Hoje, cerca de 64 milhões de brasileiros estão inadimplentes

De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em outubro deste ano, 64,87 milhões de brasileiros estão inadimplentes, um aumento de 2,31% em relação ao mesmo período do ano passado. Quatro em cada 10 brasileiros adultos têm dificuldades para pagar suas contas, o índice de outubro de 2022, é o maior dos últimos oito anos. Na maioria dos casos, as dívidas são ocasionadas pelas despesas com alimentos e produtos básicos de limpeza e higiene, que ainda apresentam preço elevado.

Infográfico InadimplentesArte: Kadu Mendes

O endividamento atingiu Gabriel Henrique, de 23 anos, que precisa trabalhar em dois empregos para conseguir se sustentar e pagar as contas atrasadas. Gabriel explica que seu nome está negativado desde setembro deste ano. Ele precisou escolher entre pagar a conta da luz ou o plano de internet do seu celular. No final do mês, o boleto da luz foi pago, mas a internet foi cortada por falta de pagamento. A preocupação com a necessidade de quitar suas dívidas afetou seu estado emocional. “Mesmo trabalhando em dois empregos, eu penso na possibilidade de não conseguir pagar as contas. Já perdi o sono por isso, me dá uma certa ansiedade”, desabafa. Para Gabriel, e para muitos brasileiros, a prioridade é garantir a alimentação e moradia e, por isso, é preciso escolher quais contas pagar com o dinheiro que resta.

Para o professor Alysson Luis Stege, chefe do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a pandemia diminuiu o poder de compra dos brasileiros, especialmente de itens básicos, como é o caso de Gabriel. “A crise não foi somente na saúde, foi no mercado financeiro também e o país ainda não conseguiu absorver todo esse impacto”, explica. “Hoje, o preço de uma cesta básica é muito maior do que um salário mínimo. O dinheiro que a pessoa ganha, ela usa para pagar comida e aluguel, isso quando pode, porque no geral, o que se ganha é menos do que o necessário para se manter”, acrescenta Alysson. 

Segundo Alysson, as pessoas devedoras podem encontrar alívio para as dívidas nesta reta final de ano com a chegada do 13° salário, ao menos aquelas que recebem o benefício. “Nesse momento é preciso evitar as compras por impulso, aproveitar esse dinheiro extra e dar prioridade para as contas atrasadas para evitar possíveis juros”, afirma.

 

Ficha Técnica: 

Reportagem: Maria Eduarda Ribeiro

Edição e publicação: Valérica Laroca

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky