Suspensão de atendimentos de pré-natal gera filas em Ponta Grossa

Atendimentos atrasados podem provocar complicações na gestação

 

Ponta Grossa enfrenta alto número de gestantes à espera de consultas de pré-natal de alto risco e de nível intermediário. Os atendimentos que haviam sido suspensos devido ao afastamento dos três médicos obstetras, que são do grupo de risco, retornaram em 19 de Abril, com o agendamento das consultas. As 311 grávidas que aguardavam por atendimento de pré-natal de alto risco, foram agendadas.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, estão marcadas 110 consultas por semana e pretende-se atender todas essas gestantes até o dia 07 de maio. Quanto à lista de espera de consultas de pré-natal intermediário geral, a fila foi de 537 gestantes, para 511 e na terceira semana 517. No intervalo de duas semana, foram atendidas 26 pacientes.
Segundo a Prefeitura, as gestantes que são classificadas como de alto risco, precisam passar por avaliação do obstetra para que, se confirmada a situação, o médico irá mudar o local do parto da grávida. Devido à pandemia, o contexto é atípico, houve vários afastamentos de profissionais, gerando a fila. A prefeitura ressaltou também que as especialidades são de responsabilidade do Estado, sendo o município um "colaborador". O Estado, neste período, ofertou poucas vagas, sendo um pouco mais de 40 entre os meses de março e abril.
De acordo com o médico obstetra Henrique Hoffmann, quando se identifica alguma anormalidade na evolução da gravidez ou mesmo alguma doença que acometa a mãe, o bebê ou ambos (como diabetes, pressão alta, malformações fetais), a gestação passa a ser classificada como de risco intermediário ou de alto risco, dependendo da gravidade dessas alterações.
São gestações que demandam maior atenção, pois há, estatisticamente, maiores chances de complicações identificáveis durante o pré-natal, parto ou pós-parto. Em alguns destes casos, a mulher vai precisar de atendimento médico e multiprofissional especializados (nutricionista, psicólogo, endocrinologista, educador físico, obstetra). Esses atendimentos devem ser encaminhados oportunamente pela equipe da Unidade de Saúde.

TEMPO DE ESPERA

Questionada em relação à situação das grávidas de alto risco à espera de atendimento, a prefeitura garantiu que toda gestante no início do seu pré-natal é vinculada ao Hospital Universitário Materno Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HUMAI). Portanto, ela não fica desassistida, em caso de intercorrências. Além disso, quando está na rotina de pré-natal, deve ter todo o suporte nas Unidades de Saúde (UBS), onde atuam médicos obstetras que estão em home office.
Uma das preocupações que existe é acerca do tempo que estas gestantes ficam nesta lista de espera. Para o médico obstetra, essas filas impactam gravemente na qualidade do atendimento à mulher grávida e ao seu bebê. “No pré-natal existem prazos no que diz respeito à realização de exames e ao nascimento. A demora no atendimento pode atrasar a realização de exames fundamentais e mesmo atrasar o encaminhamento da gestante à atenção especializada, que é o diferencial entre desfechos positivos e negativos na gravidez”, afirma.
Segundo Hoffmann, durante o pré-natal diversas condições potencialmente graves podem ser identificadas, inclusive num momento anterior ao período em que afetem a boa evolução da gravidez. “Por exemplo: é fundamental que uma mulher hipertensa visite a equipe de saúde assiduamente para saber como vai o controle da sua pressão, se é preciso ou não prescrever alguma medicação, se a pressão alta de alguma maneira interferiu na gestação, se vai ser preciso adiantar o nascimento em decorrência dela, etc. Neste mesmo exemplo, se o feto nasce prematuro em decorrência de mau controle da pressão porque a paciente não teve sua medicação ajustada a tempo, a prematuridade é consequência direta do pré-natal insuficiente”, pontua.

CONTEXTO DOS DADOS

As listas com os dados de atendimento em saúde são divulgadas todas as quarta-feiras no site da Fundação Municipal de Saúde (FMS). A reportagem acompanhou a divulgação durante três semanas. Quanto ao histórico da lista de espera por consultas nas especialidades de pré-natal de alto risco e intermediário geral, no dia 14 de abril havia 537 grávidas à espera de consultas de pré-natal intermediário geral, e 331 à espera de consultas de pré-natal de alto risco.
Cinco dias depois, a lista de espera do pré-natal intermediário geral diminuiu para 511, tendo sido atendidas 26 gestantes. Já a fila por atendimento de pré-natal de alto risco estava zerada, cumprindo os agendamentos. Na última semana antes do fechamento do jornal na edição, final de Abril. A lista de espera do pré-natal intermediário geral aumentou para 517. E a fila do pré-natal de alto risco aumentou 6 gestantes. Em relação às listas de espera de outros meses, foram solicitadas à Prefeitura; porém, não obtivemos resposta.

Ficha Técnica

Repórter: Rafael Piotto
Editor de Texto: Prof. Marcos Zibordi
Supervisão: Rafael Kondlatsch, Marcos Zibordi e Kevin Kossar

Publicação: David Candido