Produtos estão mais caros e a economia internacional influencia no reajuste


A inflação aumentou os preços dos produtos e a mudança pesou no bolso dos consumidores. Os alimentos não escapam dessa realidade. Em março foi registrada alta de 25% nos últimos 12 meses em hortifrutigranjeiros, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esse aumento foi ainda mais percebido nas hortaliças e legumes, com alta de 31,43% e, em seguida, o preço das frutas, com aumento de 10,87%. E a culpa dos reajustes não foi apenas da pandemia.
No campo, o agricultor ngelo Marcio Przibiovicz trabalha com o plantio de hortaliças e destaca o encarecimento na produção. Segundo ele, o mercado do agronegócio tem visado os grandes produtores. “Os fertilizantes e os agrotóxicos acompanham as altas do mercado de grãos. Esses agroquímicos mais simples para agricultores de frutas e verduras estão em falta e o que tem no mercado é muito caro.” Przibiovicz destaca que até as sementes estão mais caras devido aos reajustes anuais das empresas. Como se não bastasse, há os gastos com irrigação, que funciona à base de diesel ou de energia elétrica, que também sofreram aumentos.
As situações descritas pelo agricultor têm forte ligação com o cenário econômico internacional, como explica o economista Alexandre Lages. “A pandemia diminuiu a oferta e a produção dos países e a valorização do dólar tem influenciado na questão dos custos dos alimentos. Além disso, a Guerra na Ucrânia, recentemente, reflete nas relações de preços, pois está atrelada à produção mundial”. Lages frisa que a inflação tem acometido o mundo todo e que há tendência de mais aumentos. “É muito provável que o poder aquisitivo dos brasileiros, que já está ruim, continue nesse patamar ou piore.”


Consumidor
Uma das consumidoras que sofre com os reflexos da inflação é a dona de casa Emeli Franco. Ela relata que seu marido e filha são os que mais consomem hortifrutigranjeiros. Com a alta dos preços, Emeli precisou reduzir alguns gastos. “A gente não deixou de comprar, mas paramos de gastar em algumas coisas mais caras no mercado para continuar comprando frutas e verduras.” Para Emeli, a maçã e a banana tiveram um aumento significativo. “Eu faço a lancheira da minha filha e percebi que essas frutas que eram baratinhas já estão pesando mais no bolso.”
O aposentado Carlos de Campos também reclama do aumento dos preços. A alta desses alimentos comprometeu seus hábitos alimentares e de sua esposa. Ele destaca que com um salário mínimo não consegue mais fazer a mesma compra de antes. “Já era difícil fazer a feira, sempre busquei o mais em conta. Agora está mais complicado, já deixei de comprar cenoura, que está muito cara e, até a alface, compro o mais básico.” Segundo o aposentado, por conta dos preços, às vezes os vizinhos plantam os próprios vegetais e colhem frutas do quintal de casa. “Aqui no bairro é normal os vizinhos trocarem esses alimentos entre si. Uns tem poncãs, outros chuchu.” Com previsões de mais reajustes, o aposentado reforça que talvez deixe de lado a feira por um tempo.

 

Ficha técnica:

Repórter: Kathleen Schenberger

Edição e publicação: Maria Luiza Pontaldi

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen