Crítica de Ponta #77

 

 

Crítica de Ponta

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.

 
 
 
 

Uma Praça pouco atrativa

Praças, parques são locais públicos nas cidades, locais onde a população tem a oportunidade de desfrutar da tranquilidade, conversar com as pessoas e apreciar a história. Em Ponta Grossa isso não acontece. Como lugar histórico, a cidade possui a Praça Barão do Rio Branco localizada em frente ao Colégio Regente Feijó. O local carrega o passado da cidade junto aos monumentos que nela residem. No entanto, mesmo com a manutenção a desvalorização e o desgaste deixa o ambiente pouco atrativo. 

Na praça, as estátuas como a de Tiradentes é bastante bonita, mas a falta de explicação e maior cuidado não à valoriza. A placa informativa  no chão é bastante enferrujada o que dificulta as pessoas a ler o que está escrito. Outro monumento que sofre do mesmo problema é a homenagem aos maçônicos, não há muita explicação sobre a história. Falta iluminação à noite e poucos bancos para as pessoas sentar, sendo que algumas pessoas sentam em cima de muretas.  Com uma estrutura bastante ampla que conta com: Parque infantil, sanitários, árvores, ponto de ônibus, pontos de táxi, banca de revistas, Casa do Artesão, Concha Acústica, Memorial Ponto Azul, monumentos, entre outras coisas. Barão do Rio Branco, podia ser um dos cartões-postais da cidade, mas isso está longe de acontecer. 

Hoje a praça é espaço para vendedores ambulantes e comércio popular, além de moradia para cachorros de rua. De acordo com a prefeitura a construção iniciou em 1935 e foi totalmente terminada em 1938. Depois de 81 anos, o local continua pouco atrativo, apenas a revitalização da Concha Acústica foi feita recentemente, mas não é só esse espaço que constrói a história do local. De acordo com a Prefeitura a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos faz manutenções rotineiras ou permanentes em diversos pontos da cidade, incluindo as praças. 

Por Rafael Santos

Serviço

Praça: Barão do Rio Branco – 1935.

Localização: Rua do Rosário, Rua Sant’Ana, Rua Augusto Ribas e Rua Saldanha Marinho. 

Monumentos: Casa do Artesão, Concha Acústica, Memorial Ponto Azul, monumento Tiradentes e Maçônico.

 
 

 

 

 

Bar de Ponta Grossa inova 

A cervejaria Pure Hops abriu na primeira semana de agosto deste ano, no centro da cidade, e trouxe um novo conceito de serviço. O bar conta com a modalidade de cartão pré-pago, os clientes abastecem o cartão com o valor desejado e podem escolher quais das 10 opções de cerveja querem se servir nas torneiras, em estilo self service. Conforme o cliente vai enchendo seu copo o valor aparece na tela e é descontado do crédito depositado no cartão. O preço da cerveja que aparece na máquina é fixo a cada 100ml. 

O bar conta com cardápio de porções, mas são poucas as opções, além de pequenas e caras. Os drinks são tradicionais, nada muito inovador. Além das cervejas nas torneiras, há cervejas expostas e disponíveis para compra e consumo no local. O espaço é temático, decorado e bem dividido: com sofás, mesas compartilhadas e cadeiras altas. Diferente de outros bares da cidade que são pequenos, dificultando a circulação interna. Tudo que é gasto no local é pago com o cartão pré pago, inclusive as porções.

A Pure Hops traz novidades mensais de sabores das cervejas de lata e oferece uma diversidade de cervejas nas torneiras espalhadas pela parede, além da opção espumante. Apesar de ser um bar de alto custo, o dinheiro gasto é válido para quem gosta de degustar variedades, além do espaço do bar. O cartão pode ser recarregado em casa através de aplicativo, ou até mesmo no bar, sem precisar enfrentar filas para recarregar. As comidas e os drinks deixam a desejar, por ser um bar que traz muita inovação se espera algo diferente do comum, mas a Pure Hops não apostou nestes pontos quando criou o cardápio. 

Por Milena Oliveira

Serviço 

Aberto de quarta-feira a sábado 

Horário: 16h - 0h

Localização: Rua Sant'Ana 694, Centro

Telefone: (42) 9 9136-066

 

As populares tranças com toque de criatividade

A moda sempre teve espaço para inovações, mas existem tendências antigas que são usadas até hoje, como as tranças. De acordo com registros históricos, as primeiras tranças foram encontradas nas estátuas “Vênus de Brassempouy” e “Vênus de Willendorf” – ambas descobertas em sítios arqueológicos do período paleolítico na Europa. Porém, a técnica de trançar os cabelos foi notada mais tarde na África. O penteado era usado pelas civilizações para identificar desde tribos, estado civil, religião, até a posição social. 

Na cultura africana, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem. A manipulação do cabelo era uma forma resistência e de manter suas raízes. Existem formas diferentes de fazer a trança, como a trança lateral, boxeadora, escama de peixe, holandesa, embutida, cascata, zig zag, entre outras.

Em Ponta Grossa, as tranças ganharam mais popularidade este ano em jogos e eventos universitários. A estudante de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Carla Teixeira, percebeu o crescente interesse pelas tranças e teve a ideia de inovar. Ela passou a realizar o penteado com fitas, como forma de representar as cores das Associações Atléticas Acadêmicas.     

Pelo contexto histórico das tranças e a criação delas pela cultura negra, é necessário entender que não se trata apenas de um apetrecho, é a representatividade e resistência de uma cultura que por muito tempo não teve o devido valor. Portanto, ao usar tranças, deve-se ter em mente seu histórico e a importância para a cultura que a criou. 

Por Mariana Santos


 
 
‘Meio Sol Amarelo’: a guerra aos olhos de negros e negras

O livro ‘Meio Sol Amarelo’ é uma obra da africana Chimamanda Adichie - escritora e militante de 42 anos. Adichie estudou comunicação e ciência política nos Estados Unidos. Hoje, escreve sobre imigração, desigualdade e situação político-social dos países africanos. No livro de 2008, a autora narra, a partir da perspectiva de quatro protagonistas, a Guerra Civil Nigéria-Biafra, que ocorreu no final dos anos 60. O título faz referência à bandeira da Biafra, que tem a metade de um sol.

A história começa na cidade universitária Nsukka. Lá vive Ugwu, um menino de 13 anos, de família muito pobre, que vai trabalhar na casa do professor Odenigbo. Ugwu encontra, na casa do patrão, fartura jamais imaginada por ele - abundância de comidas e bebidas na mesa. Richard é um escritor inglês e Ollana, uma estudante de família de alta classe. Por meio desses personagens, Adichie ilustra situações reais, experiências de nação, lealdade, origens, família e responsabilidade. 

Há uma parte feliz na história, mas o relato da guerra traz cenas fortes à imaginação. A sede da Biafra por independência provocou o deslocamento da população para o sul do país, mas a fome e as doenças persistiram matando cerca de um milhão de pessoas. 

A crítica ao colonialismo britânico aparece em toda a narrativa. A capacidade de sintetizar, em quatro personagens, a complexidade da guerra, aguça a curiosidade do leitor. Trata-se de uma versão da guerra a partir dos olhos dos negros e negras e não da abordagem de homens brancos e ricos. O único problema é que, por conta da história não ser contada de forma linear e não deixar claro quem é o narrador, o leitor pode acabar se perdendo. 

Há uma indagação despertada pelo livro: Como é que podemos resistir à exploração se não temos ferramentas para entender o que é exploração?

Por Raylane Martins

Serviço

Livro: Meio Sol Amarelo, 2008

Escritora: Chimamanda Adichie 

Disponível em: Le Livros

 

 

Música local desprestigia e ofende cidadãos e cidadãs ponta-grossenses

No dia 15 de setembro Ponta Grossa completou 196 anos e diversas homenagens à cidade foram feitas pelos moradores. Uma delas foi o vídeo que circulou nas redes desde o domingo (15).

Nele, comediantes locais produziram uma música autoral em que falam dos bairros, das pessoas e das gírias dos ponta-grossenses de maneira cômica.

A música tem duração de 2 minutos e 40 segundos e, no clipe, os comediantes estão fantasiados como os personagens da série "La Casa de Papel", na maior parte do tempo com o rosto coberto. No clipe, eles exploram lugares conhecidos de PG como cenários. Entre eles, o Calçadão Central, o Parque Ambiental e o Terminal Central.

No entanto, o que era pra ser uma homenagem 'engraçada' para os moradores da cidade, acabou se tornando provocativa para alguns. Na letra, os autores citam bairros da cidade, como Ronda, Vila Cipa e Vila Marina apenas os enfatizando como perigosos e fazendo, até mesmo, simulação de uso de armas de fogo enquanto as mencionam, insinuando que nesses bairros só se ouve o som de tiros. Outra questão que incomodou os ouvintes foi a letra transfóbica no momento que dizem "no Nova Rússia tem gente bonita, só que tem uns travestis".

Espera-se que, uma música que é feita com a intenção de prestigiar a cidade e os moradores respeite a diversidade e as condições de outras pessoas, não contendo nas letras frases que disseminam a violência e o preconceito.

O vídeo está disponível no Facebook dos protagonistas e circula pelas outras redes sociais.

 

Por Bruna Kosmenko

Grupo de Teatro Municipal surpreende ao levar peça para as ruas

O Grupo de Teatro “Cidade de Ponta Grossa” foi criado a partir da lei nº 13.123, de 12/04/2018. Vinculado à Fundação Municipal de Cultura, tem caráter de formação de profissionais e valorização dos atores da cidade.

Em dezembro de 2018, a Prefeitura de Ponta Grossa lançou um edital para selecionar alunos para a temporada de 2019. De acordo com o documento, 19 pessoas foram escolhidas para participar do grupo, sendo 15 atores e/ou atrizes, um assistente de direção, um iluminador, um figurinista e um cenógrafo. Os alunos recebem bolsas de estudo no valor de R$ 962,93. Além de 10 estagiários não remunerados que formam o grupo de acesso.

Após testes seletivos, os participantes começaram os ensaios no dia 04 de fevereiro para a temporada de 2019. A primeira peça revisitou a história de William Shakespeare, sob a direção de Edson Bueno. “Shakespeare – Paixão e Poesia” teve cinco apresentações em agosto deste ano, sendo duas para alunos da rede pública municipal. A peça está prevista na programação do Festival Nacional de Teatro (FENATA), este mês.

Com encontros duas vezes por semana, o Grupo já ensaia novo espetáculo programado para a começo de dezembro. Segundo o diretor do Departamento de Cultura, Eduardo Godoy, a peça é uma comédia dirigida por Leo Campos e deve ser apresentada nas ruas de Ponta Grossa. 

Um grupo de Teatro público deve se esforçar para chegar cada vez mais perto da população. A tentativa de levar a comédia até as pessoas pode ser uma maneira de oportunizar acesso aos que não conseguiram assistir à apresentação em agosto. O teatro em Ponta Grossa é elitizado, ao tomar as ruas, o grupo surpreende positivamente e mostra que os moradores da cidade não podem ser esquecidos.

Por Thailan de Pauli Jaros


 
Imagem e tecnologia. Não dá para ficar dependente só de máquinas 

Toda imagem é uma forma de linguagem e expressão. As pinturas rupestres, tidas como imagens visuais, começaram no período Paleolítico (40.000 a.C.), quando o ser humano percebeu a necessidade de deixar registros para que pudessem comunicar-se entre si. No Parque Nacional da Serra da Capivara, no Paraná, tais pinturas encontradas representam o cotidiano e realidade daqueles que viviam no local. 
 
Eduardo Thielen é historiador e pesquisa em áreas como saúde pública, história, comunicação, fotografia e vídeo. Na palestra sobre imagens virtuais, é feita uma trajetória das imagens como memória social na construção histórica, dialogando com o fato que a produção da arte, como um todo, é vivenciada por aqueles e aquelas que detém o poder. Na Idade Média, a grande parte de imagens, pinturas e expressões artísticas eram sobre divindade e religião, tendo a igreja católica responsável pelo pensamento social e cultural na época. O humano cria a imagem conforme a realidade estabelecida.

As câmeras fotográficas ofereceram a possibilidade de pessoas comuns capturarem imagens. Vivemos em uma sociedade imagética, na qual a imagem consegue transmitir informação de maneira simples e democrática. Atualmente, imagens virtuais ganharam espaço no mundo da tecnologia, o que também se torna prático e acessível. 

A palestra e exposição“Imagens virtuais e memória social na construção da História”, de Eduardo, contaria com a apresentação de imagens virtuais na ciência e história, porém o computador do palestrante resolveu atualizar e não ligar mais. Thielen prosseguiu com a fala mesmo sem as capturas, o que, no geral, foi uma discussão bastante produtiva e significativa. Entretanto, até onde os humanos conseguem driblar os problemas técnicos que a tecnologia pode ocasionar? 

 
Matheus Rolim
Produzido pela Turma A - Jornalismo UEPG