Mesmo ocupando espaços significativos, a realidade ainda é de luta.
Neste mês de julho, o cenário literário municipal ganhou três obras. Embora sendo de diferentes gêneros, há um ponto em comum: foram escritas por mulheres. Entre as escritoras está Luísa Cristina dos Santos Fontes. Desde a infância, a autora é apaixonada pelos livros.
Escritoras abordam desde temas como conscientização do autismo e reflexão. Foto: João Guilherme Castro
“Todas as semanas, meu pai chegava com gibis, minha primeira rotina literária. Quando adolescente, passei a frequentar bibliotecas e, a partir daí, a escrita vem quase como consequência.” Sua mais recente obra, Estudinho Sobre a Origem da Saudade, foi lançada em conjunto com Róbison Benedito Chagas. O livro consiste em uma pesquisa sobre a história do vocábulo no decorrer dos séculos, contando com exemplificações literárias.
Mesmo ganhando destaque, nem tudo são flores na carreira das escritoras. Segundo Renata Regis Florisbelo, não foram raras as vezes que esbarrou no machismo. “É como se a sociedade mandasse sempre a mulher se apoiar num homem forte, um protetor. Há uma ênfase muito maior aos escritores homens, exigindo maior posicionamento por parte das mulheres”, avalia.
Renata reafirma o processo de desenvolvimento de um livro e, no município, ela percebe que as autoras são mais disciplinadas na escrita e no esforço para a criação das obras. “As mulheres possuem um senso mais completo de enfrentar todas as etapas e levar o projeto até o fim”. Em seu último livro, lançado este mês, ela reúne reflexões sobre a vida e o cotidiano.
Outra escritora pontagrossense é Cinthia Maria Baggio de Luca da Cunha. Sua obra mais recente é o livro Mini Pets, que aborda a conscientização ao autismo em crianças. O livro faz parte do projeto Dra. Tulipa e sua Turma, que tem como objetivo facilitar a compreensão das crianças sobre informações odontológicas.
“Entrei para a literatura pela falta de material específico para os temas que achava relevante em ensinar minhas filhas”, explica Cinthia. O projeto contempla quatro livros e é comandado por mulheres de diferentes áreas da saúde.
Mesmo não tendo lançado livro nos últimos meses, a veterana Dione Navarro tem bagagem no universo das letras. Ela é autora de 12 obras e entusiasta de uma figura popular em Ponta Grossa, Corina Portugal.
“Sempre tive facilidade para escrever, mas nunca entendi isso como um aceno para compor livros”. Dione avalia a distribuição das mulheres em diferentes gêneros literários como bastante plural. “Somos contemplados com um público feminino que explora a literatura em diversos segmentos. Temos muitas poetas, escritoras, cronistas, trovadoras que projetam nossa cidade na cenário nacional e internacional.”
Entre seus projetos mais recentes, está a tradução do livro infantil A Galinha que Queria ser Perfumista, para o braille. “Escrever é uma arte. Quem começa a escrever nunca deve se comparar a ninguém, porque a beleza está nas individualidades. Quando a inspiração nos visita, cada instante é único e sempre será belo”.
Ficha técnica
Reportagem: Maria Luiza Pontaldi
Edição e publicação: Amanda Martins e Carlos Solek
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen