Pandemia de covid-19 dificultou ingresso no mercado formal

 

A pandemia de covid-19 contribuiu para o aumento do desemprego em Ponta Grossa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre de 2021 a taxa de desemprego foi de 14,1%, o que representa uma queda de 0,6% comparado com o primeiro trimestre deste ano.

Com o avanço da vacinação contra a covid-19, a tendência é a retomada da economia. Mesmo assim, o contingente de desempregados segue em alta. É fácil encontrar pessoas que estão à procura de empregos, como é o caso de Marilda Chibilski e Laurita Vieira de Alcântara.

Marilda Chibilski, 52, está desempregada há mais de dois anos. Ela trabalhou 25 anos em uma empresa de artigos de plásticos na cidade, que fechou em 2016. Após a demissão, foi contratada em 2018, mas ficou apenas três meses no trabalho. “Acredito que, devido à minha idade, as empresas acabam preferindo contratar pessoas mais jovens”, lamenta.

Para contribuir com a renda financeira da família, Chibilski ocasionalmente trabalha como empregada doméstica, mas não é sempre que encontra ocupação e atribui isso à pandemia. “A pandemia diminuiu a demanda de trabalhos, as pessoas têm medo do contágio do vírus, eu também tenho, mas é preciso trabalhar. Outro fator que também dificulta a busca por emprego é a crise do país”, pondera.

A principal renda da casa vem do trabalho do seu esposo e do benefício do Auxílio Emergencial, disponibilizado pelo governo como uma forma de reduzir os impactos econômicos e fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise de covid-19. Marilda precisa de uma renda fixa e deu entrada na aposentadoria; com a pandemia, o processo está demorando.

Já Laurita Vieira de Alcântara, 46, precisou se afastar do trabalho de zeladora em uma empresa de eletrodomésticos, em 2019, por conta do adoecimento de seu pai, que teve Acidente Vascular Cerebral (AVC). Com o falecimento dele neste ano, Laurita quer voltar ao mercado de trabalho: está há três meses à procura de oportunidade. “Com a pandemia, a procura por emprego ficou mais difícil, e as empresas dão preferência para contratar pessoas terceirizadas ou que possuem cursos técnicos”, pontua.

 

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Foto: Julio César Prado| Arquivo Periódico

 

Economia 

Para o economista e analista financeiro Anderson Carneiro, 34, os auxílios disponibilizados pelo governo não são suficientes para compensar as perdas do mercado de trabalho na crise de covid-19: apesar de amenizar a situação, a ajuda governamental cria uma falsa impressão de distribuição de renda. 

Porém, a população necessita de uma renda fixa de longo prazo. Para Carneiro, um dos principais impactos do desemprego para a economia é a redução da renda média das famílias. “O que causa a redução no consumo e a diminuição das expectativas de empresários que, como efeito, produzirão menos, gerando menos empregos e aumentando preços, com isso pressionando a volta de níveis altos de inflação”, declara.

Anderson aponta que , para 2022, as taxas de desemprego dependerão do cenário econômico e político, com ajustes entre os poderes judiciário e executivo. Também será necessária a retomada integral de atividades não essenciais que movimentam a economia, como o turismo e eventos. 

 

Ficha Técnica

Reportagem: Larissa Godoi 
Edição e Publicação: Manuela Roque
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen