Com o risco de deteriorização e perda do material, as partituras são recuperadas em catálogo físico e digital para acesso ao público

Orquestra Sinfônicade da Cidade de Ponta Grossa em apresentação na Concha Acústica | Foto: Veridiane Parize

O Centro de Música de Ponta Grossa, ligado à Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Museu Campos Gerais, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), iniciou o processo de digitalização e catalogação de partituras antigas de bandas e corais da cidade. Cerca de 10 mil arquivos compõem o acervo em peças da Banda Lyra dos Campos, Coral Santa Cecília, Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa e da biblioteca do Conservatório Maestro Paulino.


Idealizador do projeto e diretor artístico do Centro de Música, Douglas Passoni desenvolve pesquisas sobre acervos musicais desde 2005. Assim que assumiu o cargo público, Passoni identificou peças raras e a possibilidade de um espaço favorável para armazenamento e criação de um acervo no Conservatório. “É muito vulnerável. Outras gestões não tiveram interesse e uma próxima pode ser que não tenha. De repente, tudo aquilo que poderia fazer diferença na vida musical da cidade poderia ir pro lixo”, expõe.


Com graduação em Música pela UEPG e Especialização em Música em andamento pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), Cassiano Rodrigues Vaz reforça que o acervo ajuda a contar a história de Ponta Grossa e permite acesso a algo fora do que é mais presente no que chama de “música midiática”. “O contato com a diversidade musical é difícil. O que as pessoas ouvem mais é justamente o que está mais acessível”, afirma Vaz.


O acervo histórico-musical foi batizado de “Waslau Borkowski”, em homenagem ao violinista da orquestra que cuidou de parte dos documentos que compõem o acervo. A catalogação é feita em caderno de tombo e posteriormente digitada em uma planilha, que identifica autor, letrista, tonalidade e situação de conservação do documento, como bom ou mau estado, tamanho, editora e ano de publicação. Passoni reforça a importância do arquivo físico, mas a preocupação em garantir a preservação do conteúdo fez com que optassem também pela digitalização do acervo. “O arquivo digital nos dá a possibilidade de socialização do material de forma múltipla”, diz Passoni.


O Museu Campos Gerais firmou a parceria ao ceder o equipamento necessário para a digitalização dos arquivos. Segundo Passoni, o processo semanal é de quatro dias em catalogação e um dia para digitalização. “Mais de mil partituras já foram catalogadas e o montante continua visualmente igual. É um trabalho que levará cerca de quatro anos para ser concluído”, diz Passoni.


Compositores ponta-grossenses integram o acervo da Banda Lyra e da Orquestra Sinfônica. Dentre eles Jacob Holzman, Álvaro Holzman, Anita Holzman e Jorge Holzman, Maestro Paulino e o arranjador Euclides Rosa, tenente do 13º Batalhão de Infantaria Blindado (13 BIB). Algumas das músicas foram executadas ao público, como “Pérolas D’Alma”, de Jorge Holzman, pela Orquestra Sinfônica. As obras de domínio público ficarão disponíveis no repositório da UEPG.

 

Ficha Técnica
Reportagem: Cássio Murilo
Edição: Arieta de Almeida
Foto: Veridiane Parize
Supervisão: Professoras Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Fernanda Cavassana, Hebe Gonçalves, Rafael Kondlatsch