Órgão que atende crianças deficientes tenta solucionar problemas financeiros

 

A Associação Ponta-grossense de Assistência à Criança com Deficiência (APACD) enfrenta dificuldades financeiras desde outubro de 2021. Com recursos insuficientes, a instituição priorizou seus pagamentos e, com isso, deixou de honrar dívidas com o poder público municipal e estadual.

O presidente do órgão, Bortolo Moro Neto, afirma que a gestão anterior deixou débitos com a prefeitura municipal de Ponta Grossa e com a secretaria de Estado de Educação. “Há várias irregularidades na prestação de contas da gestão anterior. Para nós, foi uma desagradável surpresa”, conta o  presidente. 

Com a exigência da devolução de recursos públicos e, para evitar que a instituição fechasse as portas, optou-se pelo parcelamento da dívida por quatro anos. Segundo Moro, as prestações foram pagas com tranquilidade até outubro de 2021. 

Em seguida, “com a inadimplência das parcelas, os convênios não fazem repasses para nós, pois ficamos sem nossa Certidão Negativa de Débito. O INSS também não foi recolhido na gestão anterior e o órgão nos multou”, diz Moro. Com isso, a diretora financeira Fabiane Tomachewski não pode captar recursos suficientes para todos os compromissos, o que levou a instituição a priorizar o pagamento de funcionários e demais tributos.

O período de pandemia da Covid-19 foi fator determinante para a queda de arrecadação. “A nossa cota do SUS está muito aquém do necessário desde fevereiro de 2020. Os pacientes não vinham regularmente, pelo risco de contágio. Nós não conseguimos atingir o mínimo de atendimentos exigido pelo SUS”, explica.

Com os débitos pendentes, a instituição está impossibilitada de atender a demanda total, o que gera fila de espera. “Há uma demanda reprimida por falta de espaço e não temos fonte financiadora pública. Tudo fica em promessas para disponibilizar no futuro”, relata o presidente da APACD.

 

Apacd Bazar

(Reprodução: Portal Comunitário)

Busca de recursos

A instituição procura ajuda financeira imediata para conseguir se reorganizar e, depois, pensar em expansão. Uma ação em busca de arrecadação partiu da coordenadora da oficina ortopédica, Mônica Tairine, que idealizou e abriu um financiamento coletivo para arrecadar fundos. “Não é para outro objetivo além de pagar dívidas e manter nosso funcionamento”, afirma o presidente. Lançada em 25 de fevereiro, a vaquinha online tem valor mínimo de 10 reais de contribuição.

Vendas de parte do patrimônio também colaboram para sanar o problema. Até freezers foram comercializados, além da realização de uma Tarde de Pastel. O órgão vendeu, inclusive, um automóvel para pagar os salários de janeiro e fevereiro de 2022 de seus funcionários.

Diante das dificuldades, vários serviços deixaram de ser oferecidos.  A enfermeira Giselle Trobia, que recebe assistência da instituição há seis anos, desde quando sua filha ainda tinha um ano de idade, é uma das prejudicadas, especificamente em relação a terapias, além da escola.

 

 

Ficha Técnica
Repórter: Cássio Murilo
Edição e Publicação: Maria Eduarda Eurich e Rafael Piotto
Supervisão de Produção: Rafael Kondlatsch
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen