Procura por dessecantes aumenta e safra deve ser prejudicada

 

O Brasil, principal produtor e exportador de soja do mundo, está tendo problemas na safra 2021/2022 devido à falta de herbicidas permitidos. O cenário atual enfrentado pelos produtores agrícolas é decorrente da proibição do dessecante Paraquat, até então o principal insumo usado pelos agricultores. 

O agrotóxico foi proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) através da Resolução da Diretoria Colegiada nº177 em 21 de setembro de 2017, que entrou em vigor em 2020. Na resolução a Anvisa explica que o banimento se deu devido aos riscos decorrentes da utilização do produto, entre eles a mutagenicidade e a doença de Parkinson para quem manipula o agrotóxico.

De acordo com o engenheiro agrônomo Sinei Bianchi, as empresas não estavam preparadas para o aumento da demanda por herbicidas após a proibição da Paraquat, ocasionando a falta dos mesmos no mercado. "Se realmente continuar a faltar e o produtor não ter lavoura limpa, com presença de erva daninha, irá diminuir a produtividade", ressalta o engenheiro agrônomo sobre a importância do uso de dessecantes nas lavouras.

Bianchi explica que as empresas estão se organizando e se reestruturando para produzir mais dessecantes. Ele acredita que em cerca de três anos os produtores consigam acabar com o déficit dos herbicidas no mercado.

O produtor rural Lucas Cassol explica que o uso de dessecantes não influencia diretamente no desenvolvimento da cultura, mas sim no final. "A área sempre vai secar desparelho, algumas manchas vão secar antes e outras depois. Se deixarmos secar naturalmente perdemos muito peso de grão", explica o produtor sobre a necessidade de usar o dessecante para absorver a umidade do solo e para a secagem da plantação ser simultânea e não haver a perda peso na hora da colheita.

 

SILOS

Silos são usados para amazenar diferentes tipo de grãos. Foto: Cássio Murilo

 

Riscos

Cassol também indica que um dos fatores que influenciam na falta de dessecantes é o mal planejamento por parte dos produtores, já que muitos deixam para comprar no final da safra, quando irão usar. Lucas indica aos agricultores para adiantar o máximo possível a compra dos produtos, adquirindo os herbicidas junto aos insumos.

Devido à falta dos agrotóxicos, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) solicitou ao Ministério da Agricultura a liberação do uso emergencial do Paraquat, proibido em 2020, já que seu principal substituto, Diquat, está em escassez. Em nota oficial à imprensa, a Syngenta, detentora do registro da Diquat, se posicionou contra a liberação do dessecante. "Estamos certos de que a importação de produtos sem regulamentação coloca em risco produtores e consumidores, meio ambiente e as exportações brasileiras."

Pela falta dos dessecantes, espera-se que a safra de soja 2021/2022 seja menor que a anterior, interferindo diretamente na economia do Brasil. O impacto já está sendo sentido pelos agricultores, pois o litro de Diquat, antes vendido a R$30,00, está custando R$160,00.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Amanda Dalbosco

Edição e Publicação: Marcella Panzarini

Supervisão de Produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen