Reportagem visitou o Campus Central e percebeu que algumas entradas apresentam barreiras a pessoas com necessidades especiais

 

Jéssica Carolina dos Santos Paiva, de 26 anos, cursa o 3º ano de pedagogia na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) no Campus Central. A estudante é deficiente visual com baixa visão, isto é, enxerga menos que a maioria das pessoas. Para que ela pudesse ter melhor acesso à Universidade, o prédio deveria ter medidas como rampas com piso tátil. Essa realidade é a mesma para muitas pessoas com algum tipo de deficiência. “A principal dificuldade que eu considero é a falta de instalação de piso tátil em todo o prédio, a gente só conta com o piso tátil no bloco B e C. Por conta disso, a gente com deficiência visual usa a parede para locomover e se localizar nos espaços”, critica a estudante.

Além desta ausência que dificulta o acesso dos discentes em diversos lugares do Campus, os pisos irregulares da Universidade também atrapalham para andar de forma segura. “Nas paredes tem muitos obstáculos, têm extintor, lixeiras, bancos, armários e isso dificulta um pouco nossa locomoção dentro do prédio e como consequência perde a autonomia. Às vezes precisamos de alguém para auxiliar para que consigamos chegar nos lugares”, compĺeta Jéssica.

 

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Estudante Jéssica Carolina do curso de pedagogia da UEPG chegando na instituição pela manhã de quinta-feira para ir a aula

 

Andando pelo prédio da UEPG, a reportagem percebeu que idosos que frequentam a Universidade Aberta para a Terceira Idade (UATI) sentem dificuldade ao subir as escadas, especialmente as localizadas no pátio interno cujos corrimãos não são em formato arredondado para melhorar a segurança da pessoa.

Segundo o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Ponta Grossa, um ambiente acessível precário afeta o cotidiano da pessoa com deficiência. “A falta de acessibilidade, especialmente nesse caso, impacta na realidade de todos os sujeitos envolvidos, sejam alunos, familiares, ambiente escolar, principalmente em relação à deficiência visual e/ou locomoção reduzida”, aponta Tiago Ceves, vice-presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.

 

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Entrada do Bloco C é a única da UEPG do Campus Central que possui acessibilidade com piso tátil e faixas antiderrapante nas escadas.

 

O que a lei diz

A Lei Estadual Nº 18419/2015 e o Guia Legal do Portador com Deficiência Visual do Governo Federal apontam uma série de normas para espaços públicos e privados em ambientes abertos e fechados que devem seguir. As instituições de ensino superior devem seguir exigências mínimas, caso solicitado pelos alunos, sala de apoio contendo máquina de datilografia, braille, impressora braille, gravador e conteúdos básicos em braille.

Jéssica Carolina comenta que a UEPG possui meios de acessibilidade que melhoram o acesso a conteúdos educacionais para os alunos com deficiência visual e que respeitam as normas técnicas. “A UEPG conta com um programa de audiobooks para que tenhamos acesso que estão disponíveis nos computadores da biblioteca. Outro material que foi adquirido a pouco tempo foi um óculos que fotografa o texto e transforma o texto em áudio para que possamos fazer a leitura normalmente, mas ainda não tive acesso.” 

A reportagem analisou os computadores disponíveis na Biblioteca do Campus Central e verificou que muitos computadores possuem softwares desatualizados e antigos que não permitem a instalação de outros aplicativos.

 

Posicionamento

Em respostas aos questionamentos feitos sobre acessibilidade, a assessoria da UEPG por meio da Pró-reitoria de Planejamento (Proplan), informa que “trabalha continuamente pelo melhoramento e construção de áreas de acessibilidade''. Em abril, foram instaladas rampas no Bloco A da UEPG Central e mais serão construídas na sequência. O Campus Central ainda conta com dois elevadores no Bloco A, um elevador no Bloco D e uma plataforma elevatória no Bloco B. A Proplan está em fase de formulação do edital de licitação para contratação de comunicação visual e tátil”. A reportagem procurou as rampas mencionadas que foram instaladas no Bloco A, mas nenhuma foi encontrada, já os elevadores seguem normas técnicas com leitura em braille e também som indicando os andares pelo qual passa.

Apesar dessas dificuldades, a UEPG disponibiliza no site da instituição três softwares gratuitos para os alunos baixarem em seus computadores ou notebooks.

 

Ficha Técnica:

Reportagem: Leonardo Duarte

Fotos: Leonardo Duarte

Edição e publicação: Maria Eduarda Ribeiro

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen