Parceria entre entidade feminina e empresa reúne cerca de 2 mil mulheres pontagrossenses
Uma ação realizada no final de maio deu a dimensão do desemprego entre as mulheres de Ponta Grossa. Cerca de 2 mil mulheres se candidataram a 100 vagas, que não eram exclusivamente para o público feminino. A Associação de Mulheres de Ponta Grossa (AMPG), organizou o cadastramento para os possíveis empregos oferecidos pela Ambev.
Entre as mulheres que disputaram uma vaga, estava Miriam Batista. Desempregada há dois anos, ela viu na ação uma oportunidade de mudar de vida. “Eu tenho um bebê de dois anos e oito meses, e na época da pandemia fecharam as escolinhas né, e não tinha onde deixar ele”. Para Miriam, a iniciativa é importante, mas ela reclama da organização. “Pediam um currículo por e-mail e a gente mandou, e era para vir fazer triagem aqui. Acho que eles não pensaram que seria tanta gente assim”.
Foto: Cassiana Tozati
A estudante Regiane Lima, de 22 anos, procura emprego há três meses. Vinda de São Paulo para fazer faculdade, ela reconheceu nas vagas ofertadas uma oportunidade de emprego. “Meus pais não conseguem me manter totalmente porque lá em São Paulo a situação não está fácil. A minha mãe falou que ou eu arrumava emprego, ou ia ter que voltar. E sair da faculdade não é uma opção para mim”.
Regiane diz que a fila e a falta de informação sobre as vagas a deixou insegura. “A gente não recebeu muita informação específica sobre as vagas e não sabe se as primeiras pessoas entrevistadas foram selecionadas, e se vale a pena ficar”.
De acordo com Amanda Costa, presidente da AMPG, a iniciativa foi desenvolvida para diminuir a vulnerabilidade, inclusive quanto à violência doméstica. “Acreditamos que uma das maiores causas atreladas à mulher continuar com o agressor e aceitar certos relacionamentos, que prejudicam a saúde mental e física, é pela falta de oportunidade de emprego, de qualificação profissional, e pela falta de renda”.
Entretanto, a espera pelo atendimento chegou a quase quatro horas. Para uma das candidatas, Marcia Marli, a seleção deveria ter ocorrido de outra forma, uma vez que houve cadastro prévio do currículo via e-mail. “Assim a gente não precisava ficar aqui esperando do jeito que estamos”. Jocelia Cense concorda com Marcia e estava determinada a ficar até o final da triagem. “Esses dias fiz uma outra entrevista. Chegou no meu e-mail para agendar horário, então devo ter ficado meia hora só. Não fui contratada, mas também não fiquei nesse sofrimento aqui”.
Entre as mulheres que estavam no final da fila, Bianca Migdalski conta que chegou cedo, esperou e, em certo momento, foi dispensada. “A gente estava quase chegando no portão e uma das organizadoras falou que não tinha mais vaga e era para irmos embora. Na hora que a gente voltou, porque uma amiga sugeriu, a mulher disse que abriram mais vagas, e a gente que estava no começo da fila, estamos no final da fila de novo.”
Uma pessoa da organização do evento diz que não esperavam tantas candidatas. Ela explicou que houve mudanças de última hora em relação à quantidade de currículos que seriam aceitos. “Agora mais empresas estão entrando. Vai abrir mais vagas.. Por isso que as mulheres estão sendo atendidas, senão a gente já teria dispensado o pessoal”.
Ficha Técnica
Reportagem: Cassiana Tozati
Edição e publicação: Bettina Guarienti
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen