Mais de um terço dos acidentes de bicicleta em Ponta Grossa envolvem automotores

Dados cobrem entre janeiro e novembro; usuários reclamam de ciclovias e ciclofaixas

Um levantamento das ocorrências de trânsito com bicicletas em Ponta Grossa mostra que o município teve 164 acidentes em 2021 - desse total, 63 envolvem veículos como automóveis, motocicletas e caminhões. Entre os tipos de ferimentos das vítimas estão lesões leves, moderadas e graves. Os dados são do Sistema de Estatísticas de Ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná, até o dia 23 de novembro deste ano.

A atleta de ciclismo ponta-grossense Talita da Luz de Oliveira destaca a importância de ciclofaixas na cidade. “Precisamos deixar a população mais atenta sobre o que é ciclovia, e o que é via para pedestres. Além disso, temos que chamar atenção para a questão de que tamanhos e medidas das ciclovias devem ser observadas e respeitadas”. A atleta é campeã brasileira de pista aos 16 anos, tricampeã do ranking nacional, campeã brasileira de estrada e crono em 2019, convocada para seleção brasileira de estrada 2018, além de campeã paranaense e dos jogos abertos.

Para Talita, uma das principais formas de evitar acidentes é melhorar as formas de avaliação durante os exames de carteiras de motoristas. “Devia existir um método de ensino na autoescola específico para o ciclismo. Os motoristas não sabem a lei de trânsito, e muito menos tem noção das leis da bicicleta. Só o motorista entendendo a lei, e sentindo na pele o que é um carro passar raspando em você, que ele começa a entender os riscos que oferece”.

 

Membros do grupo Proteja o ciclista utilizando a ciclofaixa Henrique Isaac Panzarini Silva

Membros do grupo 'Proteja o ciclista' utilizando a ciclofaixa Henrique Isaac Panzarini Silva | Foto: Marcella Panzarini

 

Umas das possíveis causas para tantos acidentes em Ponta Grossa, são os problemas com as ciclofaixas e ciclovias, e também a ausência delas em alguns trechos da cidade. A ciclista Marcella Panzarini aponta um dos principais problemas. “Alguns pontos de ônibus, por exemplo o do Parque Monteiro, ficam em cima das ciclofaixas. O ônibus para, muitos carros viram no trecho e oferecem muito perigo para os usuários, pois ninguém tá nem aí por ser uma ciclofaixa”. 

Uma das ciclovias que também apresenta problemas para ciclistas é a ciclovia do Passo do Pupo, no distrito de Itaiacoca. Panzarini afirma que ela ainda não está terminada, faltando duzentos metros. Além disso, a ciclista comenta que “a ciclovia fica ao lado da estrada, o que representa muitos riscos para os praticantes de ciclismo.”

Outra ciclovia que apresenta problemas é a de Uvaranas. Os ciclistas devem pedalar pela direita, no sentido dos carros, devido às conversões, tendo que evitar colisões frontais com os veículos. A ciclofaixa da mesma região fica do lado esquerdo da via, sentido bairro, na mão contrária à que seria correta. 

No trajeto sentido Uvaranas, o ciclista que fica do lado direito dos veículos deve atravessar a rua no meio de diversos carros para chegar à ciclovia do outro lado, porque esta só começa em determinado trecho da rua, após o chafariz de Uvaranas, localizado na Avenida Carlos Cavalcanti, próxima aos mercados Condor e Tozetto.

 

Confira o áudio da entrevista feita com Altair Justino de Oliveira, auxiliar metalúrgico de 56 anos, que utiliza a bicicleta todos os dias para ir ao trabalho.