Enquanto no Estado houve diminuição de 2,7% de assassinatos no primeiro trimestre do ano, Ponta Grossa registra acréscimo de 53%
Segundo dados da Polícia Civil do Paraná, até o dia 23 de maio deste ano foram registrados em Ponta Grossa 38 homicídios dolosos, ou seja, quando há a intenção de matar. Esta quantidade já representa mais da metade do número de assassinatos que ocorreram durante 2021, quando foram registradas 73 mortes violentas na cidade. Os dados contrastam com os do estado do Paraná, que registrou uma diminuição de 2,7% no número de homicídios no primeiro trimestre de 2022. Em Ponta Grossa o aumento foi de 53% no mesmo período, de acordo com informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP-PR).
A entidade informa que a maioria dos homicídios está possivelmente ligada ao tráfico de drogas. As vítimas são em maioria jovens dos sexo masculino entre 18 e 25 anos e muitos dos assassinatos apresentam indícios de execução. Entretanto, há outros perfis entre as vítimas executadas em Ponta Grossa. Fora do esquadro do perfil das mortes, uma mulher que preferiu não ser identificada relata o assassinato do seu namorado de 47 anos. Enquanto esperava carona para o trabalho, seu parceiro foi morto a tiros por dois homens que estavam em uma moto, no bairro de Palmeirinha. Os culpados do crime ainda não foram identificados. “Até hoje não sabemos o porquê ele foi morto, não tinha envolvimento com tráfico nem qualquer outro crime, o que achamos é que ele foi confundido com alguém envolvido com isso”, diz.
Vitor Hugo Bueno, presidente da Comissão de Direito Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na cidade e professor de direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), afirma que é necessário pensar em políticas de curto e longo prazo para a capacitação de jovens em comunidades periféricas, que são os principais vítimas do crime. “A raiz do problema vem do desinteresse do poder público com a construção de políticas públicas de acesso à saúde, educação e assistência social, principalmente para os jovens envolvidos com o tráfico de drogas”
Vitor entende que é necessário um investimento para a inserção de jovens e crianças, principalmente nas comunidades periféricas, em programas de educação básica e capacitação profissional que promovam sua inclusão no mercado de trabalho. “Não tenho dúvidas que grande parte dessas pessoas chegam nestas situações em decorrência da pobreza e exclusão social que se acentua neste contexto de desprezo da proteção de direitos destes grupos historicamente vulneráveis na sociedade”.
Ficha técnica
Reportagem: Gabriel Mendes Ferreira
Edição e publicação: Lilian Magalhães
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen