Ao todo, são mais de 216 projetos para atender à comunidade de Ponta Grossa e região 

 

Em 2021, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) completou 50 anos de atividades de extensão. Ao longo desses anos, cerca de 110 mil pessoas foram beneficiadas  pelos projetos promovidos dos cursos da instituição, na cidade e na região dos Campos Gerais. De acordo com o Mapa dos Programas e Projetos, ação desenvolvida pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex), responsável pelos movimentos de extensão, há mais de 216 ações promovidas pela UEPG até julho de 2021.

Segundo a Pró-reitora de Extensão e Assuntos Culturais, Edina Schimanski, a extensão constitui-se historicamente como um elemento fundamental no processo de desenvolvimento social, político e cultural e, por isso, a necessidade de ampliar os vínculos no processo de ensino dos acadêmicos. “Pensar na extensão é pensar na universidade que queremos para o futuro, pois é ela quem faz a ponte entre as instituições de ensino, sobretudo públicas, e a comunidade. Daí a importância em valorizarmos e ampliarmos esses movimentos”, destaca. 

Para ter uma dimensão dos projetos, apenas neste ano foram realizadas 356 atividades extensionistas em 24 municípios do estado. São 693 alunos envolvidos e 143 bolsas ofertadas, que totalizam o investimento anual de mais de R$680 mil. Para ter maior visibilidade das atividades realizadas, a Proex divulga algumas das ações extensionistas no canal do Youtube da UEPG, como troca de experiências e conhecimento entre as diversas áreas.

 

Quando tudo começou

Os primeiros movimentos de extensão na UEPG ocorreram na década de 1970, quando as iniciativas extensionistas mais concretas foram a criação do Festival Nacional do Teatro Amador (Fenata) e o Centro Rural de Treinamento e Ação Comunitária (Crutac). O projeto entrou em atividade com mais força a partir de 1976, em conjunto de outros programas de extensão rural do Brasil.

O Crutac é um dos únicos projetos ainda em atividade. Um dos objetivos é atender à saúde das populações rurais de baixa renda dos distritos de Itaiacoca e Guaragi. O projeto  abrange aproximadamente 70 pessoas entre alunos e professores dos cursos de Medicina, Odontologia, Farmácia e Enfermagem.  Ao longo desses 45 anos de existência, o programa passou por várias etapas, principalmente na melhoria das estruturas oferecidas, como os consultórios e os laboratórios.

A coordenadora do programa e chefe do Sebisa, Fabiana Postiglione Mansani, acredita que o projeto contribui para a formação dos alunos e oferece um retorno à sociedade.  “As ações extensionistas da universidade são tão essenciais quanto às de pesquisa. Elas propiciam aos acadêmicos, por meio de projetos de extensão como o Crutac, a formação de humanização e do atendimento social”, aponta. 

Entre as atividades da Proex está a edição da revista Conexão, publicação científica que apresenta projetos de extensão da instituição e outras iniciativas brasileiras. Vinculada à Proex, a Conexão amplia a divulgação em variadas áreas do conhecimento e seu público alvo são aqueles que participam da extensão no país. Com a primeira publicação em 2005, a revista conta com 17 volumes. Confira as edições em: https://revistas2.uepg.br/index.php/conexao 

Foto: Vera Marina Viglus

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Universidade Estadual de Ponta Grossa, unidade do Centro.

 

Conheça três dos diversos projetos de extensão da UEPG

O projeto Pequenos Dentinhos surgiu durante a pandemia, como uma página nas redes sociais. Suas atividades estão voltadas à elaboração de materiais lúdicos para serem explorados pelas crianças entre quatro e 12 anos de idade, com foco em práticas educativas da saúde bucal. Além disso, ele orienta os portadores de necessidades especiais e seus responsáveis sobre quais são as melhores formas de desenvolver a higienização dentária.  

O perfil do projeto é uma adaptação para o modo online das atividades de outra iniciativa, a Ação Integrada em Odontologia na comunidade: pacientes infantis e especiais. O programa realizava o atendimento odontológico de crianças carentes nos distritos de Guaragi e Itaiacoca. Além da docente coordenadora do projeto, a professora de odontologia Gislaine Denise Czlusniak, cerca de oito acadêmicos são responsáveis pelo Pequenos Dentinhos, e se dividem para promover as atividades pedagógicas. No Instagram, o perfil conta com mais de 240 seguidores.

Para além da área da saúde, a UEPG oferece projetos que permitam a capacitação da comunidade em ações de ensino, pesquisa e extensão, como é o caso do Programa de Educação Tutorial (PET), criado em 2010 pelo curso de Engenharia de Alimentos.

Entre algumas ações de extensão do PET, está o ‘Curso de qualificação em panificação e confeitaria para inserção de mulheres no mercado de trabalho’, uma parceria realizada com a Guarda Mirim, em uma escola de Ponta Grossa. O objetivo foi oferecer às mães dos jovens que estudam na instituição a oportunidade de aprendizagem na área de panificação, confeitaria e outras produções alimentícias, além de conhecimento nas práticas de fabricação. 

Para a líder do PET - Engenharia de Alimentos, Carol Vantroba, este foi um dos maiores projetos que o programa promoveu e uma iniciativa de aprendizado para alunos, professores e participantes. “Três mães envolvidas no projeto conseguiram emprego devido à qualificação. Dessa forma observamos a satisfação das participantes, que além de se sentirem valorizadas, aprenderam e aperfeiçoaram seus conhecimentos na área, obtendo novas oportunidades”.  

Além deste projeto, o PET realizou ações como cursos e palestras para a semana técnica do Colégio Estadual Prof. João Ricardo von Borell du Vernay e para o Centro Estadual de Educação Profissional de Ponta Grossa (CEEP). Segundo Carol, essa aproximação de alunos do ensino médio os influencia a continuarem estudando.

Os estudos da linguagem oferecem projetos de extensão como o Cinemas e Temas, criado em 2009 pelo professor Fábio Steyer, que funcionou até 2019. A ideia do projeto é a exibição de filmes e debate entre os participantes das sessões, a partir de um tema específico.

De acordo com Steyer, durante todos esses anos inúmeros alunos de letras e de cursos como artes, jornalismo, história e geografia contribuíram para o projeto. Além disso, várias parcerias foram estabelecidas com algumas instituições da cidade, como a Faculdade Secal, o colégio Sagrada Família, Santana, a Universidade Aberta do Brasil, a escola La Ballerina, entre outros locais.

Desde 2020, por conta da covid-1,9 o projeto está suspenso. Para o professor Steyer, apesar de não poder desenvolver o projeto na atual situação, o debate e o diálogo sobre cultura é fundamental enquanto ação extensionista. “A extensão muitas vezes é vista como a prima pobre da tríade universitária, sendo colocada por último com relação ao ensino e a pesquisa. Mas é ela quem apresenta uma série de serviços à comunidade, principalmente onde há instituições muito fortes como a UEPG”, conclui. 

 

Para além da Universidade 

Camila Leria é produtora na Cia Artheiros e idealizadora do programa Dança nos Bairros, em Ponta Grossa. Desde 2017, ela obtém uma parceria com o projeto de extensão do curso de jornalismo, Cultura Plural. Segundo Camila, o que mais impactou seus projetos foi o reconhecimento dado às crianças participantes, por meio das coberturas feitas pela equipe do Cultura Plural. “Cada vez que éramos colocados em pauta pelo Cultura, as crianças se sentiam valorizadas e especiais, pois eram ouvidas pelas equipes. As próprias mães ficavam animadas quando sabiam que os alunos da UEPG estavam vindo realizar alguma matéria com seus filhos”, destaca. 

Ainda de acordo com a produtora, além de permitir um aprendizado maior para a formação, a comunidade depende dos projetos e ações extensionistas. “Os projetos nos dão visibilidade em momentos que não somos destaque. E é isso que torna o trabalho muito valoroso e significativo, pois sabemos que há acadêmicos interessados em aprender com aquilo que podemos compartilhar”.  

 

Ficha Técnica

Repórter: Ana Luiza Bertelli Dimbarre

Edição e Publicação do Texto: Larissa Onorio e Tayna Lyra

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen