Todos os prefeitos eleitos são brancos e homens. A reportagem e os infográficos revelam o histórico das candidaturas no município desde a redemocratização no país

denise1

Entre 1988 e 2016, Ponta Grossa teve cinco diferentes prefeitos eleitos e oito mandatos no total. O perfil desses políticos é semelhante: 80% é ponta-grossense, 40% tem a formação em engenharia civil, e outros 40% são radialistas. 100% são brancos e homens e, de oito mandatos, três foram eleitos pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
O primeiro prefeito eleito após a redemocratização no país, em 1988, foi Pedro Wosgrau Filho, com 46.457 votos no dia 17 de novembro. O engenheiro civil pertencia à coligação “Vamos construir juntos” e era do partido Partido Democrata Cristão (PDC). Na eleição seguinte, o seu vice Paulo Cunha Nascimento, foi eleito prefeito em 3 de outubro de 1992 com o mesmo partido. Também ponta-grossense, Cunha era empresário. Pertencia à coligação “Fé, amor e trabalho”, e teve 45.503 votos.


Divergindo o partido e profissão, em 3 de outubro de 1996, Ponta Grossa elegeu o tucano Jocelito Canto, da coligação “Muda Ponta Grossa!”, por 54.363 votos. Diferente dos antecessores e sucessores, Jocelito era de Passo Fundo (RS). É radialista e já foi proprietário e apresentador da rádio local Difusora. Na eleição municipal seguinte, Péricles de Holleben Mello (PT) foi eleito com 72.583 votos em 1 de outubro de 2000. O petista tem a formação em engenharia civil e é professor atuante. Sua coligação era a “Ponta Grossa de Todos Nós”.
Em 2004, o município atingiu mais de 200 mil eleitores, o que é instaurado, por lei, a ocorrência de 2º turno, o que de fato aconteceu nas últimas quatro eleições. Mesmo antes do dia da eleição em 3 de outubro de 2004, os jornais já anunciavam como eleição histórica. Além disso, a volta da candidatura de Wosgrau, o qual foi eleito pela primeira vez em 1988, e competiu o mandato 16 anos depois com Péricles, dois candidatos mais populares do pleito eleitoral. O 1º turno, no dia 3 de outubro, foi marcado pela diferença de um pouco mais de 6 mil votos entre os candidatos, exigindo um 2º turno, no dia 31 de outubro de 2004. Wosgrau, dessa vez do PSDB, ganhou. Sua coligação era “Vamos trabalhar juntos”. O político foi reeleito em 2008, primeira vez em 20 anos dentro da eleição municipal de Ponta Grossa que ocorre uma reeleição de prefeito, além de completar, também 20 anos, de sua primeira eleição ganha, em 1988.


O 1º turno da eleição de 2008 apontava a popularidade de Wosgrau, e a maior intenção de votos, tendo uma diferença de 19 mil votos entre Sandro Alex. O ex-prefeito ganhou o 2º turno em 26 de outubro, com 52,26% dos votos válidos com a coligação “Trabalhando e construindo juntos”. Foi o único prefeito a assumir o cargo três vezes.
Em 2012, Péricles se candidata novamente e disputa o 2º turno com Marcelo Rangel, que ganha com 88.611 votos em 28 de outubro. Rangel é formado em direito e é, também, radialista da Mundi FM e Central do Paraná, ambas de Ponta Grossa. É do partido Partido Popular Socialista (PPS) – atual Cidadania – e coligação “Coração Ponta-grossense”. Foi reeleito em 30 de outubro de 2016, no 2º turno com 98.058 votos e com a coligação “Ponta Grossa no rumo certo”, sendo o atual prefeito do município e está encerrando seu último mandato.

denise2

Comparação com os atuais candidatos à prefeitura

A eleição municipal de Ponta Grossa possui cinco candidatos à prefeitura e, pela primeira vez, duas mulheres concorrem ao cargo. Elizabeth Schmidt é professora e vice-prefeita de Marcelo Rangel. Tenta a candidatura com o partido Partido Social Democrático (PSD) e a coligação “Somos Todos Ponta Grossa”.
Mabel Canto, filha do ex-prefeito Jocelito Canto, é advogada, radialista e a mais nova a disputar o cargo, com apenas 35 anos, além de ser a única que nasceu em outro município – Clevelândia (PR). Já foi deputada estadual, e concorre filiada ao partido Partido Social Cristão (PSC), e sendo da coligação “Ponta Grossa em Primeiro Lugar”.


Outro ponto a se destacar na eleição de 2020 é que de cinco candidatos, três são professores. Além de Schmidt, Sérgio Gadini e Edson Armando Silva também são professores. Gadini é o único a não ter uma coligação entre partidos, lançando a campanha “Cidade Solidária” com o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Edson é do Partido dos Trabalhadores (PT) e da coligação “Ponta Grossa, uma cidade para você”. O quinto candidato a disputar as Eleições Municipais 2020 é Márcio Pauliki, administrador e ex-deputado estadual. Atualmente é do partido Solidariedade (SD), e da coligação “Compromisso com você”.
Assim como os ex-prefeitos, os candidatos são todos brancos e 80% são ponta-grossenses. Entretanto, 40% são mulheres e 60% são professores, mudando em parte a representatividade das candidaturas.

denise3

Partidos que já elegeram prefeitos em Ponta Grossa

Entre 1988 e 2016, a cidade já teve três mandatos do PSDB, dois o PPS, dois do PDC e um do PT. Em comparação com os outros 398 municípios do Paraná, nos últimos 12 anos, os cinco partidos que mais elegeram foram: Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com 268 candidaturas; PSDB, com 185 candidaturas; Partido Democrático Trabalhista (PDT), com 107 candidaturas; Progressistas (PP), com 92 candidaturas; e PT, com 82 candidaturas.
Ponta Grossa se diferencia tanto nos partidos já eleitos quanto nos partidos da atual candidatura – PSC, PSD, PSOL, PT e SD. O único partido que permanece na disputa e já elegeu um candidato nas últimas oito eleições é o PT.

Relação com ex-prefeitos e candidatos de Ponta Grossa com rádios

A mídia é o caminho mais prático para alcançar a comunicação de massa. Prova disso é a alta incidência de propaganda política em época eleitoral, entrevistas em jornais e rádios. Atualmente, existe também investimento em publicações em redes sociais. Os anos 30, década seguinte da implantação da rádio no país, vivenciou uma grande relação política midiática: o populismo de Getúlio Vargas. Ponta Grossa tem um histórico e influência fortes nas rádios, por mais que o formato não seja tão recorrente diante de podcasts e programas disponíveis online, por exemplo.


Analisando desde 1988, dos cinco prefeitos eleitos, três possuíam/possuem programas em rádios locais. Jocelito Canto, eleito em 1996, é radialista e apresentou um programa matinal na Rádio Difusora durante quase 30 anos, denominado ‘O Repórter’. O programa teve fim em maio deste ano. O último prefeito eleito em 2012 e reeleito em 2016, Marcelo Rangel, possui programas nas rádios locais Mundi FM, e Central do Paraná AM.
Tratando dos atuais candidatos à prefeitura e a relação com as rádios, dois possuem programas ou filiação. Mabel Canto, filha do ex-prefeito Jocelito Canto, tem um projeto chamado ‘Garagem Mulher’, transmitido durante o programa “O Repórter” pela Rádio Difusora 105.9 FM. O programa está existe desde fevereiro de 2019. Outro candidato que possui filiação com rádio ponta-grossense é Marcio Pauliki, que já foi proprietário da Rádio Difusora.

denise4

FICHA TÉCNICA:

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e edições antigas do Diário dos Campos e Diário da Manhã
Infográficos: Denise Martins
Reportagem: Denise Martins