A partir do novo ano letivo, o curso de letras terá habilitação em libras e a graduação será unificada

O Departamento de Estudos da Linguagem (DEEL) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) recebe a nova turma de Letras Libras no início do ano letivo de 2023, com turmas formadas por ouvintes e surdos. A habilitação, referente à Língua Portuguesa - Libras, oferecerá intérprete para mediar as aulas, em razão dos alunos e professores surdos e dos futuros estudantes ouvintes que ainda não dominam a língua. 

Com o novo curso, a atual graduação em Letras da UEPG, separada nas licenciaturas das línguas espanhol, inglês e francês será unificada. No primeiro ano os estudantes terão o tronco comum (disciplinas de formação pedagógica e formação específica que são comuns às quatro habilitações). No segundo ano acontece a escolha específica da língua, porém, nele e nos demais anos da graduação, as disciplinas que constituem o tronco comum serão realizadas em turmas mistas, independente da língua escolhida para prosseguir o curso. 

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Habilitação em Libras já inicia no ano letivo de 2023 na UEPG. Foto: Sara Dalzotto

De acordo com Rubia Carla da Silva, responsável direta da nova graduação e da disciplina de Libras do DEEL, a junção foi pensada em função da nova legislação, CNE 2/2019, que solicita a reestruturação de carga horária das licenciaturas e curricularização da extensão. A nova norma define também as diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores para a educação básica e institui a base nacional comum para a formação inicial de professores da educação básica. De acordo com Rubia, no vestibular para o ingresso no ano letivo de 2023, quatro alunos surdos foram aprovados para cursar o curso de Letras na UEPG.

Com o início dos estágios no terceiro ano do curso, ouvintes e surdos irão se dividir devido à especificidade linguística de cada um, ou seja, os ouvintes serão encaminhados para o estágio em português e os acadêmicos surdos para o estágio em libras. No quarto ano, onde o estágio normalmente é referente à segunda língua escolhida, o estudante ouvinte de português libras irá realizar o estágio em libras, e o estudante surdo em português. 

Segundo o professor surdo da licenciatura de Letras, Marcelo Elísio Vasicki, a UEPG é um pouco fechada em relação a esses assuntos, e a conquista da habilitação na instituição demonstra muita coisa. “Sem o curso a gente poderia ver a situação cada vez pior, entrar num prejuízo, e a UEPG abrindo as portas para isso, significa que a gente vai crescer e a luta vai continuar com certeza”, afirma Marcelo.

Em relação aos objetivos para o novo curso e a disciplina de libras, o professor Marcelo Vasicki diz que precisamos pensar nos diversos âmbitos, “aprender a lidar com a questão de acessibilidade, da disciplina, continuar lutando pela manutenção de libras dentro da licenciatura, e fortalecê-la dentro do bacharelado”. 

De acordo com a professora colaboradora de libras, Alice Eulália Lima, que também fez parte do projeto de habilitação da graduação, é necessário que exista essa expansão de cursos e formações que difundem cada vez mais a Língua Brasileira de Sinais. A profissional define a exclusão dos surdos por uma barreira comunicacional, que impede que o surdo esteja integrado na sociedade, já que o outro não tem compreensão da sua língua, “por esse motivo é tão importante o que a UEPG está fazendo com essa implantação do curso, para que mais pessoas tenham acesso, mais professores estejam aptos para ensinar a língua de sinais e para que mais surdos sejam alcançados”.

Ficha Técnica:

Reportagem: Sara Dalzotto

Edição e publicação: Lucas Ribeiro

Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky