Crescimento populacional causa impacto em serviços públicos no bairro Colônia Dona Luiza

Aumentam as demandas nas vilas mais afastadas do bairro

O crescimento populacional no bairro Colônia Dona Luíza tem aumentado a demanda de serviços públicos no Colônia Dona Luíza, situadas após o Viaduto do Santa Maria. Composto por nove vilas, Santa Maria, Santa Marta, Jardim Ouro Verde, Santa Luíza, Santa Tereza, Santa Clara, Jardim Cerejeiras, Porto Seguro e Colinas Verdes, toda a região conta apenas com duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para atender toda a população nos postos Lauro Muller (Santa Maria) e Adão Ademar Andrade (Cerejeiras)

 

Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, mostra que a população do bairro era de 12.367 pessoas. Já em pesquisa de 2010, o número chega a 16.639 moradores. Isso mostra um crescimento de mais de 4 mil pessoas em dez anos, mesmo sem contar com o Jardim Cerejeiras, que foi inaugurado em novembro de 2010, além de Colinas Verdes e Porto Seguro, que são vilas mais recentes ainda.

No posto de saúde da Santa Maria, a demanda de consultas e agendamentos médicos cresceu de forma acelerada, com atendimentos a diversas regiões. A enfermeira do mesmo posto, Lauryellen Aparecida Padilha, conta que o crescimento populacional da região influencia o funcionamento da UBS principalmente no caso dos grupos prioritários. “Tentamos trabalhar principalmente com as prioridades, que são exatamente aquelas que correm mais riscos, como crianças, gestantes, idosos. E o crescimento influencia neles”, explica a enfermeira.

Para o ensino fundamental, na Vila Santa Maria, há apenas o Colégio Santa Maria, com turmas de quinto ao nono ano, para dar conta de toda a população. Atualmente, o Colégio conta com 85 alunos matriculados no sexto ano, divididos em três turmas, e 118 no sétimo, em quatro turmas, no turno da tarde. De manhã, há 129 estudantes em quatro turmas de oitavo ano, além de 84 divididos em três salas de nono ano.

O professor e diretor do colégio, Dennis Camargo, esclarece que o crescimento da população pode afetar no número de vagas ofertadas pela escola. “Preenchi todas as vagas à tarde para o sexto e sétimo ano, de manhã tenho salas de oitavo e nono ano, também com todas as vagas preenchidas. À noite, normalmente deixo pro ensino médio, que é onde eu ainda tenho vagas”, expõe Camargo.


O professor ainda diz que caso a comunidade continue a crescer, haverá a necessidade de uma nova escola na região ou a ampliação do prédio já existente. “Temos espaço para a criação de mais um módulo com sete salas de aula. Para o Estado, entre construir uma nova escola de três a quatro milhões, seria mais viável gastar dois milhões aqui, construir uma nova ala e ampliar o número de funcionários e professores”, completa.

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Além disso, das nove vilas citadas, apenas quatro delas possuem Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) – Santa Maria, Santa Marta, Cerejeiras e Ouro Verde. O CMEI Santa Marta possui 120 crianças matriculadas, mas as instalações estão fechadas para reformas desde 2018. Os alunos tiveram que ser realocados para o CMEI Nossa Senhora Aparecida, no Santa Maria. As crianças do Santa Maria foram realocadas para o CMEI Professora Gisele Maria Zander, que conta com 161 alunos, e CMEI Professora Fabiane Hernandez Barbosa, com 162 alunos matriculados, no Jardim Cerejeiras e Jardim Ouro Verde, respectivamente.

O advogado e membro do Conselho da Cidade, João Luiz Stefaniak, explica que essas áreas de conjuntos habitacionais e vilas recentes eram áreas rurais e passaram a ser urbanizadas devido à programas sociais do governo, como o “Minha Casa Minha Vida”, mas que a responsabilidade com os serviços públicos é da prefeitura. Para Stefaniak, uma grande parte dos projetos do Plano Diretor não foram aprovados. “O Plano Diretor simplesmente definiu as diretrizes urbanas, mas não definiu áreas prioritárias para expansão urbana, porque foram aprovadas as leis gerais e não foram aprovadas as específicas”, explica o advogado. Além disso, para Stefaniak, geralmente as áreas isoladas são as que mais sofrem sem os serviços públicos. “A infraestrutura decorre deste contexto, a falta de recursos públicos, porque o custo para a prefeitura equipar esses novos lugares é muito caro. O perfil é sempre de áreas de ocupação popular que apresenta essa demanda, e são as áreas mais abandonadas pelo poder público”, declara.

“A Prefeitura de Ponta Grossa trabalha em diversas frentes, que vão desde o desenvolvimento de políticas públicas até a implementação de leis e de parcerias público-privadas para a melhoria da estrutura do município e a absorção das demandas que surgem a partir do crescimento populacional”, é o que garante a assessoria de imprensa da Prefeitura. Ainda segundo a assessoria, o município exige dos responsáveis pelas construções, uma medida para minimizar o impacto causado nessas regiões. “Essas contrapartidas podem ser através de investimentos na melhoria da estrutura viária, reforma, ampliação ou construção de escolas, unidades de saúde, CMEIS ou demais equipamentos públicos necessários”.

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Ficha Técnica
Reportagem: André Ribeiro Pires
Edição: Thailan de Pauli Jaros
Supervisão: Professores Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Fernanda Cavassana, Hebe Gonçalves e Renata Caleffi