Não são explícitas propostas de plantio de novas árvores nas vias públicas da cidade

Em suas propostas de campanha, os candidatos à prefeitura do município não deixam explícitas pautas relacionadas à arborização da cidade. As propostas de meio ambiente variam entre criação de jardim vertical, flores suspensas, expansão do Parque Linear, entre outras. Contudo, não há nada relacionado diretamente ao plantio de árvores. Esse é um problema que o próximo gestor encontrará devido à carência que o município possui em índices de arborização. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa, a cidade se enquadra no nível de atenção muito alto com relação ao índice de arborização, a média dos bairros é cerca de 22,52 árvores por quilômetro, o que é considerado baixo. O cálculo utilizado pelos pesquisadores é baseado em uma quadra padrão de 100 metros, em que devem caber seis árvores por quadra, considerando uma distância de 10 metros entre as árvores.


A cidade que comportaria uma média de 64.000 árvores nas áreas urbanas apresenta apenas uma média de 28.925,ou seja, 54,8 % a menos do que poderia ser acrescentado. De acordo com a professora Silvia Méri de Carvalho, responsável pela pesquisa da UEPG, preservar as árvores já existentes não é o suficiente vendo que Ponta Grossa possui um déficit de aproximadamente 35.000 árvores nas vias públicas.
Nos Planos de Governo apresentados durante as Eleições Municipais de 2020, quando algum candidato cita o plantio de árvores, fala de maneira vaga como executarão a ideia que foi exposta. Um exemplo é a candidata Mabel Canto, que cita a Implantação de um Plano de Arborização Urbana, mas não explora o assunto nem como isso ocorrerá.


O professor substituto do departamento de Geociências da UEPG e membro do grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE), Henrique Pontes, aponta que o município é precário com relação a vegetação na área urbana. “A falta de propostas nos projetos de governo mostra um futuro de mesmice ou, até mesmo, de um agravo com relação a esse problema vegetal, provocando uma perda muito grande para a cidade.” Ele ainda completa que as podas realizadas nas árvores já existentes muitas das vezes são exageradas e evasivas.


Segundo pesquisa feita pela U.S. Forest Services, nos Estados Unidos, a falta de árvores prejudica a qualidade do ar, provocando ou agravando possíveis problemas de saúde como doenças respiratórias e cardiovasculares. A prefeitura de Ponta Grossa informou que, este ano, os índices revelam que a qualidade do ar está em um nível bom, segundo o monitoramento do Instituto Água e Terra (IAT), ou seja, pessoas sensíveis e não sensíveis não precisam se preocupar com a qualidade do ar.

Com o levantamento de dados realizado pelo projeto “Avaliação da distribuição espacial da arborização de vias públicas na área urbana de Ponta Grossa-Pr mediante uso de geotecnologias”, esses baixos índices baixos de arborização estão distribuídos em diferentes pontos do município. O bairro do Cará-Cará, por exemplo, é o que possui o menor índice, sendo 4,0 árvore por quilômetro, seguido pelo bairro Neves com 7,9, Uvaranas com 13,1, Colônia Dona Luiza 13,8, Oficinas 14,7 e Centro com 16,8. No entanto, o bairro da Ronda se destaca com o maior índice de arborização atualmente. Há uma presença de 41,7 árvores por quilômetro, seguida do bairro Estrela, localizado na região de Oficinas. Os dados completos podem ser conferidos no gráfico a seguir:

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De acordo com a professora Silvia, as áreas verdes têm um papel importante no desenvolvimento urbano e social, pois proporcionam amenização nas temperaturas em áreas urbanas, sombreamento, maior infiltração de água no solo, reduzindo o escoamento superficial, reduzindo a possibilidade de deslizamentos e enchentes em possíveis regiões da cidade. Além disso, possibilita a presença da avifauna (conjunto de aves de uma determinada região ou determinado ambiente), que contribui no controle das pragas, na polinização de flores e na disseminação de sementes. “As árvores são apontadas como sumidouro de gás carbônico. Como em ambientes urbanos é possível encontrar muitas vezes fragmentos florestais, isso seria bastante benéfico para o ambiente, se caracterizam entre os chamados serviços ambientais”.


Silvia Méri de Carvalho diz que uma área verde deve desempenhar três funções: ambiental, social e estética. Segundo ela, não basta criar ou ampliar praças ou parques. Eles precisam ser adequadamente pensados, para que o público, com a presença de vegetação e equipamentos urbanos.

 

FICHA TÉCNICA:
Repórter: Larissa Hofbauer
Edição: Vítor Almeida
Supervisão: professores da disciplina de Textos III e NRI II