Com mais de 8 modalidades, projeto de paradesporto não recebe divulgação da Prefeitura

Entre os dias 29 de abril a 1 de maio, 6 atletas nas modalidades de tênis de mesa e basquete compuseram as equipes competitivas de Ponta Grossa nas surdolimpíadas. Inicialmente, a atividade para surdos foi uma ação dos próprios atletas do futsal, que procuraram o diretor de paradesporto, Fabiano Gioppo, para disponibilidade de horário no ginásio. Com a conquista de dois horários na semana, eles começaram a treinar sozinhos, sem apoio de um técnico. Porém, atualmente, os treinos são ministrados por um professor que é remunerado através da bolsa incentivo. O projeto inclui diversas deficiências e possui cerca de 100 paratletas no total, divididos em mais de oito modalidades. 

As atividades acontecem no Ginásio Da Pessoa Com Deficiência (Ginásio Jamal Farjallah Bazzi). A divulgação das atividades e informações sobre locais de treino, grade de horários e as particularidades de cada modalidade é realizada em parceria com o Núcleo Regional de Educação através das escolas municipais, estaduais e particulares. Porém,   a iniciativa não tem apoio para disseminar a informação ao público adulto.

De acordo com um dos responsáveis do projeto, Luiz Gustavo, o apoio por parte da Secretaria de Esportes existe. Entretanto, a prefeitura deixa a desejar, fato que dificulta na transmissão de informação sobre as atividades. “Hoje eu vejo um tipo de preconceito da prefeitura em não ver esse público alvo, eles não nos dão apoio na divulgação, algo que, se tivéssemos, ajudaria a alcançar o público adulto que não está nas escolas”, expressa.

De acordo com o professor de educação física e integrante do Departamento de Paradesporto, Fernando Ribas,  a divulgação das modalidades paradesportivas é  uma dificuldade. Ele conta que mesmo com diversas atividades acontecendo, a divulgação é sustentada apenas pela organização em encontrar esses atletas. “Se você ver o Instagram da Secretaria de Esporte, por exemplo, o esporte convencional já tem uma estrutura.  O paradesporto por ser algo novo não tem muita visão. Sem apoio de parcerias e contatos , é difícil conseguir uma estimativa, portanto, é complicado  chegar a essas pessoas”, explica Fernando.

O professor também comenta que a  procura acontece principalmente por entidades que trabalham com deficientes. Através destas informações, são firmadas parcerias com as instituições que necessitam de treinos no local.

Há oito meses envolvido com o projeto, Igor Rafael de Andrade é deficiente físico e técnico das modalidades para surdos, cadeirantes, autistas e deficientes intelectuais. O técnico admite estar lidando com um processo de adaptação. Para ele, os treinos  precisam ser realizados de maneira separada devido às especificidades de cada um, conseguindo assim, gerenciar cada treino na melhor qualidade possível. Além disso, Igor busca reforçar aos atletas que o importante não é somente a vitória, mas também socializar com outras pessoas e aproveitar a competição. 

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Foto: Sara Dalzotto

Como funcionam os treinos?

Segundo o diretor de esportes do Departamento de Paradesporto, Fabiano Gioppo, o cuidado na construção e elaboração de cada treino é um detalhe importante, pois  cada deficiência tem sua particularidade e necessita de atenção  especial. Por esse motivo, o departamento oferece cursos para capacitação dos professores que gerenciam os treinos. 

Para o técnico Igor Rafael de Andrade, a maior dificuldade nos esportes para surdos é a comunicação em libras  nos momentos de explicação. Porém, Igor  considera que os atletas apresentam progressos, tanto na execução dos fundamentos quanto no entendimento das regras.

 

Atleta

O atleta surdo, Rubens Fernando dos Santos  pratica basquete há aproximadamente um ano. Antes da competição, ele contou à equipe de reportagem que estava animado para competir e que tinha o desejo   de mostrar que sabe jogar,  além de estar com grandes expectativas sobre a conquista de medalhas ao lado da equipe na surdolimpíada.. Para ele, a competição serve como incentivo e motivação para os próximos jogos, além de deixar o time feliz.

Em relação ao projeto, Rubens conta que gosta de participar. Ele considera que os treinos são de ótima qualidade, pois, os fundamentos e práticas ajudam a aperfeiçoar o conhecimento de cada atleta. Além de ser uma oportunidade para a prática esportiva entre o grupo. 

 

Surdolimpíada do Paraná

A Surdolimpíada do Paraná é um evento a nível estadual, que idealiza uma versão de Jogos Olímpicos voltados aos atletas surdos. Através da Surdolimpíada, é possível incentivar e aperfeiçoar a prática esportiva entre os atletas que estão registrados na Federação Desportiva de Surdos do Paraná. A Primeira edição aconteceu em Londrina entre os dias 29 de abril a 1 de maio e abrangeu quatro modalidades, sendo elas Xadrez, Tênis de Mesa, Basquete 3x3 e Volêi de Praia. O evento contou com a participação de 36 cidades que possuem o incentivo da Secretaria de Esportes do Paraná, através  do Programa Estadual de Incentivo e Fomento ao Esporte (Proesporte/PR) e conta com o  apoio da Fundação de Esporte de Londrina (FEL) e Associação dos Surdos de Londrina (ASL). 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Sara Dalzotto

Edição: Camila Souza, Kauan Ribeiro e Larissa Del Pozo

Publicação: Larissa Del Pozo

Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos

Supervisão de publicação:  Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos