Casos de gravidez na adolescência em Ponta Grossa preocupam Fundação Municipal de Saúde

Segundo especialista, educação sexual ajuda a prevenir gravidez na adolescência

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De janeiro a setembro de 2019, foram registrados 19 casos de gravidez entre crianças de 10 a 14 anos e em 466 adolescentes de 15 a 19 anos em Ponta Grossa. O número engloba nascidos vivos, óbitos infantis e óbitos fetais, de acordo com dados da Fundação Municipal de Saúde. A média é de 35 gravidez precoce por ano, na faixa etária dos 10 aos 14, e de 871 dos 15 aos 19 anos. Desde 2010 estes números estão diminuindo, com exceção a 2014, sendo 70 crianças e 1.039 adolescentes engravidaram.

O Secretário Adjunto De Saúde, Dr. Rodrigo Manjabosco, afirma que a prefeitura busca entender e auxiliar as adolescentes para que o número de gravidez adolescente diminua. “Os adolescentes começam sua vida sexual muito cedo, é um público grande que tem aumentado e isso nos preocupa”, relata. Dados do SUS e do Ministério da Saúde, disponíveis no Fundo de População das Nações Unidas, de 2012, 26,8% da população brasileira iniciou sua vida sexual antes dos 15 anos.

O Secretário ressalta que a Fundação trabalha com programas dentro das escolas estaduais, em que abordam a educação sexual, orientando e conversando com os adolescentes sobre gravidez precoce, sexualidade, e métodos contraceptivos. “Os programas são bem tímidos ainda, principalmente porque existe um tabu. Muitos pais ainda acreditam que com isso estaríamos incentivando e não conseguem perceber o benefício de se ter um adolescente bem informado”.

A professora de ciências, Daniella Almeida, relata que a discussão sobre educação sexual acontece dentro da disciplina e é bem recebida pelos alunos e pela escola. “A gente tem problemas com alguns pais, que não aceitam e acham que estamos interferindo na vida pessoal dos alunos ou passando dos limites”. Almeida relata que nas escolas em que trabalha houve casos de adolescentes grávidas. “As pedagogas trabalham para tentar fazer com que essa menina continue estudando, tendo um plano de vida e explicam também as mudanças que irão acontecer”, afirma Almeida.

Segundo o relatório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), de 2018, no Brasil 18% dos recém nascidos são filhos de mães adolescentes, cerca de 400 mil por ano. Até Setembro deste ano, em Ponta Grossa dos 3.522 nascidos, 479 são advindos de gravidez precoce (dos 10 aos 19 anos de idade), segundo dados da Fundação Municipal de Saúde.

O projeto de extensão Saúde e Cidadania – recriando a realidade social, do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) atua nas escolas com oficinas sobre educação sexual e prevenção à gravidez precoce. As oficinas são realizadas a partir de dinâmicas com objetos de higiene pessoal, preservativos e métodos anticoncepcionais, as participantes do projeto auxiliam o manuseamento e tiram as dúvidas dos alunos. “Conversar sobre educação sexual pode prevenir a gravidez precoce, dsts, violências e casos de pedofilia”, afirma a coordenadora do projeto, Rosilea Werner.

Arquivo Poral Periódico

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Ficha Técnica

Reportagem: Emanuelle Salatini
Edição: Gabriella De Barros
Supervisão: Professoras Angela Aguiar, Fernanda Cavassana, Rafael Kondlatsch, Ben-Hur Demeneck e Hebe Gonçalves