Setembro Verde: doar órgãos salva vidas

Paraná é referência na doação de órgãos no país; PG acompanha os índices do Estado

 

A cor verde marca a Campanha Nacional para a Doação de Órgãos e Tecidos, conhecida como Setembro Verde. Idealizado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a campanha tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. A doadora Amanda Calixto comenta sobre a importância das ações para conscientização da população. “A doação de órgãos ainda é pouco discutida, mesmo sendo de grande importância social”. 

Em Ponta Grossa, de acordo com os dados do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, entre janeiro e maio deste ano,  11 doadores estiveram aptos a transplantes de órgãos na região. Em comparação a 2021, os números permanecem estáveis, totalizando uma média de dois doadores efetivos por mês.

Segundo o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hospital Universitário (HU), Guilherme Arcaro, o processo de doação é iniciado após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica. Em seguida, quando o paciente é um potencial doador, há um diálogo com a família para a autorizar o processo. 

Arcaro explica que os transplantes são realizados pelos centros transplantadores. Na região, os mais próximos ficam em Campo Largo e Curitiba. Além disso, ele explica como ocorre o recolhimento dos órgãos. “A equipe transplantadora vem até o hospital, realiza a captação dos órgãos e os encaminha aos centros conforme disponibilidade e compatibilidade doador-receptor”, destacou.

O coordenador ressalta que o Paraná lidera o ranking nacional de doadores efetivos por milhão de habitantes e Ponta Grossa segue nesta mesma tendência estadual. De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), o Brasil é referência mundial na área de transplantes de órgãos e tecidos, assumindo o segundo lugar no ranking de maior transplantador, atrás apenas dos EUA. Bem como possui o maior sistema público de transplantes do mundo, com cerca de 95% do financiamento dos transplantes realizados pelo SUS.

Corrente do bem

Com apenas dez anos de idade, Gabriela Romanoski de Andrade viveu uma corrida contra o tempo após ser diagnosticada com Miocardiopatia Dilatada, em julho de 2020. Transferida para o Hospital Pequeno Príncipe para realizar seu tratamento, em poucos meses, ela deu entrada na fila de transplantes em busca de um novo coração, mesmo com o seu transbordando de tanta bondade e amor. A pequena Gabi tinha dois sonhos, receber a primeira comunhão, com direito a uma cerimônia surpresa preparada na capela da instituição médica e outro de ajudar as pessoas, principalmente crianças. Infelizmente, em novembro de 2020, a pequenina não resistiu, mas seu sonho permanece forte com o Projeto Gabi Vive, relata a amiga da família e colaboradora do projeto Ligiane Santos.

A ideia do projeto é ser uma rede de apoio para os familiares que estão na mesma situação, promover campanhas de arrecadações e difundir materiais sobre a conscientização da doação de órgãos para contribuir no aumento do índice de doadores efetivos.

Ligiane comenta sobre a importância da realização de campanhas e movimentos para divulgar informações sobre o procedimento de doação. No ano passado, a colaboradora relata que o projeto realizou ações ligadas ao Setembro Verde. “Muitas pessoas nos disseram que, ao lerem as informações dos posts, mudaram positivamente de ideia sobre suas decisões acerca da doação de órgãos”. 

Como virar um doador

Segundo informações do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, existem dois tipos de doadores: o doador falecido, onde é necessário comunicar os familiares sobre o desejo, visto que o procedimento só pode ser realizado com a autorização de parentes próximos. E o doador vivo: qualquer pessoa saudável que deseje doar um de seus rins ou parte do fígado para um familiar próximo, ou uma pessoa não aparentada - neste caso sendo preciso uma autorização judicial.

Os órgãos que podem ser doados são: coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e também tecidos, como: córneas, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões. Ou seja, um doador pode ajudar muitas pessoas. De acordo com o Sistema Estadual de Transplantes os órgãos são destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera. A seleção dos pacientes que aguardam o procedimento ocorre baseada na gravidade da doença, tempo de espera na lista, tipo sanguíneo e compatibilidade com o órgão doado. Após a doação, os órgãos são removidos cirurgicamente e, antes de ser entregue a família, o corpo é reconstituído condignamente e sem deformidades, podendo ser velado normalmente.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Larissa Del Pozo

Edição e publicação: Catharina Iavorski

Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli