Murilo 
Edição e Publicação: Manuela Roque
Supervisão de Produção: Jeferson Bertolini 
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen