ONGs de apoio à causa animal sugerem propostas que poderiam ser elaboradas pelos candidatos 

 

Desde 2018, Ponta Grossa lidera o ranking do Paraná como a cidade que mais registra casos de ataques por animais de rua. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, somente em 2020 foram notificados 813 atendimentos dessa natureza na cidade, mais de 2 casos por dia. Mesmo sendo um problema recorrente no município, a causa animal não foi abordada nos planos de governo de 3 dos 5 candidatos à Prefeitura da cidade. 

Nas propostas de Marcio Pauliki (SD), existe um tópico específico destinado ao tema e no plano de governo de Mabel Canto (PSC) há a menção, em um parágrafo, sobre o assunto. Porém, os candidatos Professor Edson (PT), Professora Elizabeth (PSD) e Professor Gadini (PSOL) sequer citam possibilidades de propostas nos planos de governo. 

Segundo os relatórios do Corpo de Bombeiros, Ponta Grossa registrou 63 casos de ataques por animais de rua que precisaram da ação dos bombeiros nos últimos 12 meses, enquanto Curitiba contabilizou 31 casos e Londrina registrou 28 no mesmo período. Porém, a assessoria de imprensa da Prefeitura defende que Ponta Grossa não é a cidade onde se tem mais ataques de cães no estado, apenas que é a que mais registra, o que indica uma eficiência nas notificações.

 

Para as ONGs de apoio à causa animal existem diversas propostas que deveriam aparecer nos planos de governo dos candidatos para amenizar esse problema. “As propostas que eu considero seriam o aumento do Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR) e a castração ininterrupta ao longo do ano”. Pois segundo as ONGs “existe uma burocracia muito grande pra castrar um animal hoje, então talvez facilitar o acesso a essa castração seja a solução” sugere Isabella Godoy, advogada e coordenadora do projeto Conta Cãomigo, que ajuda no tratamento e no cuidado dos cães comunitários da cidade. Além disso, ela cita a necessidade de se promover parcerias de clínicas veterinárias com as ONGs. 

A ausência de propostas que visam resolver os problemas dos ataques por animais de rua e o grande número de animais abandonados no município expõe um descaso não só com a pauta animal, mas também com a saúde pública. “É uma causa gravíssima e urgente, é uma causa de saúde pública. Mesmo que você não goste de um animal, não goste de gato ou de cachorro, é uma questão de saúde pública. Eles são habitantes do município pela Constituição, eles são protegidos e têm direitos”, explica Godoy. 

Além da crítica em cima dos candidatos que ignoraram a causa animal em seus planos de governo, Godoy não concorda com candidatos que utilizam o tema como palanque político, sem ter um histórico de apoio e luta junto ao movimento das ONGs protetoras de animais. “Não adianta chegar em outubro e dizer que vai fazer algo pelos animais. A causa animal é muito complexa, existe toda uma nuance que você precisa equilibrar. É muito importante que o candidato tenha uma história de luta pelos animais, então se o candidato não tem essa história, ele não está preparado para atender a causa animal em Ponta Grossa”. 

Outra ONG atuante no município é a SOS Bichos. Atualmente, existem cerca de 300 animais no abrigo da instituição. A instituição atua no cuidado e no tratamento dos animais de rua ou em situação de risco e no resgate desses animais. A SOS Bichos estima que existam cerca de 20 mil animais nas ruas de Ponta Grossa. Ana Paula Miléo, coordenadora da ONG, também defende que as castrações aconteçam de forma contínua ao longo de todo o ano. “Os animais de rua não podem procriar de uma forma que se torne impossível de tomar conta de todos. Se continuar nessa progressão, vai chegar num número impossível de conseguir recuperar e ajudar a todos, então a castração é muito importante que aconteça de forma ininterrupta”, explica Ana Paula. 

Segundo as ONGs, as castrações são interrompidas em alguns períodos do ano por conta do processo de licitação que a Prefeitura realiza com as clínicas veterinárias credenciadas. O diretor da Central de Zoonoses, Leandro Inglês, confirma que as castrações, de fato, não são feitas de maneira contínua, porém, o motivo da interrupção é por conta das férias de alguns residentes e veterinários que trabalham no Castramóvel. 

Ainda de acordo com Inglês, o principal motivo do alto número de ataques por animais de rua em Ponta Grossa é a falta de conscientização da população, já que, segundo o diretor, a maioria dos cães que estão nas ruas da cidade são animais que têm proprietários. “Tem a diferença entre um cão de rua e um cão que está na rua, então muitos são cães semi-domiciliados. Esse que é o nosso maior problema, porque nós calculamos que cerca de 60 a 70% dos animais que estão nas ruas, tem proprietário. Portanto se o proprietário prendesse esses cães dentro do seu terreno, ia reduzir muito o número de animais nas ruas”, relata. 

 

Serviço

Para contribuir com a SOS Bichos com insumos, adoções ou algum valor em dinheiro, basta acessar a página @sosbichospg no Instagram ou no Facebook, através do perfil “SOS Bichos”. O telefone de contato da ONG para resgates é (42) 999073017. Para acompanhar o trabalho do projeto Conta Cãomigo, é possível acessar o perfil @contacaomigo.pg no Instagram.

 

Ficha técnica:

Repórter: Marcus Benedetti

Edição: Emanuelle Salatini

Infográfico: Marcus Benedetti.

Supervisão: professores das disciplinas de textos III e NRI II.