Itens do antigo Museu Época e acervos do Centro de Música representam aspectos históricos de importantes bandas da cidade

Ao adentrar no Centro de Música de Ponta Grossa, localizado no bairro de Olarias, é possível perceber uma nova sala no local. O Memorial da Música, inaugurado em março deste ano, compõe acervos que resgatam a história da música da cidade. Dentre os objetos expostos, estão instrumentos musicais, prêmios, fotografias, vitrolas e gravadores. Além disso, nas paredes existem textos que narram as histórias de importantes entidades e artistas da cidade. Como é o caso da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, da Banda Escola Lyra dos Campos e do compositor e maestro que dá nome ao Conservatório do Centro de Música, Tenente Paulino Martins Alves.

De acordo com o historiador Fábio Maurício Holzmann Maia, a música marcou o século XIX na história da cidade. Dentre o acervo do Memorial de Música, a sala expõe objetos da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa. Holzmann afirma a relevância destes objetos: “Dentro do panorama nacional, a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa é fundada apenas 14 anos depois da Orquestra Sinfônica Brasileira.” Fábio já foi músico e, atualmente, se dedica à pesquisa da história da música na cidade. Um de seus livros, “Bandas de Música - Patrimônio Cultural de Ponta Grossa” está disponível para leitura no Memorial.

O Secretário de Cultura do Município, Alberto Portugal, afirma que a montagem de uma sala de exposições teve como objetivo contar passagens da música pela história de Ponta Grossa. O secretário destaca o início da Banda Escola Lyra dos Campos, que completa 42 anos em 2024. Para Portugal, a cultura vai além do hobby e o Conservatório Maestro Paulino agrega na formação humana. O secretário ainda fala da intenção da Secretaria de Cultura em propor o tombamento do Memorial. “Ter uma sala que fique de forma perpétua voltada a guardar memórias de um determinado assunto garante que a gente olhe para o nosso passado para podermos planejar o nosso futuro”, afirma. 

O Memorial de Música está aberto para visitação de segunda a sexta das 8h às 21h.

O Memorial de Música está aberto para visitação de segunda a sexta, das 8h às 21h | Foto: Mariana Borba

História dos objetos

De acordo com a museóloga da Casa da Memória, Samara Hevelize de Lima, as peças expostas fazem parte do acervo do antigo Museu Época, desativado desde 2016. Também, doações da comunidade para o Conservatório compõem a sala histórica. “Durante o processo de deslocamento do acervo do Museu Época para a Mansão Villa Hilda, realizamos a definição prévia dos objetos que serviriam para o Memorial da Música. Após a higienização preventiva de todo o material pré selecionado, definimos quais seriam pertinentes e atrativos para exposição”, explica.

Dos objetos expostos, destacam-se aqueles antes pertencentes ao Maestro Paulino. Além daqueles vinculados à banda Lyra dos Campos, como destaca Samara ao citar o Bastão de Baliza de 1958. Fábio Holzmann evidencia o clarone, instrumento musical de sopro da família do clarinete, utilizado pela mesma banda, importado da Itália na década de 50.

 

Clarone utilizado pela Banda Lyra dos Campos faz parte da exposição do Memorial

Clarone utilizado pela Banda Lyra dos Campos faz parte da exposição do Memorial | Foto: Mariana Borba

Serviço

O Memorial da Música está aberto ao público das 8h às 21h, horário em que o Centro de Música funciona. Este localiza-se na rua Frederico Wagner, 150, no bairro de Olarias.

Ficha Técnica:

Produção: Mariana Borba

Edição: Betania Ramos da Silva

Publicação: Betania Ramos da Silva

Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza

Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Cândida de Oliveira

Na 3ªConvenção de Tatuagem de Ponta Grossa, apenas 13% dos profissionais participantes eram mulheres

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Convenção aconteceu durante os dias 12, 13 e 14 de Abril. Foto: Wesley Machado

 

Segundo dados de 2023 do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de 22 mil estúd, ios de tatuagem atuam no Brasil. Em estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2021, o público feminino soma 45% dos profissionais no ramo de tatuagem. Na 3ª Convenção de Tatuagem de Ponta Grossa, que ocorreu em abril, é possível notar a desigualdade na participação  feminina. De 129 participantes do evento, apenas 17 eram profissionais mulheres.

A tatuadora Sabrina Munhoz participa da convenção desde a primeira edição  e atua na carreira há 10 anos. “Quando iniciei não havia quase nenhuma influência feminina aqui na cidade. Então, foi um começo desafiador, até as pessoas conhecerem o meu trabalho e confiarem em mim”, comenta a tatuadora. Sabrina relata que durante a carreira presenciou comentários masculinos que menosprezavam o seu trabalho. Para ela, o maior estereótipo vivido é a ideia de que a mulher não tem capacidade de obter o mesmo desempenho que o homem. “Hoje em dia sou mais confiante em relação ao meu estilo de trabalho”, fala. A tatuadora acredita que é necessário oferecer mais espaço, principalmente em eventos que podem convidar as profissionais a serem juradas, por exemplo. Sabrina venceu em 2023 a categoria Blackwork, estilo caracterizado por traços mais grossos e escuros, e neste ano ficou em 2º lugar na mesma categoria.

A tatuadora Daniella Cristina relata que o seu maior desafio enfrentado foi ganhar visibilidade no mercado de trabalho. “O estereótipo da mulher na tatuagem é acreditar que fazemos apenas artes simples, denominadas como fáceis”, conta. Ela explica que durante a carreira se deparou com clientes que ficaram receosos em  fazer uma tatuagem com uma profissional feminina. Daniella percebe que atualmente há mais mulheres inseridas no universo da tatuagem, produzindo e consumindo. A tatuadora aconselha as aspirantes da área a estudar, pesquisar, se dedicar e aprender. “Saiba dos seus limites no começo, mas não tenha medo de tentar”, expõe.

Bruna Frotscher conta que ao iniciar a profissão se deparou com comentários hostis de um tatuador homem que a orientava no curso profissionalizante. “Existem homens que pensam que nós não conseguimos aprender os conceitos da profissão”, declara. Para ela, uma das maiores dificuldades da profissão é a forma como a sociedade enxerga as tatuadoras e tatuadores, associando o trabalho à marginalidade. Além desse preconceito, Bruna relata mais um problema “Somos bastantes sexualizadas, enquanto estamos sendo profissionais os homens nos objetificam”. aponta.

Bruna ressalta que com a presença de mulheres na área da tatuagem  se torna importante engajar e levantar pautas femininas em um espaço que era considerado de domínio masculino. Assim como a tatuadora Sabrina Munhoz, Bruna acredita que premiar e dar espaço para as mulheres em eventos é uma forma de incentivar  as que buscam reconhecimento.“Fico feliz em acompanhar novas tatuadoras e me sinto representada toda vez que uma mulher ganha um prêmio na área”, relata.

 

Ficha Técnica:
Produção: Wesley Machado
Edição e publicação: Gabriel Aparecido
Supervisão de produção: Muriel Emidio Pessoa do Amaral 
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos 

 

O grupo de teatro independente  incorpora o gênero “terrir” em sua programação

 

Fundada em dezembro de 2022, a Companhia Pé na Cova é uma iniciativa teatral independente, criada pelo ator e roteirista Leonardo Lopes, de 21 anos. O grupo que começou como uma reunião informal entre amigos, atualmente, se tornou uma entidade profissional, sob a direção de Lopes e, até o momento, trouxe 10 apresentações ao público. “Acredito que nosso grupo está se destacando cada vez mais pelas particularidades que temos. Nosso diferencial vem do fato que reunimos pessoas que são capazes de suprir todas as necessidades que uma peça precisa, como cenário, figurino, tudo isso de maneira independente”, comenta Leonardo.

Apesar de não contar com apoio de instituições públicas ou privadas, o grupo estreou seu primeiro espetáculo, "Sorria, Sofia", em junho de 2023, uma adaptação do filme "Divertidamente". A iniciativa ocorreu devido à seleção do programa Plateia  promovido pela Secretaria Municipal de Cultura no primeiro semestre de 2023, o que garantiu cinco apresentações para o grupo Pé na Cova no palco B do Cine Teatro Ópera.

Neste ano, a companhia explora o gênero "terrir", que combina elementos de terror e comédia. A partir de um investimento dos integrantes da companhia, a peça “Casa Monstro”, estreou no dia 25 de fevereiro, com 5 apresentações programadas do espetáculo.  “Esse gênero não costuma ser muito explorado nas peças da cidade, a partir do momento que nos especializamos nele, considero que estamos sendo pioneiros a ter esse diferencial em nossos espetáculos”, afirma o diretor da companhia.Além disso, o grupo tem planos de expandir para o audiovisual, que segundo Leonardo Lopes, já está com dois roteiros de curta-metragem finalizados, em processo de produção. 

 

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A peça "Casa Monstro" volta aos palcos no dia 28 e 29 de março, no Cine-Teatro-Ópera. Foto: Mariana Krankel 

 

Beatriz Mendes é a diretora de artes da Pé na Cova e uma das primeiras integrantes do grupo“Nós da companhia Pé na Cova temos muito comprometimento em nossas rotinas, nossa preparação vai além dos ensaios, parte de nossas habilidades vem do estudo que fazemos em nossas próprias casas para deixar nossa atuação mais rica e verdadeira”, afirma.

Carlos Eduardo Kordiak, estudante do curso de farmácia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, não possui o costume de acompanhar peças de teatro, porém, após se impressionar com a performance e crescimento do grupo, já garantiu seu ingresso para a próxima sessão da peça “A Casa Monstro”. O jovem conheceu o grupo através da indicação de um amigo para assistir a peça “Sorria, Sofia” no ano passado. “Eu admiro o fato de que eles são amigos que abriram a companhia por conta própria. O grupo parece se acolher muito para compartilhar seus talentos com o outro, o que reflete na qualidade das peças”, afirma.

 

Ficha Técnica:
Produção: Manuela Rocha
Edição e publicação: Eduarda Macedo e Maria Tlumaski
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Candida de Oliveira

A exposição Jardim Geológico do Paraná é a primeira ao ar livre e está aberta para visitação de escolas e público em geral

O Museu de Ciências Naturais, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, (MCN - UEPG) inaugurou em maio a exposição “Jardim Geológico do Paraná”. O diferencial do acervo  é a presença de um mapa de 36 metros de comprimento, desenhado no gramado a céu aberto, que apresenta os principais pontos geoturísticos do Paraná, além de rochas em diversas dimensões identificadas no mapa. A estrutura apresenta também  o caminho do Peabiru, rota indígena que liga o oceano Atlântico ao oceano Pacífico.

Antonio Liccardo, diretor do museu, explica as particularidades da exposição. “A gente desenhou no gramado o mapa do Paraná, colocamos os pedriscos temáticos de cada planalto criando uma identidade, e instalamos os painéis explicativos doados pelo Serviço Geológico, em sua localização geográfica. Tem um em Foz do Iguaçu, que só existe lá. Um na Ilha do Mel que só existe na ilha, então eles não conversam em lugar nenhum. O único lugar em que eles interagem, é aqui na exposição.”, afirma.

A mostra conta com o acervo doado pela Fundação Bigarella. O nome da instituição refere-se ao sobrenome do professor e pesquisador João Bigarella, geocientista paranaense com mais de 200 trabalhos publicados em vários países e dois prêmios da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedidos pelo governo brasileiro. Ele  sonhava em construir um museu em Vila Velha. Após sua morte, as rochas hoje são objetos de pesquisa e estudo na área da geologia no museu.

 

museu_crianças_3.jpeg“Jardim Geológico do Paraná” tem mapa desenhado a céu aberto.Foto: Loren Leuch

 

Liccardo comenta que é importante a presença desse acervo não só para a UEPG, mas também para o Paraná, “Nós estamos resgatando um acervo valiosíssimo de um dos maiores geocientistas do Paraná e colocando onde ele queria, no mapa do Paraná, para as pessoas do Estado conhecerem”. O diretor acrescenta  que outro objetivo é resgatar a memória do professor Bigarella.

Marcela de Andrade Medeiros, acadêmica de Geografia da UEPG, comenta que a exposição contribui para sua formação. “Como é uma amostra do Paraná inteiro, então você não precisa viajar o Estado todo para aprender, na exposição é possível visualizar o estado inteiro a partir das informações”. Carolina Krzyzanoski dos Santos, estagiária do museu e futura geógrafa, explica como a mostra contribui para as crianças. “É muito complicado para as crianças compreenderem, por exemplo, os planaltos. Aqui elas podem ver onde é a divisão dos planaltos e os tipos de rochas que vão ser encontradas em cada um deles.” Ela acrescenta que é importante para as crianças conhecerem a geodiversidade do Estado em que moram.

O acervo da exposição é uma ferramenta didática para despertar a atenção de crianças e adolescentes sobre a importância da ciência, aprendizado e também curiosidade. “Para as escolas, e pessoas que visitam o museu aprenderem sem a necessidade de um professor, sem estar em uma sala de aula, têm uma interação, uma paisagem diferente”, explica Marcela. Por ser uma exposição a céu aberto, segundo o professor, ela recebe visitas mesmo quando o museu está fechado e as visitas também podem ser compreendidas como momentos de lazer. O museu recebe visitas de escolas e de universidades com o objetivo de estudar e observar o acervo. As visitas podem ser agendadas pelo e-mail mcn.uepg@gmail.com ou pelo telefone (42) 3220-3024.

 

Ficha técnica:

Produção:  Loren Leuch

Edição de texto: Luísa de Andrade de Camargo

Publicação: Rafaela Colman

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de Publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutili 

Outros projetos do instituto incluem a impressão, o restauro e a doação de livros

 

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Em julho de 2023, o instituto Pegaí Leitura Grátis completou 10 anos. Desde 2013, disponibilizou mais de 578 mil livros, garantindo maior acesso à leitura para a população de forma gratuita. O projeto nasceu em Ponta Grossa, mas se expandiu para 15 municípios do Paraná. Além dos livros disponíveis, o instituto possui outros projetos, como a Fantástica Fábrica de Livros, o Alimentando Mentes e o Hospital de Livros.

A Fantástica Fábrica de Livros trabalha com a impressão de histórias editadas e diagramadas que são produzidas pelos escritores e editoras locais. Desde 2014, 255 mil exemplares de 45 títulos foram impressos, sendo a maior parte livros infantis. Carolina Vila Nova é escritora e foi contemplada pela impressão gratuita do livro que escreveu. Os cinco mil exemplares de “O dia em que os gatos andaram de avião” foram para as cabines de livros. A autora afirma que tem muito orgulho de ver seu livro chegando até pessoas que provavelmente não teriam acesso se não fosse pelo projeto. No entanto, em um cenário de difícil ascensão para escritores nacionais, Carolina acredita que o impacto do Pegaí não é muito grande para os autores: “É muito legal o projeto do Pegaí, faz alguma divulgação, mas isso é muito pouco perto de toda a concorrência. Para um autor se sobressair, precisa de muito mais do que isso.” Por outro lado, a escritora afirma que a literatura não é tão acessível no Brasil e um projeto como o Pegaí pode estimular a leitura a partir da disponibilização gratuita de livros.

Outro projeto desenvolvido é o Hospital de Livros, criado em 2016. A iniciativa restaura livros e começou em parceria com o Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (DEPPEN), inserindo os detentos da Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG) nos processos de restauração. Devido à pandemia, o projeto deu uma pausa. A retomada, em 2021, passou a ser exercida pelos internos da Comunidade Terapêutica Rainha da Paz, localizada em Carambeí. Os integrantes da comunidade são capacitados para trabalharem como restauradores e mais de oito mil livros foram restaurados e voltaram a circular. A iniciativa Alimentando Mentes disponibiliza livros em cestas básicas doadas por escolas e outras instituições sociais parceiras. Desde 2020, segundo organizadores, o projeto doou 118 mil exemplares para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Durante esses anos, passaram mais de 140 voluntários pelo projeto. Além disso, parcerias com empresas de iniciativas privadas e doação de notas fiscais sem CPF que podem ser convertidas em dinheiro também auxiliam na manutenção do projeto. Segundo o professor Idomar Cerutti, fundador e presidente do Pegaí, as cabines criaram um movimento de desapego. “As pessoas entenderam de maneira geral que os livros parados nas estantes não servem para nada. Dessa forma, elas podem entregar esses exemplares para nós, que iremos colocar nas mãos de novos leitores. Durante esses anos entendemos que o trabalho do Instituto Pegaí Leitura Grátis é muito mais que disponibilizar livros, é um trabalho também de mudar a forma das pessoas pensarem em relação à posse dos livros”, afirma o professor.

As doações de livros para o projeto podem ser feitas através das caixas de coleta espalhadas pela cidade.

Ficha técnica:

Produção: Mariana Borba

Foto: Mariana Borba

Edição de texto: Laura Urbano 

Publicação: Emelli Schneider 

Supervisão de produção: Fernanda Cavassana e Marizandra Rutili 

Supervisão de Publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutili