"Não existe receita pronta para o jornalismo investigativo", afirma Amanda Audi

IMG 6048Foto: Juliana Krol

 

Amanda Audi foi a jornalista convidada para o terceiro dia da 26ª Semana de Comunicação (Secom), na manhã desta sexta-feira (20), no portal telemidiático, no campus central da UEPG. Na conversa, a repórter que hoje trabalha como freelancer em jornais regionais e nacionais e é uma das ombudsman do portal Periódico, relatou as experiências com o jornalismo investigativo. De acordo com Amanda, para trabalhar com pautas investigativas o jornalista precisa encontrar um tema, procurar e juntar as peças, falar com as pessoas certas, ter cuidado e organizar, reorganizar e insistir na pauta. “É óbvio que não é fácil. Você vai conversando com as pessoas, juntando as frestas e no fim você organiza tudo e vê o que pode sair de lá, qual é o gancho, o que é mais importante”.

 

Questionada sobre o trabalho de apuração e organização de dados em uma cobertura investigativa, Amanda Audi lembrou que não existe uma receita pronta, e que as informações podem surgir das fontes e diários oficiais, portais da transparência e até de conversas com pessoas improváveis. A jornalista lembrou também que com a Lei de Acesso à Informação (LAI), muitos dados podem ser descobertos e apurados. “Parece que as informações são escondidas, mas as leis de transparência abrem espaços para produção de muita reportagem com dados que ninguém teve um olhar sobre eles”. A LAI completa cinco anos em 2017 e é tema da 26ª Semana de Comunicação.

 

Com experiência em reportagens investigativas, Amanda Audi participa da cobertura jornalística da operação Lava Jato, desde 2014, quando a ação foi deflagrada. Para a jornalista, o início foi o período mais difícil, pela ausência de informações. “No começo ninguém tinha noção de que ia virar o que virou, já que parecia mais uma operação de lavagem de dinheiro”. Passados três anos desde o início da Lava Jato, Amanda Audi garante que o trabalho investigativo é difícil e que exige paciência, principalmente para conseguir informações exclusivas, já que todos os veículos de comunicação e jornalistas cobrem a operação.

 

Sobre os desafios da cultura de transparência no jornalismo, Amanda Audi acredita que a imprensa é usada pelos agentes políticos e que cabe ao jornalista saber como e por quê embarcar nesses assuntos, principalmente em um contexto em que muitos profissionais querem dar o furo, a informação em primeira mão.  “A imprensa é usada com as operações curtas e bombásticas e que repercutem, mantendo assim o interesse naquilo que se retroalimenta e ganha legitimidade”. Para Audi, exemplo é Lava Jato, onde a imprensa foi fundamental para dar as dimensões que a operação tem. “A gente não pode ser ingênuo e achar que os atores da Lava Jato não usam a mídia. Toda informação que vaza tem um objetivo e a gente separa o que é publicado ou não conforme o interesse público”, garante.

 

Para o estudante de jornalismo, Matheus Rolim, os procedimentos de apuração investigativa apresentados por Audi contribuem na formação acadêmica e para produção de reportagens aprofundadas. “As dicas e ideias apresentadas são baseadas na experiência vivida por ela, que está inserida no meio e que sabe como proceder em reportagens com essas características”.

 

A 26ª Semana de Comunicação encerrou na tarde desta sexta-feira (20), com a palestra de Leonardo Foletto sobre a cultura, história e ética  hacker.