Prefeitura pede reintegração de posse dos terrenos desde dezembro de 2021

                                                                              Foto: David Candido

 

Há mais de cem dias moradores de Ponta Grossa e pessoas de outras cidades - com apoio da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) -, ocupam terrenos na vila Parque das Andorinhas, propriedade da Companhia de Habitação de Ponta Grossa (PROLAR). São cerca de 700 famílias, em média 2.500 pessoas, segundo Leandro Santos Dias, dirigente nacional da FNL.


“Levantamos a ideia durante o Emancipa, curso pré-universitário oferecido gratuitamente na Igreja da Assembléia de Deus no Lagoa Dourada. Em outubro de 2021, decidimos ocupar os terrenos”, explica Dias. De acordo com ele, a necessidade por moradia era um tema recorrente nas reuniões, especificamente na região do Andorinhas, por se tratar de terrenos da prefeitura de Ponta Grossa.


As assembleias da FNL junto aos moradores acontecem de acordo com a demanda, quinzenalmente ou semanalmente. O dirigente conta que a PROLAR participa das reuniões a fim de pressionar pela saída e alertar sobre a proibição de construções nos lotes. “A expectativa da PROLAR era faturar dez milhões de reais com os chamados terrenos comerciais, mas que também foram ocupados, impossibilitando a venda", relata Dias.

 

                                                                                                                  Fonte: Google Maps


Segundo Letícia Cilian, 31 anos, uma das coordenadoras da ocupação, “antes eu morava de favor no bairro Paraíso. A dona deixava eu pagar quando tinha algum dinheiro. A minha casa de agora foi feita só de pvc e madeiras doadas; lá tem uma cama”. Ela mora na ocupação desde seis de dezembro de 2021, com as duas filhas - meninas que aparecem na foto a seguir com a amiga de Letícia, Tere - . “Eles querem tirar a gente daqui a todo custo. Acho que tinham que medir os terrenos e dar, a gente paga, ninguém quer morar de graça.”


Adriana Maciel, 35 anos, foi em busca da casa própria em fevereiro, na ocupação dos terrenos da PROLAR na vila Andorinhas, acompanhada de marido e filha de seis anos. “Faz oitenta dias que eles estão aqui, mas nós viemos há quinze dias, não tínhamos como construir. Meu marido trabalha com construção civil e foi ganhando as coisas aos poucos”. Ela trabalha como babá e reclama que onde morava, ou pagava o aluguel, ou comprava comida.

 

   Imagem: David Candido


O dirigente da FNL, Leandro Santos Dias, relata que em fevereiro expediu três pedidos no Ministério Público do Paraná para a Prefeitura de Ponta Grossa, que tratam sobre a infância e juventude, saúde, direitos humanos, desenvolvimento urbano e meio ambiente. Por meio de nota, a prefeitura diz que pede a posse dos terrenos junto à Justiça desde dezembro.

 

Ficha Técnica:
Reportagem: David Candido
Supervisão de produção de texto: Marcos Zibordi
Supervisão da disciplina de NRI III: Marcelo Bronosky e Muriel Amaral