Comerciantes precisaram buscar alternativas para enfrentar este período

A economia brasileira foi afetada pela pandemia de covid-19, em consequência do fechamento de empresas, falta de matéria prima e paralisação de linhas de produção. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,9 milhões de brasileiros ficaram desempregados nos últimos 2 anos. Uma saída para a crise é o trabalho autônomo. Segundo a mesma pesquisa, o número de profissionais autônomos chegou a 3,3 milhões no período. Em Ponta Grossa, muitos trabalhadores optam pelo trabalho informal já que não há outra forma de conseguir renda.

O professor do departamento de administração na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Joselton Rocha, explica que esse alto índice de desemprego se deu em função do fechamento de empresas,  com destaque na área do comércio, de turismo  e de eventos. “Aumentou o número de pessoas desempregadas, porque a maioria das empresas instaladas no Brasil, são pequenas e não apresentam um fluxo de caixa estável para bancar as despesas por longos períodos, como foi o caso da pandemia”. 

Joselton entende que o trabalho autônomo é uma alternativa imediata encontrada pelas pessoas que estão sem emprego. O professor comenta como alguns trabalhos foram essenciais durante esse período. "Surgiram muitas empresas de micro empreendedorismoindividual de delivery para dar conta do aumento do serviço de entrega”.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), houve um crescimento de 19,5% na renda efetiva dos trabalhadores autônomos durante o segundo semestre de 2021 em relação ao mesmo período no ano anterior.

 O professor destaca que esse aumento se deve tanto aos  serviços autônomos quanto ao auxílio emergencial disponibilizado pelo governo. Joselton avalia como negativa a atuação do governo federal no enfrentamento à pandemia e crise econômica “O atual presidente é negacionista: negou a pandemia, atrasou as vacinas e isso acaba freando a economia. O vírus é contagioso e as pessoas antes de serem vacinadas não estavam seguras para trabalhar fora, e acaba que a economia não gira”. 

O trabalho autônomo é exercido pelos  profissionais de maneira liberal, sem vínculo empregatício. A doceira autônoma Jéssica Nazario conta que, antes da pandemia, as vendas ocorriam todos os dias, mas depois foram reduzidas para, no máximo, duas vezes na semana. Manter os cliente também foi algo desafiador em função da quarentena, sem poder ter contato direto com as pessoas”. Ela afirma que a melhor maneira que encontrou para adequar a pandemia foi investir no marketing de seu produto e divulgações através de redes sociais.

IASMIN AUTONOMOS Comércio informal foi um dos mais prejudiados pela pandemia. Foto: Iasmin Godwak

A maquiadora Laíslla Taques também sentiu o impacto da pandemia,  ficando alguns meses sem nenhum atendimento em função do lockdown e da paralisação de eventos. Taques relata que em 2019 atendia em média 40 clientes por mês e durante a pandemia esse número foi reduzido a 2 clientes no mesmo período. “Busquei vender meus serviços de maneira online com cursos de maquiagem e automaquiagem", comenta.

“Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, aprendi a me arriscar. Hoje minhas expectativas são de buscar um espaço maior para melhor atender os clientes”, diz Amanda Santos, também maquiadora, que ampliou os serviços oferecendo  também atividades capilares como tintura, hidratação e progressivas. Ela trabalhava como comissionada em um salão de beleza até junho de 2020, quando decidiu abrir seu próprio negócio para melhor controle dos gastos. As redes sociais também influenciaram na opção pelo trabalho autônomo durante o período. 

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Shareablee, o Instagram, Whatsapp e o Facebook registraram um aumento de 40% de acessos em cada plataforma. As autônomas reforçam a importância que a mídia teve para divulgação, expansão do consumo visual e novos clientes. Para o professor Joselton, “o mundo está tecnológico, as redes sociais permitem fazer anúncios, propagandas e pode criar sites para apresentar seu produto, podendo alcançar maiores proporções”. 

 

Ficha técnica
Reportagem: Iasmin Godwak
Edição e publicação: Lucas Ribeiro
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen