Comércio e serviço foram os setores que mais demitiram na cidade

 

Foto: Veridiane Parize/Lente Quente - Foto retirada na Agência do Trabalhador antes da pandemia.

 

Os empregos formais diminuíram em Ponta Grossa segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado em maio deste ano: foram 3.112 demissões em relação a março. No estado Paraná, também houve queda: geração de 10.019 empregos com carteira assinada, diminuição de 76%.

Essa redução pôs um freio a uma retomada da empregabilidade em meio a pandemia de covid-19. Em março deste ano, o estado chegou a ser o terceiro que mais gerou empregos em 2021. Com mais de 41.500 vagas com carteira assinada, o número foi 70% maior que o de janeiro, de acordo com o Caged. Setores como serviço (17.819 vagas), indústria de transformação (9.090) e comércio (8.302) despontaram como os que mais empregaram formalmente.

Porém, em Ponta Grossa, a situação no balanço do primeiro trimestre já era diferente: com 133 contratações contra 181 desligamentos, havia saldo negativo de 48 empregos. O setor do comércio foi o que mais despediu, com 70 desligamentos. O de serviços foi o segundo, com 64 demissões.

 

Drama

O desemprego atinge pessoas como Cleusa Carneiro, de 49 anos, que está desempregada há oito meses. Ela conta que a família luta para se sustentar com o salário de carpinteiro do marido, o único na casa que conseguiu se manter no trabalho. “Meu filho foi o único que conseguiu ter acesso ao auxílio emergencial. Mas com os últimos sendo de só 100 reais, a situação não melhorou muito”, relata.

Ela destaca que já foi cinco vezes à agência do trabalhador nos últimos dois meses e que as vagas oferecidas favorecem sempre um tipo específico de perfil profissional. “Elas sempre focam em pessoas que têm curso técnico, como mecânica”.

Cleusa reclama que os contratantes exigem experiência comprovada com carteira assinada, mas nenhum se dispõem a criar essa experiência, principalmente para os trabalhadores que vêm de outro setor ou que estão recomeçando a trajetória profissional.

Ela conta que o filho ainda procura emprego, pois foi demitido há quatro meses de uma grande distribuidora de carnes na região. “A gente veio de Carambeí há quatro meses porque lá também estava difícil”.

Mesmo com esse cenário de aumento do desemprego, Cleusa mantém esperanças de que ao menos o filho consiga uma vaga. Ela gostaria que surgisse uma vaga de auxiliar de produção, função que desempenhava em seu último trabalho e na qual, portanto, possui a tão exigida experiência.

 

Agropecuária

Mesmo nesse cenário de agravamento do desemprego, o setor agropecuário registrou um total de 2.450 contratações no Paraná, com 1.715 na região de Ponta Grossa. A atividade foi uma das três únicas a manter um saldo positivo, segundo o Caged.

Para Carlos Madureira, vice-presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, a geração de empregos é resultado de uma combinação de fatores, como o crescimento do setor e da diversidade de cargos que ele abrange. Além, claro, dos períodos de colheitas trimestrais, que sempre aquecem o mercado.

Madureira explica que o aumento do dólar no último ano estimulou as exportações, como a da carne. Isso aumentou os preços, fazendo com que produtores e cultivadores investissem e contratassem mais. “Com a alta da procura pelo produto, criou-se uma necessidade de mão de obra, como a de peões e boiadeiros. Nós recebemos várias procuras de produtores e cooperativas por profissionais desse porte”, afirma. O sindicalista acrescenta que o mesmo também vale para produtos semeados.

 

Ficha técnica
Reportagem: Yuri A.F. Marcinik
Edição e Revisão: Deborah Kuki e Ana Moraes 
Publicação: Deborah Kuki e Ana Moraes
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen