Baixa vacinação é uma das causas de endemia da doença

Nos anos de 2021 e 2022, Ponta Grossa apresentou aumento significativo no número de casos de meningite. Segundo dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS), no primeiro ano de pandemia da covid-19, 2020, o município registrou 34 casos. Em 2021, o número saltou para 58, um aumento de cerca de 17%.  Em 2022, até o início do mês de dezembro, foram contabilizadas 56 pessoas infectadas pela doença, ou seja, não houve diminuição significativa dos casos até o momento.

No município, não há campanhas de conscientização da população contra a doença. Para a prevenção, são disponibilizadas vacinas que seguem o Calendário do Programa Nacional de Imunização, que protegem contra alguns tipos de meningite bacteriana e viral. De acordo com a enfermeira Stella Godoy, coordenadora do sistema de imunização da FMS, as vacinas estão disponíveis nas unidades de saúde e são exclusivas para crianças a partir dos três e cinco meses e a dose de reforço, para crianças de um ano de idade. Posteriormente, há uma outra dose que é aplicada dos 11 aos 14 anos. 

Ainda segundo Stella Godoy, não houve procura pela vacina da meningite que representasse uma mudança significativa. “A vacina de meningite teve uma procura dos adolescentes um pouco acima do esperado, mas ainda tem cobertura vacinal abaixo do ideal. É preciso que os pais levem seus filhos para vacinar, a fim de que complicações maiores sejam evitadas”, aponta. 

A meningite é uma doença inflamatória que afeta as membranas protetoras da medula espinhal, como explica a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais. Ela apresenta diversas variações causadas por fungos, vírus e bactérias. A transmissão acontece por vias aéreas, através da fala, tosse e espirro. Ela também pode ocorrer através do contato corporal com a pessoa infectada. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça e torcicolo, e se não for tratada com urgência, as sequelas da doença podem ser maiores.

 

MENINGITE USP

Divulgação: Medicina de Emergência / USP

Isabelle Dias, de 35 anos, teve meningite viral aos cinco meses de idade. Ela precisou ser internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, pelo agravamento, perdeu a audição. “Ela havia tomado inúmeros medicamentos e todos injetados na cabeça. Quando ela começou a andar, arrastava as pernas para conseguir se locomover e apenas com fisioterapia conseguiu obter força nos membros inferiores. A audição, até hoje, não foi recuperada, sendo a principal sequela da infecção”, conta Enise do Rosário Dias, mãe de Isabelle.

Já Maria Fernanda Justus dos Santos, de 18 anos, teve meningite meningocócica com 10 meses de idade. Ela não se lembra do tratamento, mas a mãe dela acompanhou o processo. Jocelei Justus dos Santos conta que a filha foi internada, pois além dos sintomas comuns, teve convulsões. “Até os quatro anos foi preciso fazer tratamento pois ela havia ficado com sequelas. Tínhamos medo que ele viesse a falecer, pois algumas crianças que contraíram a doença vinham a óbito”, desabafa. Jocelei aponta que Maria tomou a vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quando bebê e seus familiares que haviam tido contato com a menina também foram medicados. Segundo o Jornal O Globo, partindo dos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, no Brasil foram registrados 707 mortes por meningite até o dia 30 de setembro de 2022.

 

Ficha Técnica: 

Reportagem: Ana Luiza Bertelli Dimbarre

Edição e publicação: Lucas Ribeiro

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky