Medida vale para modalidades individuais e coletivas

 

A lei número 13.944 da Prefeitura de Ponta Grossa flexibilizou a prática dos esportes na cidade. O decreto que torna as práticas esportivas uma atividade essencial é válido em estabelecimentos prestadores de serviços e espaços públicos nos tempos de crise. A única exigência da medida é que sejam obedecidas todas as normas sanitárias estabelecidas pelo Poder Público. Na lei, tanto os esportes individuais quanto os esportes coletivos são flexibilizados, no entanto, esportes coletivos praticados sem máscara, podem ser uma forma de contágio perante a pandemia, aumentando os casos de COVID-19 na cidade. 

Desde março do ano passado, as atividades esportivas, sejam elas individuais (corrida, caminhada, academia, etc.) ou coletivas (futebol, vôlei, basquete, etc.) viviam em constante “fecha e abre”. Em todo lockdown na cidade, as atividades não essenciais foram paralisadas devido ao aumento dos casos. Porém, com a lei nº 13.944, os esportes viram atividade essencial. Com o decreto, duas vertentes entram em pauta: os benefícios e os perigos. 

Para o árbitro e profissional de Educação Física, Marcos Cidreira, existem seus prós e contras. Ele afirma que um dos benefícios é para os que dependem do esporte para sobreviver, pois é o sustento de várias famílias. Porém, para ele, deve-se tomar muito cuidado com a flexibilização. “Na minha opinião, até pode ser liberado, mas deve ser muito controlado.”, destaca Cidreira.

Foto: Tayná Lyra/Arquivo Periódico

 

Algumas das recomendações do educador físico para que as práticas voltem com segurança são: as academias reduzirem o número de alunos, disponibilização de álcool gel e a exigência do uso de máscaras; as quadras esportivas devem controlar o acesso de pessoas, limitando apenas a atletas; evitar aglomeração nos vestiários e de preferência tomar banhos em casa. 

Cidreira assegura que existe a necessidade de que profissionais da Educação Física tenham essas exigências em mente, para poder passar qualidade de vida, com segurança, para as pessoas. 

O profissional apresenta outro benefício da prática esportiva na pandemia, além da renda aos que vivem dos esportes, que é o aumento da imunidade. “Já foi comprovado em várias pesquisas e artigos, não só no Brasil, mas no mundo, que se você está com o condicionamento físico em dia, você vai melhorar a sua imunidade e consequentemente estará mais resistente ao vírus”. 

 

Técnico vê perigo na flexibilização

Para o representante da equipe de futebol Passa Tempos, Gilson Weizenmann, a flexibilização é uma medida perigosa. Ele acredita que a única vantagem do decreto seria para os esportes individuais, visando não ter contato direto com outras pessoas. Já no esporte coletivo, principalmente no futebol, ele acredita que é onde mora o perigo. “Muitas vezes você pode estar competindo com um atleta positivado e assintomático, e é perigoso.” 

O técnico conta que sempre foi apaixonado por futebol e torcia para que os decretos flexibilizassem os campeonatos, mas depois que começou a ver o vírus atingir pessoas próximas, percebeu que o esporte não é essencial naquele momento. Gilson sustenta seu posicionamento contrário ao decreto, contando a experiência de ter perdido um membro da comissão técnica de sua equipe. “Alguns meses atrás, como pessoas apaixonadas, inscrevemos nossa equipe em um campeonato. Fizemos alguns jogos e neste tempo, vimos um número de casos de COVID crescendo entre nosso time. Só notamos o tamanho do perigo quando pessoas próximas perderam a batalha para o vírus. Perdemos Fabiano Pavelski, um apoiador e um grande amigo”. 

 

Atividade física em casa

Alisson Santos, professor da Escola de Preparação do Operário Ferroviário, apresenta alternativas para treinar durante o isolamento. “Fizemos treinos online, que até hoje estamos executando, pois é onde a grande maioria dos alunos se adaptou muito bem. O maior problema que observamos foi que o aluno sentia falta da conversa, da rotina e da amizade que não tiveram durante um ano de isolamento”. 

Além disso, Santos coloca em pauta o sedentarismo das crianças. “Devido ao tempo parados, na cama, no celular ou jogando vídeo game, optamos por treinos diários pela saúde deles. Assim, queimam calorias e gastam suas energias com segurança e em casa."

 

Flexibilizações da Prefeitura

O decreto que torna os esportes uma atividade essencial foi mais uma das flexibilizações feitas pela prefeitura em Ponta Grossa. Houve a reabertura de casas de festas, ampliação de horários para bares e restaurantes, redução do toque de recolher e aumento do horário do funcionamento dos mercados. O comércio funciona normalmente, respeitando o toque de recolher e ocupação máxima de 50% da capacidade, a mesma coisa acontece com galerias e shoppings.

A prefeitura tem dito que as flexibilizações são feitas de acordo com o desenvolvimento da pandemia. Para evitar abusos, a administração municipal diz estar fazendo fiscalização. Multas de 10 mil reais serão aplicadas aos que não cumprem as restrições da flexibilização. Aos reincidentes, o valor passa a ser 20 mil, junto da interdição do estabelecimento por sete dias. Em caso de festas clandestinas e aglomerações a multa é de mil reais para cada infrator presente no local. A apresentação dos documentos para a aplicação da multa também é regra, caso contrário, acontece o encaminhamento para a 13° Subdivisão Policial.

De acordo com a prefeitura, Ponta Grossa atualmente possui mais de 16 mil cidadãos com o vírus ativo, ou seja, são capazes de transmitir e contaminar outros indivíduos. Já positivaram para a COVID cerca de 46.500 pessoas e mais de 1.100 perderam a vida para a doença. Os dados foram divulgados pela Fundação Municipal da Saúde. Ao todo, cerca de 28.800 ponta-grossenses conseguiram se recuperar.

 

Ficha técnica

Reportagem: Tayná Lyra

Edição e Revisão: Ana Paula Almeida e Larissa Godoi

Publicação: Matheus Gaston e Deborah Kuki

Supervisão: Jeferson Bertolini