Aliel Machado teve, oficialmente, a campanha mais cara entre os deputados eleitos de Ponta Grossa, Marcelo Rangel a mais barata
Os valores gastos na campanha eleitoral de 2022 dos quatro deputados eleitos de Ponta Grossa somam quase 3,9 milhões de reais, segundo dados declarados pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aliel Machado (PV), que conquistou o terceiro mandato de deputado federal, gastou R$ 2,5 milhões em sua campanha, enquanto Sandro Alex (PSD), eleito para o mesmo cargo, declarou despesas de R$ 579 mil.
A campanha de Aliel Machado foi a segunda mais cara entre os deputados federais eleitos do Paraná, custando R$ 26,38 por eleitor. Tião Medeiros (PP), ocupou a primeira posição, gastando 282 mil reais a mais. No entanto, o custo de cada voto obtido por Aliel supera o do candidato do Progressistas.
Entre os deputados estaduais eleitos de Ponta Grossa, a campanha mais cara foi da candidata reeleita Mabel Canto (PSDB), cujas despesas contratadas somam 625 mil reais, valor três vezes maior do que o gasto por Marcelo Rangel (PSD). Cada voto obtido por Mabel custou R$ 8,90, contra 4 reais por eleitor do ex-prefeito do município.
Jocelito Canto (PSDB), domiciliado em Ponta Grossa, foi o candidato mais votado para deputado federal no município. A campanha do apresentador custou 417 mil reais e cada voto representou R$ 5,60. Contudo, ele teve a candidatura indeferida pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa. O ex-governador Beto Richa, segundo mais votado do PSDB, assumiu o pleito.
De acordo com a cientista política Karolina Mattos Roeder, há uma alta correlação entre gastos de campanha e sucesso eleitoral. “O dinheiro é muito importante na organização de um partido e de uma eleição, possibilitando toda a estrutura de campanha, que inclui, por exemplo, viagens e a criação de materiais para o candidato”, segundo ela, quanto mais recursos investidos, maior a probabilidade de ser eleito.
Sandro Alex, Aliel Machado, Mabel Canto e Marcelo Rangel. Créditos: Divulgação/PSD, Reprodução/Instagram, Reprodução/Instagram e Divulgação/ALEP
De onde veio o dinheiro?
Aliel Machado, Sandro Alex e Mabel Canto tiveram a campanha financiada majoritariamente por meio de doações da direção nacional ou estadual de seus respectivos partidos. Marcelo Rangel, por outro lado, teve a maior parte dos recursos de campanha doados pelo empresário Junior Durski, dono do grupo de restaurantes Madero.
Durski foi também a pessoa física que mais doou para Sandro Alex. Com patrimônio estimado em R$ 1,7 bilhão, o empresário desembolsou 130 mil reais para financiar a campanha dos irmãos. Entre os doadores de Aliel Machado, destaca-se o empresário e vice-reitor da Unicesumar, Wilson de Matos Silva Filho, que foi candidato derrotado a suplente de senador na chapa de Álvaro Dias (Podemos). Ele doou 50 mil reais para a campanha de Aliel.
Karolina explica que a doação para campanhas eleitorais é uma forma do empresário influenciar e ter uma posição mais privilegiada dentro do legislativo. De acordo com a lei eleitoral, as pessoas físicas podem doar no máximo 10% dos rendimentos brutos declarados à Receita Federal no ano anterior à eleição. Para a cientista política, essa regra gera uma distorção, pois quem ganha mais pode doar mais, o que contraria os princípios democráticos dos votos terem o mesmo valor.
Como o dinheiro foi gasto?
Atividades de militância e mobilização de rua foram responsáveis pela maior concentração de despesas das campanhas de Mabel Canto, Sandro Alex e Marcelo Rangel. Os candidatos gastaram, respectivamente, R$ 414 mil, R$ 280 mil e R$ 42 mil com esses serviços.
Despesas com pessoal, referente a remuneração de todos que fazem parte da estrutura da campanha, foram o maior gasto do deputado Aliel Machado, somando R$ 1,4 milhão. Para Karolina, o elevado custo com pessoal acontece pois atualmente há menos voluntários em eleições, sobretudo em partidos que não têm caráter de massa.
Já Jocelito Canto, candidato indeferido, teve maior despesa com a contratação de serviços advocatícios no valor de R$ 150 mil, para tentar legitimar sua candidatura recorrendo ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR) e ao TSE.
Ficha técnica
Reportagem: João Vítor Pizani
Edição e publicação: Isadora Ricardo
Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Ricardo Tesseroli e Marcelo Bronoski