De acordo com IBGE, aumento médio foi de 14% nos últimos 12 meses

Resumo

  • A reportagem detalha a inflação nos preços dos alimentos em PG: 
  • Os produtos que mais encareceram foram o açúcar, o óleo de soja e as carnes;
  • Há uma real preocupação com insegurança alimentar da população local;
  • Os motivos da alta apontados são a concorrência, o dólar e o clima.

 

Por conta da alta de preços, fazer compras no supermercado tem desafiado milhares de famílias em Ponta Grossa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos acumulam alta de 14,66% em 12 meses. Alguns dos produtos que mais encareceram foram o açúcar (44%), óleo de soja (32%) e carnes (25%).

A dona de casa Juliana Krepel, de 40 anos, é uma das afetadas pela alta de preços. Ela conta que, desde o começo do ano, os alimentos não estão só mais caros, mas também com preços instáveis, com mudanças quase diárias. A alta tem feito a moradora de Ponta Grossa lembrar os anos 1980, época da hiperinflação, com mudança de preços em algumas horas.

Krepel diz que, quando era apenas o preço da carne aumentando, até dava para substituir por outro alimento, como frango, carne moída de segunda ou ovos. Mas, agora, até o café e o açúcar aumentaram. “O jeito é ir em mercados diferentes para ver se pega alguma promoção no dia”.

A aposentada Eloysa Taques, 75 anos, que divide a casa com três filhos e uma neta, também sente a alta dos preços. Ela diz que a família costumava consumir carne vermelha todos os dias. Agora, consome apenas nos fins de semana. “Acredito que minha saúde está sendo afetada. Me preocupo também com minha neta, que está em fase de crescimento. Tento buscar outros nutrientes para suprir o da carne”, afirma a aposentada. 

A estudante de Engenharia Civil Leticia Oliveira Almanso, que faz compras com a mãe, conta que com o vale-alimentação usado no mercado, antes, podiam comprar muita coisa e ainda repor. Agora, conseguem comprar muito pouco e ainda falta dinheiro. Elas vêm substituindo marcas de preferência por outras mais baratas. Para economizar, também evitam comprar “besteiras”, como chocolates e salgadinhos.




Segundo o economista Matheus Souza Peçanha, há três grandes motivos que explicam a alta dos preços. Primeiro, a concorrência interna e externa: quanto mais o Brasil exporta alimentos, menor é a sua disponibilidade para o mercado interno do país. Segundo, o dólar: quanto maior é o crescimento no valor do dólar, maior é o encarecimento dos produtos. Terceiro, o clima: a seca impactou a produção dos alimentos nas lavouras de café, milho, e outros itens, como também diminui a pastagem, fazendo o gado perder peso e a produção de leite diminuir.


Ficha Técnica

Repórter: Yasmin Orlowski
Edição e Publicação do Texto: Marcus Benedetti, João Gabriel Vieira e João Paulo Pacheco
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen