Do doador ao receptor: como funciona o ciclo do sangue

As etapas envolvem o tratamento do sangue até que ele seja destinado a outra pessoa 

Doação de sangue é um ato importante que pode ajudar a salvar vidas. O que nem todo mundo sabe é que o sangue coletado passa por várias etapas de preparação até ser destinado a uma pessoa. Desde o momento da triagem clínica do doador, até a forma de armazenamento do sangue coletado, são fases que interferem no processo final de doação.

Imediatamente após a coleta, o sangue é armazenado em caixas com placas refrigeradas a 16º C, por duas horas, a fim de estabilizar a temperatura. Nesse momento ele é chamado de “sangue total”. Segundo a farmacêutica bioquímica do Hemepar de Ponta Grossa, Vivian Aparecida Maciel Mendes, o objetivo é separar os quatro hemocomponentes do sangue: concentrado de hemácias, plasma, concentrado de crioprecipitado e concentrado de plaquetas. Para isso, as bolsas de sangue passam por um processo físico de centrifugação em duas etapas. A primeira etapa separa as hemácias do plasma e a segunda separa o plasma das plaquetas. 

Cada hemocomponente do sangue são igualmente essenciais, no entanto, cada um possui uma finalidade diferente. As hemácias, por exemplo, ajudam no tratamento de vários tipos de anemia e doenças hereditárias. Já o plasma e o crioprecipitado são destinados a pessoas com problemas de coagulação. As plaquetas auxiliam no tratamento hemorrágico.

Antes que o sangue seja liberado para doação (transfusão) , é necessário fazer exames da amostra. O intuito é verificar se o doador possui alguma doença possível de ser transmitida. Sendo elas: sífilis, HIV, hepatite B, hepatite C, doença de chagas e vírus HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas) 1 e 2.

De acordo com Vivian, se os exames detectarem algum problema “o doador é convocado para coletar uma segunda amostra para confirmação e ele é direcionado para dar início ao tratamento”, afirma. A primeira amostra coletada, por sua vez, é descartada.

Todo o processo de coleta, centrifugação e exame leva em torno de 48 horas. Somente após todos esses estágios é que os componentes do sangue são liberados para doação.

DOAÇÃO SANGUE Maria Fernanda de Lima

Foto: Arquivo Periodico/Maria Fernanda de Lima

Armazenamento correto

Após o processo de centrifugação, todos os componentes exigem diferentes formas de armazenamento. Vivian explica que o concentrado de hemácias deve ser refrigerado em uma temperatura de 4º a 6º C e dura entre 35 e 42 dias. Já o concentrado de plaquetas é conservado em temperatura ambiente e dura apenas cinco dias. Tanto o plasma, quanto o crioprecipitado são armazenados a 30º C negativos e duram até um ano congelados.

Até mesmo durante o transporte de algum elemento é necessário ter o cuidado com a temperatura adequada. Se não forem armazenados corretamente, os componentes podem ser contaminados por bactérias e devem ser descartados.

 

Antes da coleta, vem a triagem

A triagem clínica, etapa anterior à doação, é indispensável para o funcionamento correto de todo o procedimento citado. Segundo a enfermeira do Hemepar, Vanessa Andrade, a triagem consiste em um questionário extenso sobre hábitos de vida, medicações e histórico de saúde do doador. Além de verificar se ele atende aos critérios de doação, também é avaliado se a coleta pode causar algum problema, tanto para o doador, quanto para quem recebe o sangue.

De acordo com Vanessa, a triagem auxilia na investigação de possíveis problemas que os exames em amostras não seriam possíveis de descobrir. “Todo o questionário feito aqui na triagem clínica é para descartar a possibilidade desse doador ter alguma interferência em algum ponto que venha trazer prejuízo em qualquer parte do processo. Mesmo com os exames feitos no sangue, a triagem clínica se mantém importante”, afirma.

Este ano as doações caíram 20% comparado há dois anos, porém, o Hemonúcleo da cidade ainda consegue operar sem faltas de sangue. Essa falta só é sentida quando a  baixa das doações está acima dos 40%. De acordo com a farmacêutica bioquímica do Hemonúcleo, Márcia Barbosa Machado, “por dia, são distribuídas cerca de 40 bolsas para hospitais e clínicas da cidade, e para este mês, o estoque de bolsas de sangue se mantém tranquilo devido às doações já feitas em setembro”.

A doação pode ser feita via agendamento no site do Hemepar. O interessado também pode ligar para o número (42) 3223-1616. O Hemonúcleo fica na rua General Osório (esquina com Coronel Dulcídio).

 

Ficha Técnica:

Repórter: Larissa Onorio

Edição e Publicação: Maria Eduarda Ribeiro

Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Candida de Oliveira, Marcelo Bronosky e Ricardo Bronosky