Coletor menstrual é um método alternativo mais econômico e sustentável
Em Ponta Grossa, um único indivíduo que menstrua gasta cerca de R$8.000 em absorventes descartáveis durante a vida menstrual ativa. O custo médio do produto na cidade é de aproximadamente R$13,00 (pacote com 16 unidades), sendo assim, cada unidade sai em torno de R$0,80. Um novo companheiro, mais econômico, surge neste cenário: os coletores menstruais, também conhecidos como “copinhos”. Os coletores menstruais variam de preço, é possível encontrar o produto em torno de R$40,00 e R$80,00. Podem ser utilizados de cinco a 10 anos, se bem cuidados.
De acordo com o coletivo Fluxo Sem Tabu, projeto que fornece absorventes e produtos de higiene íntima para pessoas em vulnerabilidade, são cerca de 450 ciclos menstruais durante a vida e são usados aproximadamente 20 unidades de absorventes em cada ciclo. A iniciativa estima que sejam consumidos 10.000 absorventes durante toda a idade fértil.
Foto: Ana Moraes
Quanto aos coletores, além de econômicos não geram resíduos. Luana Zampiva, 22 anos, é acadêmica de Publicidade e Propaganda, designer gráfica e utiliza o coletor há quatro anos. Segundo ela, comprar o “copinho” compensou quando comparado aos absorventes descartáveis. “Paguei R$89,90, na época, por dois copinhos que estou usando ao longo desses anos. Eu usava um absorvente que é mais caro, gastava uns R$15,00 por mês no mínimo (sem imprevistos) e no ano eu chegaria a R$180,00. Dá para comprar uns quatro ou cinco coletores hoje em dia”, analisa.
Na época em que Luana comprou o produto, ele não era tão conhecido, mas quis testar e atendeu suas necessidades. Para ela, o coletor é totalmente diferente porque a deixa mais segura. “Praticamente esqueço que estou menstruada. Com o absorvente sempre achava que todo mundo estava vendo e que estava feio marcando na roupa”, relata Luana.
A facilidade de uso e a economia também foram iniciativas que motivaram Bianca Serafim, 21 anos, estudante de Artes Cênicas, em ser adepta do coletor menstrual. Por ter fluxo intenso, ela usava absorventes interno e externo ao mesmo tempo. Ela utilizou por três anos o coletor e suspendeu o uso por estar grávida. “Eu usava pelo menos quatro pacotes de cada um [absorvente] durante o ciclo, aí resolvi pesquisar sobre o coletor e avaliar”. Quando comprou o primeiro coletor, Bianca não consultou com ginecologista e não se adaptou. Mas, após passar por consulta médica, a profissional indicou qual seria o melhor para seu caso. “Então, comecei a usar o ‘copinho’ sem desconforto e deu muita diferença no meu bem-estar e também, financeiramente”, conta. Bianca espera voltar a usar o coletor após o fim da gravidez.
Foto: Ana Moraes
Para além das questões econômicas, Juliane Turko, 19 anos, estudante, decidiu utilizar o coletor há dois anos para redução de rejeitos plásticos e contribuir para a preservação do meio ambiente. Conforme a estudante, “o coletor é mais confortável e pode ser usado por mais tempo. Troco de seis em seis horas, enquanto o absorvente trocava de três em três. Fora que os absorventes têm muita chance de vazar, já com os coletores não têm mais esse problema”.
Profissionais da área da saúde ginecológica também indicam o coletor como uma alternativa aos absorventes descartáveis. Para a Drª Cristiane Schneckenberg, ginecologista de Ponta Grossa, “o coletor é uma opção bem interessante para pacientes que têm dificuldades de usar o absorvente externo por fatores alérgicos ou pelo desconforto. Além disso, ele é ecologicamente correto”.
O uso do coletor é seguro e segundo a profissional, “cumpre bem o seu papel, a não ser em casos em que o tamanho não se adeque ou que a paciente tenha dificuldades para introduzir”. A ginecologista destaca que a adaptação ao “copinho” depende do perfil de cada paciente e que nem todos gostam da ideia do uso e manipulação do coletor.
“O produto não expõe o organismo a nenhum risco, desde que usado da forma correta. Dificilmente o material do coletor pode gerar alguma alergia, mas pode acontecer de um determinado organismo ter sensibilidade a um produto específico mas, no geral, é algo raro”, ressalta.
Foto: Ana Moraes
Utilização e cuidados
O coletor deve ser introduzido dentro do canal vaginal, para isso existem diversas opções de dobras e cada pessoa que menstrua pode escolher qual se adapta melhor ao próprio corpo. O produto deve ser retirado, esvaziado e higienizado a cada 6 a 12 horas, a depender do volume de fluxo, e em seguida pode ser reintroduzido. Essas etapas devem ser seguidas até o fim do ciclo.
Quanto à limpeza do coletor, deve ser lavado com água e sabão neutro e, ao final do período menstrual, fervido por até cinco minutos. Existem recipientes específicos para isso, mas geralmente são indicadas panelas esmaltadas ou os copos próprios para esse procedimento.
Conforme a Drª Cristiane, não é obrigatório passar por consulta para começar a utilização de coletores menstruais, porém nada impede e sempre é sugerido a consulta ginecológica de rotina para ter orientações mais detalhadas.
Existem diferentes marcas, tamanhos e texturas/rigidez do coletor. Para a ginecologista, os pacientes podem avaliar por si e perceber qual é mais compatível com o seu biotipo. Alguns fatores devem ser levados em consideração, como se já teve partos normais, se já teve gestação e se já iniciou a vida sexual.
A doutora explica que pessoas que usam DIU costumam ter dúvidas se podem utilizar o coletor menstrual, contudo não há problema. Segundo ela, o que não é indicado é usar o soft cup, um copo descartável em formato de disco. Esse modelo não é indicado para quem usa DIU, porque pode acontecer uma atração com o fio do dispositivo e ele se deslocar.
Como escolher o tamanho do coletor menstrual
Existem alguns métodos que ajudam na escolha do "copinho", um deles é medir a altura do colo do útero. A Korui, marca de produtos menstruais ecológicos, desenvolveu um passo a passo para isso.
Primeiramente, deve-se lavar bem as mãos e achar uma posição confortável (é recomendada que seja uma posição vertical, já que favorece um posicionamento natural do colo do útero). Em seguida, inserir o dedo médio ou indicador no canal vaginal e deslizar para cima, até que possa sentir o colo do útero (ele possui formato arredondado). No momento do toque no colo do útero, deve-se notar o quanto do dedo foi inserido. No colo baixo o dedo é inserido até a primeira articulação, no médio o dedo é inserido além da primeira articulação e no alto é inserido além da segunda articulação. Segue imagem ilustrativa:
Após perceber a altura do colo, pode-se entender qual coletor se adaptará melhor ao seu biotipo. Se o colo for baixo ou médio, você vai se adaptar melhor aos tamanhos menores e se o colo for mais alto, você vai se adaptar melhor aos tamanhos maiores.
Ficha técnica:
Reportagem: Ana Moraes
Edição e publicação: Carlos Solek e Maria Luiza Pontaldi
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen