Atividade com linhas de lã e agulha pode ser mais do que um passatempo

A costura no tricô, além de servir como um passatempo, é fonte de renda para várias famílias. A partir de um par de agulhas e linhas de lã é possível criar peças de roupas, acessórios e objetos de decoração como amigurumi (bonecos feitos de tricô ou crochê). Ou seja, a imaginação e a criatividade podem voar quando as agulhas se tramam.

Josefa Schimit, 59 anos, tricota desde os nove. Ela também se dedica ao crochê, bordado e costura. “Nasci na roça. Na época, as meninas deviam saber todo tipo de trabalho manual. Minha mãe me ensinou o básico e o resto aprendi com a vida”, conta. Quando tinha 30 anos, seu marido a abandonou com três filhos pequenos. A partir daí, Josefa transformou o tricô na sua fonte de sustento. “Criei meus filhos na ponta da agulha e no cabo da enxada”, quando não tinha nenhuma encomenda, procurava até lotes para carpir.

Os problemas de articulação a impediram de levar à frente no ofício. Hoje, para complementar sua renda, Josefa é motorista de aplicativo. Mesmo assim, há dois meses, ela organizou um grupo que faz tricô na praça e passa seus ensinamentos para aqueles que querem aprender. Todo material é fruto de doação. São quatro mulheres que se encontram na praça da Catedral Sant’Ana toda terça-feira. “A ideia não era ensinar a fazer tricô necessariamente, porque é muito mais do que isso. É você dar dignidade às pessoas. Conseguir o seu sustento com o teu próprio trabalho não tem preço”, relata.

 

Foto 02 Larissa Onorio

Na praça da Catedral Sant’Ana, Josefa doa o primeiro novelo e par de agulhas e ensina outras mulheres a tricotar.

Ao contrário de Josefa, o tricô para Indianara Priscila dos Santos, 30 anos, é uma terapia. Mestranda em Linguagens na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), ela aprendeu a tricotar na adolescência observando a própria mãe. Suas primeiras peças foram roupinhas para bonecas. Depois de adulta, parou com a atividade por conta de outras demandas, mas recentemente tirou do armário as agulhas e a lã. “É uma coisa meio mágica: só através de um fio e dois objetos pontiagudos você consegue fazer muita coisa. Eu voltei a tricotar porque é muito terapêutico. Você precisa de foco e disciplina para fazer”, afirma. Hoje, as peças que Indianara faz são todas para a sua filha pequena.

Se engana quem acha que o fio e as agulhas são só das mulheres. No caso de Mateus Alexandre, 22 anos, sua arte é o crochê. Ele aprendeu em casa com a mãe, logo que começou a pandemia em 2020. O que começou como um passatempo, ajudou a pagar as contas em casa quando Mateus ficou desempregado no ano passado. “Logo que começou o lockdown, minha mãe me ensinou, estávamos naquela situação de não fazer nada em casa mesmo”, afirma. Atualmente, apesar de receber poucas encomendas, Mateus continua crochetando por prazer. Ele faz toucas, bolsas, mochilas, amigurumis e cachepot de vaso (um suporte para vasos de plantas).

 

Ficha Técnica

Reportagem: Larissa Onorio

Edição e publicação: Lilian Magalhães

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen