Em 20 anos, o grupo de artesãs na cidade caiu de 25 para apenas três 

 

Criado em 2020, o Programa Municipal de Salvaguarda de Bens Culturais de Ponta Grossa garantiu que bens municipais como lugares, formas de expressão e saberes fossem preservados e passados para futuras gerações. Em 2022, foi realizada a primeira sessão pública de salvaguarda de bens imateriais e entre as práticas inclusas está o artesanato em palha, um atividade com mais de 20 anos de história no município.

 

As primeiras peças pontagrossenses surgiram pouco antes da virada do milênio. Em 2002, o total de artesãs em palha em Ponta Grossa era formado por 25 mulheres, mas, pela falta de incentivo e dificuldades de coleta de matéria prima e confecção dos produtos, hoje o grupo é formado por apenas três artesãs: Vanderli Santos, Odete de Paula e Maria Eugênia Zuraski. Na Casa do Artesão, localizada na praça Barão do Rio Branco, elas produzem manualmente o artesanato em palha às terças e quintas, em volta de uma mesa repleta de materiais e ferramentas. 

 

IMG 1302

Foto: Maria Luiza Pontaldi

 

Maria Eugênia destaca que a valorização do artesanato em palha costuma ser maior de habitantes que não moram em Ponta Grossa. “As pessoas de fora dão mais valor ao nosso trabalho do que as pessoas da cidade”. Vanderli Santos completa: “Por que não levar um artesanato? Geralmente levam um souvenir ou alguma lembrança de outra loja, mas poderia expandir o artesanato, fazendo um produto regional ser conhecido longe daqui. Acho que até o próprio artesão deveria valorizar o trabalho do outro artesão. Deixar de lado o ‘eu sei, eu sou, eu faço’”.

 

O artesanato em palha é um trabalho demorado, mas a maior dificuldade é a coleta da palha, seleção feita por elas mesmas, segundo Vanderli. A artesã explica que a queda do número de pessoas trabalhadoras no ramo impacta diretamente no tempo de trabalho. “Quanto menos pessoas trabalham, a produção desacelera cada vez mais. Se tivesse pessoas para fazer a parte mais bruta, da coleta de matéria prima, facilitaria muito. Muitas vezes nós mesmas plantamos, por exemplo as palhas que possuem tingimento natural, que utilizamos em algumas peças”.

 

Por conta da coleta própria da palha não ser suficiente, as artesãs contam que produzem apenas peças pequenas. “Até pela falta de quantidade de palha, não conseguimos produzir peças muito grandes. Trabalhamos mais na área de souvenirs e lembrancinhas de Ponta Grossa”, conta Vanderli. 

Com a salvaguarda do artesanato em palha, as artesãs estão animadas com as futuras atividades que pretendem organizar. “É a valorização do nosso trabalho. E nós queremos que esse artesanato cresça. As pessoas tendo esta noção de que é um trabalho complexo, mas que dá para interagir e aprender, vai valorizar ainda mais”, diz Vanderli. Com o incentivo, uma das ideias é desenvolver atividades com crianças e jovens para criar maior vínculo do ramo com as próximas gerações.

 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Maria Luiza Pontaldi e Vinicius Sampaio

Edição e Publicação: Amanda Martins e Carlos Solek

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Maurício Liesen