Em seis meses de isolamento social, mais de 471 mil pessoas tiveram tratamentos suspensos

 

Um estudo realizado antes e durante a pandemia de covid-19 revelou não apenas uma redução no número de consultas e de internações psiquiátricas, mas também um aumento na quantidade de atendimentos domiciliares e consultas de emergência. A pesquisa concluiu ainda que essas mudanças podem causar uma “pandemia paralela”, gerando uma crise de saúde mental no Brasil por mais tempo que a própria covid-19.
O trabalho, publicado pela revista científica The Lancet, analisou pessoas com algum tipo de transtorno mental (de casos que passam por um tratamento de leves a graves) através de um banco de dados disponibilizado pelo Governo brasileiro.
Para a psicóloga Jéssica Machado, no início da pandemia os atendimentos presenciais diminuíram tanto na rede pública quanto na privada. Para realizar o auxílio online, Jéssica precisou incluir outros métodos para as consultas. “No caso de consultórios particulares como o meu, teve uma diminuição muito grande, porque as pessoas estavam com medo e não queriam sair tanto”.

 

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Foto: Pamela Tischer Lima

 

A psicóloga destaca que houve aumento de 80% nos casos de ansiedade entre maio e junho do ano passado no Brasil, além de ter identificado este crescimento também em seu consultório. Segundo ela, os sintomas relatados pelos pacientes eram relacionados à depressão, ansiedade e problemas conjugais ou familiares.
Ainda de acordo com ela, houve uma redução na quantidade de pessoas que faziam o tratamento, pois muitas tiveram problemas financeiros durante a pandemia e acabaram escolhendo suspender as consultas. “A expectativa é que ocorra um retorno e o aumento no número de atendimentos após todos estarem vacinados com a segunda dose”, pondera.
É aconselhável que as pessoas procurem ajuda quando notam que sintomas como tristeza, ansiedade, raiva ou desânimo se tornaram constantes. Segundo a psicóloga, quanto mais cedo for procurado um atendimento médico especializado, mais rápida a recuperação. Pessoas interessadas podem buscar atendimento psicológico e psiquiátrico de forma gratuita por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), vinculados ao do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Ficha Técnica
Repórter: Pamela Tischer Lima
Edição: Gabriel Ryden e Larissa Godoi
Publicação: Gabriel Ryden
Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

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