Das 476 candidaturas, 161 são de mulheres
A participação feminina nas eleições de 2020 apresentou crescimento percentual em relação às eleições de 2016. Este ano são 476 registros de candidaturas, 161 de mulheres e 315 de homens - 33,82% de registros femininos. Em 2016, foram 531 candidaturas, 173 e 358, respectivamente - 32,58% de candidaturas de mulheres. O número total de candidaturas em 2020 apresenta queda de 18,51%, mas representa o aumento percentual de 1,24% da presença feminina na disputa em Ponta Grossa.
Os partidos políticos com maior presença feminina nas eleições de 2020 são o Avante, Patriota e PSC, com 10 mulheres cada um – somando a candidatura de Mabel Canto, do PSC, à Prefeitura. Em contrapartida, os partidos políticos com menor presença feminina são o PSL e o PTC, com seis candidatas cada.
Mesmo que a lei eleitoral preveja o mínimo de 30% de participação feminina em partidos ou coligações políticas, a presença e atuação de mulheres continua pequena. Para a doutoranda em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Geissa Cristina Franco, o sistema brasileiro, mesmo com a exigência mínima, não é eficiente para garantir a equidade de participação. “A lei de cotas incide diretamente nas eleições e não nas cadeiras do parlamento, como é o caso do sistema adotado na Bolívia, em que as mulheres têm cotas nos assentos no parlamento e por isso conseguem alcançar mais de 50%”, afirma.
A cartilha Mais Mulheres na Política. Mulher, Tome Partido!, produzida pelo Senado Federal com apoio da Bancada Feminina da Câmara dos Deputados, explica que a falta de maior presença feminina nos partidos políticos também está relacionada com os problemas que as mulheres enfrentam no cotidiano. Entre os problemas a cartilha destaca a tripla jornada de trabalho, o caráter machista da sociedade e o domínio masculino dos partidos políticos.
Geissa Franco defende ser necessário que tanto mulheres conservadoras como as que possuem posicionamentos mais liberais estejam nos espaços políticos. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostram que mesmo as mulheres conservadoras tendem a ter posicionamentos mais liberais em assuntos relacionados aos direitos para as mulheres do que homens não conservadores. No Brasil, alguns exemplos femininos demonstram avanços nas políticas específicas segundo a plataforma de monitoramento dos direitos das mulheres Elas no Congresso. Sâmia Bomfim (PSOL-SP), por exemplo, que lidera a estatística do site, propôs o projeto de lei (PL) 818/2019, que reserva 50% de vagas para cada gênero no Legislativo.
Franco prevê um aumento da participação feminina em partidos políticos e sua maior inclusão em cargos de notoriedade para os próximos anos. “As mudanças eleitorais com o fim das coligações nas eleições proporcionais trarão a diminuição gradual no número de partidos e, possivelmente, debates sobre participação das mulheres estarão mais presentes, já que, não havendo coligações, os partidos terão que criar mecanismos para aproximar candidatas mulheres”, destaca.
Confira a reportagem em áudio:
Ficha Técnica
Reportagem: Yasmin Orlowski
Edição: Rafael Piotto e Matheus Gaston
Supervisão: Professores das disciplinas de Áudios 2, Textos 2 e NRI 1 e 3.